Capítulo 2: Cidade Dos Anjos...

26 6 0
                                    

Meu queixo caiu, não sabia como reagir com aquelas pequenas palavras mas de grande significado, agora tudo a minha volta tornou-se algo esplêndido. Nunca imaginaria que estaria neste local, ou perto o suficiente, apesar de eu ter tentado me afogado, ou melhor, raptada. Observo as pessoas ao meu redor, com um olhar que pedia que alguém me explicasse o que eu queria, quer dizer, buscava.

- Melhor deixar você descansando mais um pouco - Disse a senhora dando-me um leve sorriso.

- Isto! - Disse Izz dando pulinhos de alegria - Vamos comer aquele bolo delicioso que eu não paro de pensar.

Olhei de relance para Boe que estava ao lado dela com uma cara feia, fazendo-a perder o sorriso de repente. Acho graça da careta que o garoto de olhos verdes faz, enquanto a mãe dele estava encostada na parede assistindo tudo sem dar a mínima expressão de arrependimento de ter trazido a Izz. Ela era uma verdadeira rainha, sempre em postura de nobreza. Boe tinha uma rainha ao seu lado, e ele era o príncipe de ferro, que nunca cai.

- Certo, vamos? - Fala a senhora.

- Vamos!!! Upi!!! -Disse Izz.

Boe voltou seu olhar para mim, e eu lhe dei um sorriso de agradecimento, ele piscou dando a entender " Bom te ver".

Assim que ele se virou, a Izz veio até mim e me abraçou. Logo em seguida eles saíram, deixando somente eu e o menino de olhos verdes. Assim que a porta se fechou, ele soltou o ar que eu nem havia prestado atenção que estava perdendo.

- Como é bom respirar - Sussurrou fechando os olhos levemente.

Fico observando ele se mover com destreza e sabedoria, pensando exatamente o que ele iria dizer e a onde pisaria. Ele veio até ao meu lado da cama e indicou com o queixo ela, dei um sinal com a cabeça e o mesmo em instantes se desmoronou.

- Bem, acho que tenho tantas coisas para te dizer.

- Imagino - Digo sentando-me na cama, tentando manter a ansiedade de lado.

- Faz tempo que não nos víamos.

Fiz um sinal com a cabeça concordando.

- Então. Não sei por onde começar.

- Que tal do início? - Pergunto dando um pequeno sorriso

Ele faz um gesto com a cabeça concordando com a proposta.

- Quando minha mãe falou que iríamos ao enterro de um amigo dela, eu não imaginava que era seu pai, mas quando chegamos ao cemitério e eu te vi, minha mãe mandou eu nunca me esquecer de você e sempre te ajudar de qualquer forma. Eu te ajudei, mas não sei se você notou, mas... 

- Mas?

- Mas ai as coisas foram ficando piores com o tempo, eu tentava te ajudar, só que você impedia.

- Como? Eu não te via - Digo confusa.

- Não Seline, eu não me mostrava, eu falava com você - Diz ele olhando para suas mãos.

- A onde você falava comigo? Na escola?

- Não Seline, eu falava - Ele apontou para minha cabeça.

" Aqui " 

Escutei a voz dele na minha mente, fazendo-me recuar para trás. Olhei para todos os lados buscando uma saída rápida.

- Eu não vou te machucar.

- Então era...você?

- As vezes sim, as vezes não - Diz o rapaz - Mas a maioria das vezes sim.

- Como assim? 

- As vezes eu falava com você, mas outras pessoas também podem falar com você Seline.

- Como o meu...

- Seu?

- Nada - Digo concentrando-me para esquecer meu...

O silêncio surge entre nos.

- Qual é o seu nome? -Pergunto quebrando o silêncio entre nos dois.

- É Gregori - Diz ele com a cabeça baixa.

Pego seu queixo fazendo-o olhar para mim.

- É bom te ver Gregori.

- Digo o mesmo Seline.

Dou um abraço nele, a única lembrança que tinha dele era no enterro do meu pai, e agora ele está grande. Com um sorriso lindo no rosto...

" Will!"

- Aonde está o Will? - Pergunto me afastando dele.

- Quem é Will? 

Dou uma risada de timidez para ele, não gosto de falar muito das minhas "amizades".

- O rapaz que me tocou quando eu estava com os olhos fechados.

Ele volta seu olhar para sua mão e suspira.

- Quem te tocou fui eu Seline, nenhum Will veio aqui, quem te acordou...foi eu.

Olho para ele se entender o que estava acontecendo, eu jurei que o Will tinha me tocado, pois ele é o único que provoca choques pelo meu corpo, e ele falou comigo, eu sei que foi ele.

- Mas... Como? - Pergunto incrédula.

- Eu também não sei, mas acho que você vai querer descobrir.

- Acho que sim... Não tenho certeza, é muita coisa para um dia só - Digo confusa.

- Isto não é nem a metade - Disse ele quase que como um sussurro.

Volto meu olhar ao quarto, era branco que possuía quadros com a foto do Gregori e uma bebezinha no colo, tinha várias fotos deles juntos em lugares lindos.

- Quem é ela? - Pergunto apontando para a menininha no colo dele em uma das fotos.

- Minha irmã - Diz ele olhando para o quadro enquanto ria.

- E aonde ela está?

Ele olha pra mim com um pequeno sorriso no rosto e lindo brilho nos olhos.

- Em todo lugar.

Fico quieta por algum tempo olhando para as fotos deles juntos, mas uma em especial chamou minha atenção, uma em que eles estavam em um jardim enorme e no centro dela um pé de Chorão, algumas pessoas diriam que é uma foto qualquer, mas aquela foto mexeu comigo em todos os sentidos, algo me dizia que eu conhecia ela.

- Vem, vou te apresentar para minha mãe, aposto que ela quer te conhecer - Diz ele sorrindo para mim.

- Não quanto eu - Digo sorrindo para ele de relance.

 Volto meu olhar novamente para a foto pensando da onde eu conhecia aquela garotinha que me era tão familiar. 

- Não se preocupe Seline - Diz Gregori colocando sua mão sobre a minha - Ela não vai te machucar.

- Eu sei que não só que...

- O que foi?

- Aqui é mesmo a cidade dos anjos? Como vim parar aqui? Como entrei aqui?

- Estas são perguntas que eu não posso te responder; apesar de que gostaria muito, mais cabe a minha mãe falar.

Continua...

Destino... Ou Morte (2)Onde histórias criam vida. Descubra agora