Foi como um sonho que virou pesadelo para mim, tudo estava dando certo as coisas da minha vida quando escuto essa palavra: "Desertora", maldito seja a hora que o ser humano deu esse apelido de merda e clichê!
Enfim, agora que já acabei com a minha raiva, o medo ganhou a chance de aparecer dentro de minha cabeça fazendo ter pequenos ataques cardíacos, um olhar daquele cara sinto que minha cabeça vai ser decepada! Fico até segurando o ZSlave para que me sinta mais segura. ZSlave é o nome do colar que esse cara pôs ao redor do meu pescoço.
Ao ser posto, perfura com uma agulha até a medula espinhal da nuca, mexendo nos meus nervos espinhais e cerebrais, soltando um líquido que muda como eu enxergo, como ando e, claramente, como eu obedeço. Naturalmente, é um dispositivo humano que faz com que torne escravo outro humano e, caramba, posso só obedecer á uma pessoa. Uma única pessoa eu estou presa, não é a esse cara pelo que vi e nem o tal de "Aron", talvez eles não tenham configurado ainda o sistema desse colar.
Somente um grupo possui esse tipo de tecnologia e que vende por zilhões de frenesis no Mercado Negro, os Die Solis. É uma mistura de americanos com italianos, sem falar que existe russos nessa grande "família". O que é verdade, as únicas pessoas diferentes no Die Solis são os encalhados, os escravos (eu, por exemplo), os admiradores e amigos "mais chegados do que irmãos" (que são considerados parte da família, mas não pertencem á ela).
Escravos são escravos, mas diferente dos nossos antepassados foi proibido, no Die Solis, um escravo ter relacionamento com seu patrão/patroa. É um ato desonroso para a família e qualquer um que fizer isso seria expulso dela. Eles, por terem uma honra muito grande que até desconheço, acatam as regras e leis como sua vida! E se um deles tiver um filho que não tenha 100% do sangue "Solis", digamos que essa criança é vem para a família, mas sofre maus tratos até mesmo dos escravos!
Sei de tudo isso graças ao meu tempo que fiquei dedicando minha vida naquele bar com um dono miserável, playboy e que tem um armazém com montes de merda onde ele chama de "cabeça". Cara, como ele ousou me trair assim?! Não digo pelo Ruan, aquele velho queria minha cabeça numa bandeja! Digo pelo Mal...
Ele é do mal mesmo, quem diria?
"Sempre julgue um livro pela capa", esse ditado fica bom nessa situação.
O caminhão balançava enquanto passávamos por alguns buracos, a humanidade avançou muito! Mas assim que a natureza se foi, a poluição podia continuar a mesma que agora já não fria tanta diferença. Entretanto conseguiram fazer uma grama artificial, boa o suficiente para até animais comerem. Mas vai ser só permitida em fábricas, não para uso em domicílio, apesar de que não tenho mais nada.
Como deveria estar Zyder? Com certeza pode muito bem estar me esperando. Espero que Will cuide dele daqui pra frente, senão ele...
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto erguia meu corpo todo dolorido, a costela ainda estava fraturada o pior seria se inflamasse, então me ferraria. Porque, a forma que tratam seus escravos, é a mesma coisa que lixo.
A Família Solis tem um grande arsenal de armas, órgãos, frenesis e outros tipos de moedas, vários tipos de androides e máquinas que só se vê em filmes de ficção científica. Mas tudo eles trocam por confiança, alianças e dentre outras coisas que a máfia faz pra conquistar um cliente.
Só falta oferecer cookies.
Diferente de outras pessoas. Eu me recupero rápido, então o sangue parou de escorrer da minha nuca, da mesma forma que ele foi suficientemente drenado pelo ZSlave (Zumbi Escravo - vejam só se tem alguma criatividade?)
Me recostei como uma pessoa ferrada na vida encarando a outra parte de titânio feita do caminhão, a única coisa que brilhava naquele lugar era o colar de escravo. Passei a mão nos meus fios de cabelo, respirando fundo e exalando com som e alto. Não era pra chamar a atenção deles, e sim para ver se minha costela volte para o lugar. Não me perguntem como faço isso que não tenho ideia...
Respirei mais fundo á ponto de ver estrelas, até que um estralo se fez e senti a dor que era quando minhas partes voltam ao seu lugar. Agora é só por gelo na área e descansar, espero que caminho seja longo para que eu consiga chorar bastante a perda da minha vida como uma pessoa normal.
- Um dia o Rei pediu uma criança para ser teu herdeiro, todos foram ao encontro do pedido. Suspirou, indagou, murmurou e se preocupou. Oh, o rei te espera jovem. Oh, venha logo para os teus braços e crie esse belo laço...
Cantei uma música tão antiga. Tão frágil e cheia de lembranças, mas na língua nativa. Eu sou tenho linhagem nórdica com o búlgaro, então imagina a língua que saiu desses dois povos? Formando uma língua só? Não sei como se uniram ou como tudo aconteceu, mas sei que veio de uma mistura como essa...
Realmente eu me escuto e sinto como se uma melodia saísse toda vez que dizia algo.
- Unindo nossas mentes, quem nos impedirá? Quem nos quebrará? Ninguém! Por que? Porque a aliança vai nos favorecer e vamos crescer! Um grande número, vais ter...
Parei com a melodia assim que o carro parou, minhas mãos tremeram com o medo e a ansiedade em saber em como tudo iria se desenrolar.
A porta é aberta e Aron tampa o nariz, com certeza que após ter tomado um banho com seu próprio sangue estaria com cheiro de defunto, me arrastei para a ponta do caminhão, como esperado eles me ajudaram á descer, minhas costas ainda tinha sangue seco e minha roupa estava suja como se tivesse "vindo e descido" em toda minha calça.
Um fato sobre desertores: As mulheres tem certos problemas no útero, então elas param com essa "vinda" aos 15. Mas ainda podemos engravidar.
- Chefe? - começou Aron olhando pro seu superior. - Não devemos dar um banho nela?
- Não, deixe isso com o dono dela. Somos apenas entregadores da família Solis... - comentou e me deu um bom alívio, porque teria que matar alguém pra que não toquem meu corpo.
- Que ótimo... - falei baixo, minha voz estava rouca e pouca vida.
Ambos olharam para mim e vi que mantiveram uma distância boa, sorri de malgrado. Meus braços balançavam moles enquanto tentava ficar reta ao encarar os dois, estava literalmente me movendo como um morto-vivo já que todo aquele sangue foi perdido e manchou minhas roupas, as melhores que já tive numa vida.
- "Ótimo" o quê louca?! - perguntou Aron, por algum motivo ouvi sua voz passar um tremor em suas vibrações, "medo"?
- "Ótimo", "perfeito", "bom", são palavras que ao serem usadas por mim ganham um belo sarcasmo e ironia. - falei esboçando aquele sorriso de fracasso que as pessoas só veem a si mesmas nos espelhos de suas casas
O Chefe pareceu se surpreender, começou á passar a mão na barba pensativo enquanto eu encenava o papel de "escrava", andando até aos portões do local que vou amaldiçoar pelo resto da minha vida.
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Natureza Sombria: Hansen
Historia Corta"Natureza Sombria" se tornou o título de uma coletânea de histórias em que vai mostrar pessoas únicas e com histórias diferentes, mas todos descobrindo sua verdadeira natureza. Livro 1: Hansen Elisa Monique Hansen, uma garota comum aos olhos natura...