Milk and Cookies

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"Do you like my cookies? They're made just for you. A little bit of sugar but lots of poison too. Ashes, ashes, time to go down. Ooh, honey, do you want me now?"
—Melanie Martinez

•••

Emma estava de pé, com o véu preto cobrindo parte de seu rosto. Suas mãos seguravam uma única flor branca, sua última homenagem para ele, assim pensavam. Devan envolvia seus ombros com o braço.

Mais à frente os pais de Andrew choravam silenciosamente. Porque o nosso filho fez isso, deve ser o pensamento deles.

Ela olha para seus antigos sogros e suspira. Eles nem desconfiam. Fazendo a melhor cara de triste, Emma joga a flor em cima do caixão e se afasta com Devan ao seu lado.

•••

2 dias antes...


"Emma..."

— Olá querido — diz ela revirando os olhos, grata pela conversa ser por telefone. Ao longo de três terríveis meses até olhar para os olhos verdes de Andrew, esses mesmos olhos que ela tanto amava, se tornou quase impossível.

"Emma, porque está assim? Não estou te entendendo ultimamente."

— Nada... — Ridículo.

"O pastor sentiu sua falta hoje no culto."

— Hum... Só ele?

"Não, as irmãs do coral também."

— Ah... Não estava me sentindo bem... — ela inventa. As irmãs sentiram a minha falta? Sei, elas devem ter adorado vê-lo sozinho, pensa.

"Tem três meses que você não se sente bem, Emma." Andrew diz entediado.

— Olha, Andrew — ela toma coragem e fala —, preciso que você chegue em casa cedo hoje. Está bem?

O suspiro de Andrew indica que está cansado daquilo. Mas Emma não se importa. Ela quer mesmo que ele se irrite.

Afinal, faz três meses que tudo ficou um lixo no casamento deles. Ela descobriu a traição do marido e outras coisas começaram a acontecer.

Ela tinha todo o direito de agir como quisesse. Fora ele que havia quebrado todas as promessas e também as regras da igreja.

Andrew havia colocado piercings na orelha e feito tatuagens pelo corpo em lugares que as roupas impróprias escondiam. Ele trocou o terno pela jaqueta de couro e os sapatos por botas.

"Emma! Você me ouviu?!"

— Uhum...

"Chego em casa às sete..."

E num impulso ela desligou na cara dele. O auto controle que Emma havia adquirido estava quase se esgotando, assim como o tempo de Andrew.

Aquela situação não iria continuar.

Emma amarrou os cabelos longos e pegou um moletom para esconder os hematomas que Andrew fazia nela há algumas semanas ao chegar em casa embriagado. Depois o marido simplesmente fingia não se lembrar de nada.

Ela não havia contado a ninguém, nem da traição ou das agressões, mas as pessoas já estavam desconfiando de que houvesse algo errado.

Emma sabia que não conseguiria aguentar por tanto tempo e resolveu pedir ajuda. E ela encontrou. Ele havia sido sua salvação e sua perdição. E era exatamente quem iria encontrar agora.

Ouvi um ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora