Capítulo 26 - Death's Slave

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Anne

Por mais que eu me tentasse sentir culpada por me ter alimentado daquela pobre mulher, eu não conseguia deixar de sentir o prazer que isso me dera.

Sentia o meu corpo forte outra vez.

Sentia-me viva.

Limpei o sangue que tinha nas mãos ao meu vestido e empurrei o corpo da mulher para longe de mim. Sentei-me e recostei-me na parede tentando assimilar tudo o que tinha acontecido.

Dracus tinha-me raptado e transformado numa vampira. Eu tinha acabado de beber o sangue de uma pessoa, continuava presa numa cabana sem qualquer saída e ainda estava acorrentada pelo tornozelo.

Sim. Acho que isto resumia bem a minha situação.

Vampira. Eu.

Não sabia bem o que sentir em relação a isso. Eu teria de matar pessoas pelo seu sangue. Há uns segundos atrás isso seria impensável para mim, mas neste momento, só de pensar no prazer que o sangue da mulher me dera, dava-me vontade de matar alguém e repetir a experiência.

Aparentemente a transformação não me tinha atingido apenas fisicamente. Eu estava diferente psicologicamente também. Acho que era isso que tornava os vampiros em monstros, estas ideias que nos faziam agir. Um vampiro precisa de sangue, e não olha a meios nem a fins para o conseguir.

Sempre me perguntei como é que os vampiros viviam consigo mesmos, como é que Martin conseguia viver a sua vida sabendo que para isso precisava de matar outras pessoas. Agora percebia. Eu sentia remorsos pelo facto de ter bebido o sangue daquela mulher, mas eram remorsos diferentes do que eu sentiria se fosse humana. Disso eu tinha a certeza.

E isso assustou-me.

Iria eu conseguir viver comigo própria sabendo que não dava o devido valor à vida das outras pessoas?

Parece que iria ter de descobrir.

Suspirei e olhei em redor evitando olhar na direção do corpo da mulher que jazia no chão.

Não muito longe de mim estava algo caído no soalho da cabana. Parecia ser um vestido. Tentei levantar-me, mas a corrente puxou-me para baixo. Tinha de fazer algo em relação a isso.

Puxei o meu pé para perto de mim e examinei a corrente que me prendia o pé. Era preciso uma chave para a abrir. Era escusado dizer que eu não tinha a chave. Agarrei na corrente e puxei.

A corrente partiu-se libertando-me o tornozelo.

Olhei pasmada para o que acabara de acontecer.

Então era assim que funcionava a minha força agora. Claramente eu não tinha noção do quão forte eu era agora. Tinha de ter isso em atenção ou ainda ia fazer alguma asneira.

Agradeci a esta força sobrenatural e levantei-me do chão aproximando-me do que estava caído nele. Apanhei o tecido preto e constatei que era uma capa e não um vestido. Coloquei-a à volta dos meus ombros. Cobria-me da cabeça aos pés e agradeci esse facto, pois o meu vestido estava ensopado em sangue.

Meti as mãos nos bolsos da capa e um deles tinha algo metálico lá dentro. Tirei o objeto para fora para o poder ver. Era um anel, um anel sofisticado com uma pedra oval vermelha incrustada.

Era lindo.

Apesar da situação em que me encontrava, ainda podia ver que era um bonito anel.

Coloquei-o no dedo e olhei para a minha mão. Ficava-me bem.

A Rainha do Drácula (Imortais #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora