Era uma hora da manhã quando Emanuele teve, naquela madrugada, seu primeiro orgasmo. Estava em seu quarto,com "o menino do cabelo mal cortado", como suas amigas costumavam o chamar. Tinha até esquecido desse defeito, até passar a mão em seus cabelos,forçando sua cabeça contra sua vagina, que já estava muito gozada.
Olhou para baixo, e por um segundo pensou o que estava fazendo ali, se aquilo era realmente o que queria.E então, jogou sua cabeça novamente no travesseiro. Sentia seu corpo trêmulo.Estava adorando a sensação, queria mais, no entanto, Lucas nunca conseguia chegar tão longe.
Meia hora antes
Manu, como gostava de ser chamada, estava em um bar na esquina de sua casa. Sorvia um whisky barato,acompanhado de alguns cigarros e uma boa música, que saía de um rádio velho, em cima do balcão. Uma hora antes havia recebido um telefonema, tinha sido aprovada na faculdade de medicina. Mesmo alegre com a notícia, não era uma surpresa para ela, já que seu pai praticamente havia subornado o diretor.
- Estou interrompendo alguma coisa? - disse Lucas, fazendo a bloquear seus pensamentos.
Ela olhou assustada para sua direita. Deu um suspiro. Apagou o cigarro e voltou a sorver sua bebida.Lembrou-se de quando conheceu Lucas, seus pais eram amigos de anos. Ele só era um ano mais velho, gostava de sair por aí se gabando de seus carros caros e seu bom estilo de vida. Perdeu sua virgindade com Manu, um ano depois de ela ter perdido, com um garoto qualquer da escola. Ela não gostava muito do Lucas, mas nunca disse para ele. Talvez tivesse medo de deixá-lo chateado.
- Não... - sorriu insatisfeita.
Ela se apoiou mais no balcão do bar, para chamar a atenção do barman, que estava conversando com outro cliente. Acenou a cabeça, e ele logo a viu. Foi em sua direção com o whisky na mão. Já era a quarta vez que levava a garrafa.
Ela estava cansada de fazer sempre as mesmas coisas, mas não se interessava em mudar. Na verdade, nem sabia como fazer isso. Chegou ao ponto de não saber o que fazer da vida. De repente,beber e fumar todas as noites parecia ser mais fácil para preencher seu vazio.
Lucas puxou um banco, que estava ao lado dela, e se sentou. Acenou com as mãos para chamar o barman, que já tinha ido embora, e disse:
- Trás uma cerveja!
Logo estava sorvendo sua bebida também, acompanhando Manu a cada gole.
- Soube que conseguiu passar para a faculdade de medicina... - tentou puxar assunto. Porém, ela nada disse,apenas afirmou com a cabeça. Ela pegou mais um cigarro de seu maço, que estava a sua frente, e acendeu. - Você está bem?
Ela o olhou, e com uma voz grave disse:
- Quer me comer?
Ele a olhou, e sorriu maliciosamente. Logo chamou o barman e pagou a conta. Cinco minutos depois, estavam no quarto de Manu. Em sua casa que chamava atenção, por causa de suas paredes de cor vermelho sangue.Quatro abajur brancos enfeitavam cada ponta de sua cama, e em seu teto,estrelas florescentes. No começo, quando ele a penetrava, ela não mostrava nenhuma reação, estava se sentindo mal por está ali, e vazia, como sempre.
Faltava um dia para chegar o ano de 2004, e nem parecia. A cidade estava calma, as pessoas não estavam se importando tanto para o novo ano que vinha. Manu estava em sua cafeteria favorita, gostava de ir lá para pensar e relaxa. Enquanto sorvia seu cappuccino,e lia um livro de romance, uma garçonete se aproximou e a perguntou se queria mais alguma coisa.
O lugar estava calmo, porém,todas as mesas estavam lotadas. Todos estavam tão concentrados em seus cafés,de xícaras brancas e pretas, e seus celulares, que esqueciam de se comunicar entre si.
- Não, obrigada. - respondeu Manu a garçonete.
Parou por um instante de ler,pôs o livro sobre a mesa redonda, de cor branca, com detalhes dourados nos pés.Sua xícara já se encontrava vazia. Suspirou algumas vezes, enquanto olhava para as pessoas ao seu redor. Afastou sua xícara um pouco, e deitou a cabeça sobre seus braços, na mesa.
Ouviu um som da porta de vidros e abrindo. Levantou a cabeça novamente e avistou uma jovem, de cabelo cacheado, comprido, de tom loiro escuro. Ela chamava atenção de todos na cafeteria,principalmente atenção de Manu, mas não era por sua beleza, ou educação, ou porque se vestia bem, ela estava em uma cadeira de rodas.
Um senhor a empurrava com uma mão, e com a outra terminava de fechar a porta. A garçonete logo foi em sua direção. A mesa de Manu estava distante da entrada, porém, conseguiu entender um pouco do que conversavam, queriam uma mesa, no entanto todas estavam ocupadas. Então, ela se levantou, com seu livro em uma mão e sua bolsa na outra.
- Podem sentar aqui - disse ela, apontando para a mesa. - Já estou de saída. - completou, se dirigindo até o caixa para pagar a conta.
Em seguida a menina e o senhor foram dirigidos pela garçonete até a mesa. Ao Manu passar perto de onde estava sentada, o senhor se levantou e disse:
- Obrigado.
Ao percebeu a gratidão dele,parou e o visualizou melhor. Ele não se vestia muito bem, seus olhos estavam fundos, como se não dormisse direito... Correu o olhar para a menina, ela parecia feliz. Estava com um lindo sorriso no rosto, que parecia tímido, porém,era belo para Manu. Não conseguia pensar, nem falar naquele momento. Sentiu algo diferente, não entendia o porquê, mas sentia. E de repente se pegou sorrindo de volta para a menina.
- Nada... - respondeu, e saiu rapidamente.
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A Última Vez
RomanceEmanuele finalmente consegue sair de casa, e passar para uma faculdade de medicina. Em busca também de sua independência financeira, aceita um trabalho como cuidadora, que mudará sua vida, e seu jeito de amar. A última vez é um romance lésbico, com...