Capítulo 4: "Nem Tudo é o que Parece..."

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- Elisa! - ouvi uma voz que fez minhas pernas sentirem o tremor de sua voz.

Não tinha medo de sua aparência deturpada de ser humano, mas sentia medo do que ele seria capaz de fazer comigo se ficasse em maus lençóis. Parei de limpar o balcão de bebidas e vi Malcolm me observar, sabia que ele sentia receio ou temia algo. Assim que fiquei diante do meu patrão, senti sua sombra me engolir pelo seu tamanho que me lembrava um monstro daqueles contos de fadas. Juan era o maior babaca como patrão, mas vendo Mal, seu filho, vejo que deveria ser um bicho dentro de casa.

- Sim? - perguntei pondo minha mão na cintura. Tive até de amarrar meu cabelo pelo bafo que estava aquele bar logo pela manhã.

- Quando é que você vai fazer algo decente nessa sua vida podre? - perguntou bruto, minha vontade era de estapear a cara daquele troglodita.

- Quando eu crescer... - falei me humilhando. 

Sempre tinha que dizer algo pra que ele risse e mudasse um pouco seu humor, só assim poderia discutir com ele sem que o homem me desse uma bofetada no rosto. 

Como um idiota ele riu pondo a mão na pança cheia de álcool. Eu observei o bar e vi como ele era grande, mas que estava um pouco vazio. Enquanto o velho me zoava eu imaginei quem cantaria hoje á noite naquele palco improvisado, esperava que era alguém trazendo nossa cultura antiga, só assim para que eu me sinta mais á vontade. Aqui é um bar afinal, não uma balada, se fosse uma já estaria surda e também escutando só eletrônica - a moda atual, ficaria enjoada ou dançaria com o resto dos clientes.

- Hey! - disse ele me puxando pela gola da minha camiseta, fiz uma cara feia entortando o lábio de raiva quando fazia isso, depois me soltou amassando toda minha roupa. - Não quero ver sua cara marrenta esta noite, entendeu?! - Perguntou pondo o dedo na minha cara e eu assenti evitando ser tocada por aquele dedo, mas ainda com a minha curiosidade que sempre me atiça.

- Hoje á noite terá um show privado até para seus funcionários?

- Meus funcionários vão vir pra trabalhar, mas uma ordinária como você não ouse estar aqui esta noite... - disse e eu fechei a cara completamente. - Agora volte pro seu serviço de merda.

Deu as costas e saiu para fumar, senti meu sangue borbulhar por debaixo da pele e senti toda uma ira revivendo aos poucos, respirei fundo exalando um ar que me perguntei se não saiu fumaça. Senti uma mão repousar no meu ombro e uma risada profunda seguir em meus ouvidos, olhei pra trás de soslaio para ver Malcolm rindo da minha cara.

- Sou uma piada pra vocês "ricos"? - perguntei fazendo um aspas no ar, ele revira seus olhos de cor falsa e me guiou até o balcão.

- Diz, está livre essa noite? - perguntou com a sobrancelha erguida, aquilo significa muitas coisas.

- Não. - disse séria e seca, pegando um pano e borrifando água em cima, passando o pano depois para terminar. 

Não era mentira, eu tinha a menina que se hospedou gratuitamente em minha casa que virou a clínica de Dr. Will, tenho também que ver como ficou Zyder depois de tê-lo levado na casa do Jean. Eu sou uma garota comprometida com a minha vida se ele não percebeu ainda, eu me misturar com o tipo de Mal vai só me trazer problemas. Digo no sentido de sair com ele e virarmos amigos, não o outro, nunca sairia com alguém como ele.

- Oh, sério? Que pena...

- Sim, tanta que tenho até vontade de chorar. - disse sarcástica, ele revirou os olhos e depois teve uma ideia.

- Elisa? - começou baixando o tom. - Se eu te pedir algo, você deve obedecer, certo? Sou o filho do dono afinal...

- Mesmo que fosse filho do Embaixador, não te obedeceria, moleque... - disse irritada já com aquela insistência toda.

Natureza Sombria: HansenOnde histórias criam vida. Descubra agora