Love Love Love

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ANTES

­— Você acha que eles vão se separar? — Pergunta Kate, me encarando. Seus olhos brilham, mas não de alegria, como normalmente. Há um brilho doloroso neles causado pelas lágrimas que insistem em cair. Ela limpa o rosto rapidamente, sinto sua dor.

— Kate. — Chamo, pegando em suas mãos finas. Ela se recusa a me encarar, Kate detesta chorar, principalmente na frente de outros. — Kate. — Insisto, puxando seu rosto para o meu. Ela cede, mas não me olha nos olhos. — Não acha que seria melhor assim?

— Brad? — Ela diz, assustada.

— Tantas brigas, tantos problemas. — Me explico, de antemão: — Não percebe o mal que isso faz? Pra você, para os seus irmãos.

— Eles não podem se separar. São um casal! — Diz ela, com falha explicação. — Estão juntos a dezessete anos, não podem se separar agora. — Ela diz alto, cobrindo um pouco dos gritos e berros da briga que vem de dentro. Por um tempo não tenho o que dizer, Kate é invencível, não há quem consiga convencê-la de algo. Nunca.

— Kate... — Vou em sua direção, enquanto ela fica ainda mais arrasada. Passo meus braços ao redor de seu corpo, abraçando-a fortemente. Kate deita a cabeça em meu ombro enquanto não consegue conter suas lágrimas. — Não quer ir pra minha casa? Até tudo ficar bem?

— A gente pode? — Pergunta, se afastando e secando o rosto. Eu assinto e me ergo, estendendo a mão para que ela faça o mesmo.

— Sabe... — Ela começa, caminhando ao meu lado. — Você tem razão.

— Sobre o que? — Pergunto, observando-a. Kate mal me encara, mas ainda sim consigo ver seu rosto sendo molhado novamente. Sua voz embargada a denuncia.

— Talvez eles devam mesmo se separar... — Continua, erguendo o rosto para o céu e suspirando alto. O vento forte balança seus cachos e os tira da frente do rosto. — Eles andam brigando mais que o normal e por motivos tolos. Uma tevê ligada, uma louça sem lavar... Isso está... — Ela me olha profundamente e sorri fraco, sei que não é um sorriso sincero e por isso me nego a retrucar-lhe com outro. — Me matando. Matando a Kanye, a Kyle. Eu não aguento mais, Brad.

— Eu sei, Kate. — Digo, acariciando brevemente seus cabelos. — Sei que é difícil, mas você não pode se deixar abater por isso. Tem tantas coisas pra correr atrás agora. — Digo e cutuco sua cintura, vendo seu sorriso de reconhecimento aparecer. — Faculdade e garotos, não é?

— Eu ainda não disse nada pra eles. — Ela resmunga, se afastando. Penso que ela sabe minha próxima reação e se afasta por temer. Eu fico bravo, irritado. Temos tantos planos para nossa ida à Cambridge, mas Kate ainda tem medo do que os pais diriam caso soubessem que ela não vai ajudar na loja e que vai para faculdade, que foi gloriosamente aceita e é alegremente esperada.

— Por que não? — Pergunto, bufando alto.

— Poxa, Brad! — Ela repete minha ação e solta um riso baixo, que me frustra mais ainda. — Eu estou me preparando.

— Kate. — Paro e ela percebe, fazendo o mesmo. Me aproximo, pegando suas mãos. Ela corta o sorriso e me olha profundamente. — Está em suas mãos, Kate. Não pode deixar seus sonhos para trás. São SEUS sonhos. — Digo e posso ver e sentir que minhas palavras causam algo nela. — A gente chegou até o último ano, nós lutamos pra conseguir um sim da faculdade, fizemos planos... Poxa! Até nossa casa nós escolhemos, Kate. Não pode desistir disso agora, cachinhos de sangue, não quando já estamos aqui!

— Não é tão simples como você faz parecer, Brad, e você sabe disso! — Ela me responde, sempre procurando explicações para seus absurdos.

Ouvi um ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora