Fiquei andando de um lado para o outro quando ouço o som de passos esmagando pedaços de concreto, me esgueirei por uma das janelas e vi uma sombra, um homem alto com um cigarro na boca, depois o joga e pisa nele. Olhando ao redor como se tentasse encontrar algo. Ao ver que eu o observava, ele sorriu e mostrou sua maleta, era o William.
Eu acenei e gesticulei pra que entrasse. Assim que o vi entrar sentei na cama onde a menina continuava dormindo, pude fazer meu máximo em dar pontos, fechando suas cicatrizes o quanto eu pude. Mas creio que não foi o suficiente.
- Lis, o que aconteceu e... - ele para de falar quase de imediato engolindo em seco ao ver Zyder. Ele apontou de boquiaberto e eu me levantei indo cumprimentar sua mão que ainda continuou erguida.
- Bom te ver doutor... - exclamei mostrando um sorriso forçado.
Ele tirou sua mão do meu aperto forte que dei, a balançando e reclamando que eu apertei forte demais. Sorri pedindo desculpas, ele era um cara legal que cuidou de mim quando mais precisei de sua ajuda.
- Você que o fez?! - perguntou dando voltas em Zyder, que estranhava aquele ato.
- Sim, mas não foi por isso que pedi pra que viesse... - falei o virando para a cama onde a menina estava esticada.
Quando seus olhos foram para o corpo dela, imediatamente Will tampa a boca. A garota estava lamentável que nem um médico conseguia olha-la.
- O que aconteceu? - perguntou.
Eu balancei a cabeça que não sabia.
- Não sei, mas ela estava perto de casa. Há 100m daqui. Zyder me disse onde ela estava e eu a tirei do monte de lixo.
- Quer dizer que ela foi jogada e deixada pra morrer?
- Sim.
- E você trouxe alguém que deveria estar morto pra casa?
- Sim.
- Mesmo sabendo que pode gerar consequências ainda quer salvá-la?
- Sim.
- Você é doida...
- Sim, sou. Agora pare com esse maldito interrogatório e trata logo da menina! - ordenei e ele suspira revirando os olhos.
Dobrou as mangas e abriu sua maleta, se ajoelhando perto da cama. A maleta de Will era uma das coisas que mais me fascinava, primeiro: Porque parece não ter fundo e, segundo: Porque parece mágica pura o que ele faz com coisas tão pequenas.
Ele pegou uma esponja de um tecido diferente sintético e passou no corpo da garota, me deu outra pra que eu passasse nas partes íntimas dela.
- Eu já dei banho nela. - avisei e ele assentiu ainda esfregando a bucha no corpo dela.
- Percebi, mas estamos tirando não a sujeira em si, claramente estou tirando sua primeira camada da epiderme.
- A primeira camada da pele? - perguntei assustada, mas não parei de fazer o que tinha de ser feito.
- Sim, ela tinha um petróleo misturado com mais algum componente. Eu saberia identificar dentro da minha clínica, mas agora... Só sei que a composição é diferente, pela manhã é possível que seu tecido estivesse sido destruído e chegue aos órgãos. - parou pra retirar com a mão as partes que estavam com a mancha negra.
- É uma forma horrível de morrer. - terminei por ele. Concordou comigo o Will e depois vi Zyder se aproximando curioso.
- Faz tempo que você tem ele? - perguntou Will vendo de relance o pequeno androide ver o que estava fazendo.
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Natureza Sombria: Hansen
Short Story"Natureza Sombria" se tornou o título de uma coletânea de histórias em que vai mostrar pessoas únicas e com histórias diferentes, mas todos descobrindo sua verdadeira natureza. Livro 1: Hansen Elisa Monique Hansen, uma garota comum aos olhos natura...