Capítulo 8: Vincent

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- Oito meses depois -

O cheiro de enxofre era horrível e me faziam ter náuseas, quase sendo sufocante.

- Por que logo esse lugar? - perguntei encarando o indivíduo adormecido e amarrado.

Ele está de cabeça pra baixo, quase desperto e abaixo dele um lindo e maravilhoso buraco cheio de enxofre, conhecido como "Boca do Inferno".

- Porque ele tem informações que precisamos, sem falar que traiu o Die Solis. - disse um cara ao meu lado.

- Oh, havia me esquecido... - falei sem emoção.

O chacoalhei e o humano acorda. Sim, ele estava pendurado por uma haste dependendo de um guincho pra que ele não caia e morra.

- AAAHHH! QUE...

- Olá Tenake... - disse o cara ao meu lado.

Ele se chama Vincent Hernest.
Um homem de quase 30 anos, usa sempre um terno e é impecável em tudo. Cabelos sempre arrumados e penteados para trás, um olhar sempre carregado de malícia e um sorriso tranquilo quando vai falar com as vítimas - era o que o caracterizava.

- O que querem de mim? Quem são vocês?! Onde estooou... Meu Deus! - gritou apontando para nós dois e voltando a encarar o buraco.

Ah, a propósito, eu sou o guincho.

- Sabemos que tem informações de Jean Clark. - disse Vincent com uma expressão serena.

Ele volta a encarar Tenake e sorri:

- Vai me dizer onde posso encontrá-lo...

- Isso foi uma pergunta? - questionei e Vinci me fuzilou.

Dei de ombros e murmurei em como posso ter parado num lugar desse com esse babaca.

- E-eu n-não s-se-ei on-onde ele pode...

- Sem gaguejar. Sei que está com medo, o entendo, mas se quiser viver... - diz Vinci apontando pra mim - Responda.

Tenake me observa e dá um sorriso amarelo, tampa o nariz e diz:

- Mellbrook, 7ª avenida, apartamento 206.

Vincent olha pra mim e eu continuo observando o sujeito que segurava. Então escuto a vítima começar a se desesperar:

- Por que não me solta logo?! Já respondi a droga da pergunta!

- Respondeu? - perguntei incrédula - Ou "mentiu"?

Vincent encarou o sujeito que começou a suar frio.

- Vamos achar outro informante, Vincent, não trabalho com mentirosos... - falei com os olhos ardendo.

Abri as mãos e deixei a corda deslizar por elas rápida, o homem grita um "não" e vejo Vincent ensaiar uma repreensão. Tudo aconteceu devagar pra mim, devagar demais.

Meu cérebro trabalha mais rápido que dos humanos, meu corpo se move mais rápido. Os milésimos viram minutos e os minutos, dias quando me ativo.

Era algo que vim praticando as ordens de Solis.

- Hopes City, avenida 15, apartamento 4072... - ele falava com lágrimas nos olhos tendo seu corpo quase na metade do percurso.

Diminui ainda mais o tempo e caminhei pela parede do desfiladeiro, vendo a cara de terror do homem cair á baixo. Passei pelo seu pé enquanto seu corpo parecia flutuar na minha frente.
O buraco, agora, era convidativo.
Parecia me chamar, a Morte me chamava toda vez que ativava esses meus... "Dons".

Toda vez que os despertava do sono profundo.

O puxei pelo pé e voltei a andar, os milésimos voltavam a serem segundos, os minutos se transformaram em horas. Quando cheguei ao topo estremeci enquanto o mundo voltava á girar.

- AHH... - ele continuava gritando até que viu que estava no chão - Ah...?

Ele me encara apavorado agora, vejo sua calça úmida. Não sorrio e apenas digo:

- Se tivesse nos contado a verdade desde do início... - digo e aponto pras partes molhados - Isso não teria acontecido.

O homem raquítico olha para baixo envergonhado e frustrado. 
Me volto pra Vincent que olha para mim abobado e confuso.

- Como você...?

- Haverá uma reunião dos Solis nessa quinta... - o interrompi, apertei minhas luvas e desviei meu olhar pro carro de Vinci - Lá ele te conta.

Eu ia entrar dentro do carro, não queria ver aquele cara ter a fuça ser arrebentada.

- Elisa... - escuto-o me chamar.

Preguiçosamente, me viro e o encaro, estava sério agora - significa que havia irritado ele.

- Termine seu trabalho... - mandou pondo as mãos no bolso.

Arqueio uma sobrancelha e encaro do sujeito sentado no chão para Vinci que abria seu carro.

- Do que está falando?!

- O deixe sem a mão que rouba os objetos, por traição. - diz ele e abre a porta em despedida.

Ele iria me deixar aqui, com esse cara, sozinha.

- Ouviu o chefe... - disse o asiático o que me espantou.

- Quer que eu corte sua mão?! - perguntei pasma.

- Uma coisa que aprendi moça... - disse ele enquanto víamos a poeira abaixar e as luzes do carro desaparecerem na autoestrada.

- Antes ser tirado um membro por alguém que salvou minha vida, do que por quem é dito como "Juiz" e estando no topo da cadeia alimentar...

- Diz sobre Vincent? Então sabe quem somos... - falei relaxando meu rosto e minha postura.

- Sim, inclui você também, o "Cão Imperial", a mais nova e a mais apta para fazer os trabalhos sujos. Você está lado a lado com o Juiz.

- Obrigada pelo reconhecimento, agora, estique o braço que utiliza para roubar...

- ... E matar. - completou ele e esticou o direito.

Passei a mão no meu antebraço e foi feito do meu corpo a arma que desejava, um cutelo.

- ... - ele observa num misto de fascínio e horror, volta a encarar dentro de meus olhos e só escuto ele dizer:

- Ghost.

Natureza Sombria: HansenOnde histórias criam vida. Descubra agora