Martin
Esta noite eu tinha escolhido um bar nos arredores de Inglaterra. Como eu dissera a Anne, havia coisas muito saborosas nesta cidade.
Eu estava sentado ao balcão a beber um copo de whisky que não me sabia a nada. De facto, desde que eu fora transformado nisto que nada tinha sabor para mim. Exceto, é claro, o sangue!
A coisa que eu mais odiava na parte de escolher a minha presa era os pensamentos. Eu ouvia-os, os pensamentos de todos. Era horrível!
Hoje havia todo o tipo de pensamentos. Alguns homens escolhiam a megera que iam usar naquele noite, outros pensavam em como iam fazer batota nas cartas, algumas mulheres tentavam descobrir qual o homem mais rico para conquistar...
Porém naquela noite foi uma mulher que estava sentada numa mesa não muito longe do balcão que chamou a minha atenção. Os seus pensamentos eram diferentes, ela pensava na forma menos dolorosa de se matar. Era uma bela mulher. Ainda devia ser jovem, tinha cabelos castanhos escuros encaracolados, mas não tanto como os de Anne. Tinha a pele clara e uns lindos olhos verdes.
Bem, ao contrário do que toda a gente possa pensar, eu não sou completamente insensível com as minhas vítimas. Apesar de todos os anos que tenho de existência, tirar uma vida deixava sempre uma marca. Por essa razão eu tentava sempre escolher alguém que não fizesse muita falta ou que não gostasse da sua vida, como era hoje o caso. Na verdade, a minha última vítima tinha sido um violador. Com esse eu fiz um fazer à humanidade.
Pedi mais um whisky ao barman, peguei no colo e dirigi-me para a mesa da mulher.
- Posso sentar-me? - Perguntei.
A mulher olhou para mim desconfiada. O que é que este quer?, não pude evitar ouvir o seu pensamento.
- Claro. - Respondeu ela. Apesar de ela querer dizer que não, a sua educação mandou-a dizer que sim. Era óbvio que era de uma família rica.
- Então, - comecei eu tentando meter conversa. - O que é que uma senhora tão bonita como você faz por aqui?
- Tento aliviar a minha cabeça. - Disse ela olhando para o copo de vinho que tinha na sua frente.
- Vida difícil? - Perguntei.
- Casamento difícil. - Respondeu ela. - Talvez não devesse dizer isto a um estranho, mas eu vou ter de casar com um ser repugnante.
- Ele assim tão mau?
- Pior do que mau. - Disse ela.
Provavelmente, o seu casamento tinha sido arranjado, ou seja, os pais combinaram o seu casamento e só agora é que ela sabia que ia casar com um homem que, aparentemente, não amava.
- Eu sou o Martin. - Disse. - Como se chama?
- Laurel. - Respondeu ela mexendo nos caracóis com as pontas dos dedos.
- Não amas o teu noivo, Laurel? - Inquiri bebendo um gole do meu copo.
- Posso contar-lhe um segredo? - Perguntou-me ela.
- Claro. O que é?
- Eu não gosto de homens. O meu pai descobriu e mandou matar a minha amada. - Contou ela.
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A Rainha do Drácula (Imortais #1)
FantasíaNo nosso mundo existe luz e escuridão. E entre a luz e a escuridão existe uma linha muito tênue. Qualquer erro pode mudar a tua vida para sempre... Anne era apenas uma garota desesperada que queria salvar a sua mãe quando tentou pedir ajuda ao própr...