Capítulo 7: Convocada

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"Eles são um avanço para uma nova espécie humana, mais inteligentes, rápidos e sabem cuidar da natureza. Porém, são a destruição da humanidade, somos os originais criados por Deus, e nós não vamos permitir que isso aconteça!"

Lembro até hoje a voz da Maltesa ressoar em meus ouvidos enquanto me via diante de duas portas que abafavam a música lá de dentro, o que estava acontecendo?

Seu tom agudo, da Maltesa de Brightown, que me fazia perder os sentidos e despertar uma raiva lúcida, junto de milhões de desertores pacíficos serem mandados para o submundo ou para uma outra vida.

O "Submundo" é a prisão que fica debaixo da terra, mandados para apodrecerem por lá. Acho que já expliquei isso. Mas eu me via na mesma situação, a ira me acudia naqueles momentos de dor na nuca dados pelo ZSlave.

Chegamos, finalmente, num espaço gigantesco onde estava tendo uma música altíssima assim que foram abertas as portas.

Mulheres e homens que trajavam de forma luxuosa e extravagante, não tendo nenhum pudor ao se vestirem. As luzes da festa que acontecia me cegavam, havia uma pista de dança onde várias dançarinas num misto de anos 20's - onde existiam os mais famosos cabarés, junto da nova era. Eram mulheres maduras e lindas, elegantes, mas que se vestiam como as prostitutas da época e, claro, eram androides.

O tema da festa era a marca dos Solis, negro e dourado. Junto daquela orgia de cheiros e misto de mafiosos, tinha os filhos deles também, tanto da minha idade como crianças. Aquilo me enojava, que valores ensinavam para elas!?

Meus olhos, para tirar aquela imagem depreciativa do mundo em que vivo, vejo uma espécie de altar com cinco "tronos" nele. Estava sentado no do centro e maior: um homem de barba branca, castanho e dono de uma pele clara adoecida, como se vivesse doente.

Haviam vários anéis em seus dedos pelo brilho que me chamavam a atenção e usava um terno negro com uma gravata dourada.

Eu já havia visto seu rosto em vários lugares, por isso sabia que era o Mestre Solis. Ao lado dele, uma mulher diferente das que estava acostumado ver.

Tobbie me mandou subir as escadas, olhei para as minhas próprias roupas, eu estava decente para aquele momento? Espera, sou escrava, deveria me importar?

Um homem, humano, me olhou de cima á baixo e viu o ZSlave, como se tivesse me identificado.

- Espere um momento. - pediu e eu aguardei, não tinha muita coisa a se fazer.

Obedeci e aguardei. Aguardei o quê o destino me reservava.

Percebi ele se curvar até o ouvido de seu Mestre e ele fazer um gesto para o homem. Logo que voltou, meus olhos estavam marejados, não eram lágrimas e sim de exaustão. - odiava lugares como aquele.

- Fique ao lado de seu senhorio, menina... - mandou e eu caminhei até ele, sentindo uma força maior juntando ambas minhas mãos, me sentindo presa.

O cheiro de pêssego e canela preencheu minhas narinas, me curvei assim que ele me pediu para ouví-lo.

- Nunca imaginou estar num lugar como esse, certo, garota? - perguntou soberbo sem tirar os olhos das garotas que dançavam como ordenadas.

Exalando luxúria e hormônio feminino que me enojavam cada vez mais.

Onde vim parar?

- Nunca senhor... - forcei de propósito, não me acostumaria fácil.

- Gosta dessas festas? - perguntou novamente sem tirar os olhos das moças.

Natureza Sombria: HansenOnde histórias criam vida. Descubra agora