Prólogo

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Nome: Elisa Monique Hansen.

Idade: 19 - 10/70.

Sexo: Feminino.

Cidade Natal: Desconhecida.

Família: Sem registro familiar.

Espécie: Não-Identificada.

Raça: Equivocada.

Cartão de Genótipo (CGO): Não-Registrado.

Cidadão N°: 40066/7

Observações da *Force:

- Estrangeira de origens desconhecidas e sem registro familiar não encontrado nos arquivos.

- Estudos incompletos. Motivos: Não notificado.

- Até dia: 20/07/89, é considerada inofensiva.

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Saí daquela algazarra que sempre acontecia no prédio de registros dos "blues" - apelido fofo que dei para os agentes e policiais da Force. Assim que terminei o relatório que tinha de dar sobre quem eu era, no fim um doutor me notificou que estava com Amnésia.

O caramba. Nunca. Só porque não lembro de uns fragmentos importantes que perdi na memória não significa que não sei quem sou. Apesar de não ter dado o nomes dos meus pais e nem do meu irmão, porque "nomes de Aprimorados, não deve ser dito". Para entenderem melhor:

"Aprimorados" é a forma que se diz quando uma pessoa não está mais em nosso meio, quando ela não está mais presente nesse mundo. E como o Mundo atual está uma completa catástrofe, uma palhaçada sem igual, nós da família Hansen dizemos isso.

Incrível não terem achado meus pais mesmo dizendo meu nome e mostrando meu CGO, pelo meu sobrenome deveriam ter encontrado. Apesar de ter apagado todos os arquivos que poderia obter com um hacker de esquina. Eu apaguei todos os dados dos meus pais, eles nem existem mais no sistema.

Talvez seja porque eu entrei certa vez assim que eles morreram. Como eu entrei? Também quero descobrir, como disse: "pequenos fragmentos", o pior é que são os que mais preciso!

Fui andando pensando nas nuvens em como estavam mais próximas e como eu era uma imbecil por não lembrar de coisas tão incríveis que acabei por fazer.

Até que um sujeito esbarra em mim, me acordando dos meus pensamentos, quando olho pra reclamar acabo por encarar um cara bem mais alto do que eu.

- Desculpe... - acabo dizendo ao invés de xingar, que seria bem mais conveniente.

Porém esse cara estava com um olhar frio e seu rosto sem uma única marca no rosto, como se ele nunca tivesse feito uma expressão. Seria um ser cibernético? Ele entortou a boca e já vi que não.

- Não fique sonhando tanto, alguém pode ver e querer apagá-los... - resmungou.

Deu as costas e seus olhos foram como um borrão esbranquiçados assim que colocou de volta o capuz que deve ter deslizado quando nos batemos.

Fiquei boquiaberta sem ter muito o que falar ou dizer pra aquele cara. Só sei que fiquei sem reação nenhuma. O que me estressou.

Cruzei os braços insatisfeita em ter ouvido um sermão daqueles invés de um pedido de desculpas. Mesmo que a culpa seja minha.

Voltei a caminhar e parei no começo da faixa de pedestres enquanto os carros passavam, o eletrônico começou a tocar uma música assim que o sinal se abriu pra mim e para os outros pedestres. Olhei envolta e caminhei no ritmo dos outros ao meu redor com as mãos para trás, encarando os arranha-céus que realmente pareciam agredir o céu com seu tamanho.

Natureza Sombria: HansenOnde histórias criam vida. Descubra agora