Rainha dos Corações Congelados - O Começo do Inverno [EM REVISÃO]

Capítulo 12-Coroada

Capítulo 12-Coroada

"É só o amor desfeito, Rosa sangue ao peito, Lágrima que deito sem voltar atrás. (...) Fala-te ao ouvido e nasces tu."

Rosa Sangue-Amor Electro

***

Fiquei paralisada no início da escadaria no interior da Lagoa Real. Tinha enfrentado tudo e mais alguma coisa para chegar ali, e agora que tudo aquilo estava à minha frente não me sentia preparada para me tornar Rainha.

Tudo convergia para aquele lugar, para aquele momento, mas aquilo que mais queria era sair dali. O Lupo já me esperava lá em cima, no entanto eu permanecia no mesmo local há vários minutos e dali não pretendia sair...

– Não precisas de ter medo, vem!

Eu não tinha medo, apenas receio.

Num impulso subi as escadas e quando cheguei ao topo, os meus olhos fixaram-se num pedestal de mármore negro com uma almofada branca pousada em cima. Até chegar ali já tinha passado por duas outras filas de pedestais, mas esses eram brancos com uma almofada negra em cima, não percebi o porquê, mas nesta Terra poucas coisas fazem sentido.

Aproximei-me do pedestal com um metro e pouco de altura ouvindo o som do vento em fúria no exterior.

– Está na hora de colocares o teu coração no pedestal. Quando o fizeres serás oficialmente a Rainha da Terra dos Sem-Coração.

Tirei o meu coração ainda a começar o processo de congelamento da caixa de marfim da minha mochila e lentamente foi aproximando-o da almofada. À medida que o fazia uma dor começava a nascer no meu peito e era cada vez mais forte.

Quando o meu coração tocou na almofada deixei-o e a dor que sentia ultrapassou qualquer outra sendo mais forte do que aquela que me fez vir para a Terra dos Sem-Coração.

Gritei, gritei muito e o mais alto que a minha voz permitia. Caí no chão gelado sem forças e a morrer por dentro. Era irónico... Joana Storm... Numa tempestade cheguei e numa tempestade morri. O meu corpo parecia congelar por dentro, todos os meus vasos sanguíneos estavam a congelar. Levantei-me com esforço e vi o meu coração congelar gradualmente até que se tornou completamente azul. Quando isso aconteceu a dor só aumentou fazendo-me cair novamente de joelhos. Estava derrotada.

Forcei-me a olhar para cima e no pedestal negro começava a aparecer gravado o número um em numeração romana. Aquilo marcava o início do meu reinado.

Olhei novamente para o chão e aí vi os meus olhos refletidos a tornarem-se ainda mais azuis do que já eram até que toda a minha irís ficou completamente azul gelo: um azul translúcido e claro. Na minha cabeça comecei a ver imagens do livro da capa azul na Biblioteca Pública de Nova Iorque. Estava aberto numa página específica, na página onde começava o capítulo sem nome... Mas nesse momento um nome aparecia no cimo da página: Rainha dos Corações Congelados. Aquele nome era gravado no livro e também no fundo da minha alma.