SÉTIMO CAPÍTULO

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ELE

Eu não sabia dizer o que era aquela atração que estava sentindo por aquela doce mulher. Eu nunca havia sentido nada igual. Ela tinha uma voz meiga e gestos delicados que condiziam com sua beleza angelical. Parecia frágil, parecendo precisar de proteção e isso me fez querer a proteger. Mas ao mesmo tempo eu conseguia ver uma força interior dentro dela, que em minha opinião, era contraditório.
Depois de deixá-la em seu apartamento, ainda fiquei algum tempo em frente do prédio, tentando de alguma forma decifrar o que estava sentindo e ao mesmo tempo, me veio à mente o caso em que estou trabalhando. Sei que não tem nenhuma relação, mas ela me fez pensar o que um homem seria capaz de fazer por uma mulher, principalmente, eu acho, uma com aparência frágil, doce e articulada, e com uma mente muito inteligente para chegar a um ponto de tomar a mente de um homem.
Eu precisava voltar para casa e dormir um pouco, tinha que acordar cedo e voltar a trabalhar. Mas não sei se conseguirei dormir com tantas coisas na cabeça. O caso dos assassinatos não solucionado, a sacanagem da Cláudia e agora... não conseguia parar de pensar na doce Nathalia.
Liguei o carro e engatei a marcha e tive um sobressalto ao ouvir um grito de pavor. Parei e desliguei o motor do carro tentando identificar de onde poderia ter vindo, o instinto de policial falando mais alto. Olhei para fora do carro e nada, um silêncio absoluto. Olhei para o prédio, onde a Nathalia havia entrado e percebi que o porteiro não estava onde deveria. Estranho, pois não parece um prédio qualquer em que o porteiro não permanece em seu posto. Observei os espelhos retrovisores e vi que a rua continuava calma e vazia.
Liguei novamente o carro e saí a caminho de minha casa.
Eu estava cansado, mais por me sentir fora de meu ambiente, em meio a pessoas cheia de dinheiro e status, do que por outro motivo qualquer.
Minha mente vagava, indo e vindo e nem percebi que já estava na entrada de minha casa, e para meu desgosto, havia um carro parado lá. O que ela faz aqui á essas horas? Droga! Preciso me livrar disso, e será agora mesmo.
Saio do carro e bato a porta com força. Caminho a passos firmes até o carro dela, e pelo vidro da janela consigo vê-la dormindo dentro do carro e me pergunto por que diabos ela estaria aqui e dormindo dentro do carro?
Mas não desisto de acabar logo com isso e bato com um pouco de excesso de força a fazendo levar um susto. Ela olha com cara surpresa e baixa o vidro do carro. E antes que ela comece, vou logo falando.
─ O que você faz aqui, Claudia?
─ Eu precisava muito falar com você... Vi que não estava e resolvi esperar, mas você demorou e eu...
─ Eu não tenho mais o que falar com você. Eu disse que era sexo casual se não interferisse no trabalho profissional que ainda temos que fazer juntos. Sem contar que isso foi antes de descobrir que você mentiu para mim e enganou o Will!
─ Eu não menti, só omiti e não prometi casar com ele!
─ Não vou discutir com você. Vá embora.
─ Mas quero conversar com você, precisa me ouvir.
─ Não vou repetir! ─ digo e saio andando sem olhar para traz e entro em casa trancando a porta.
Vou direto para o meu quarto, tiro toda a roupa e entro no meu banheiro ligando o chuveiro no quente e me enfio em baixo.
Tento esvaziar a minha mente e a única coisa que resta, é o rosto da Nathalia.
Depois do banho, estou pronto para dormir e tento esfriar a cabeça, pois se não tiver alternativa, terei de ter uma conversa séria com o Will. Mas não sem avisar a Cláudia uma ultima vez.
Procuro o frasco de comprimidos para dormir que tenho guardado para quando algum caso me consome o sono, e tomo um. Preciso me concentrar no caso e para isso preciso de uma boa noite de sono, sem problemas a me rondar.
Tenho que parar de pensar com o pau, isso ainda vai acabar comigo.

A Colecionadora de coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora