Clarisse? Clarisse? - chamou Manu entrando na casa de Clarisse. Ela estava eufórica e ansiosa, queria logo contar a novidade para ela.
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Domingo - 14 horas da tarde
Manu foi a um almoço na casa de sua mãe. Estava toda a família reunida. Seus pais e suas amigas sabiam de seu namoro com Clarisse, no começo estranharam, mas depois aceitaram. Não tinha muito que fazer, aceitar foi a melhor opção. Seu pai foi o que mais a apoiou, foi uma surpresa para Manu.
Nesse almoço, Clarisse não pode ir, estava cansada, e decidiu ficar em casa com seus livros. Manu contou para o seu pai o porquê de sua namorada não ter ido junto, falou sobre a LMC, e que tinha apenas meses de vida. Ele ficou mal, pois perdera sua mãe com a mesma doença.
- Não tenho muito que fazer quanto a isso, mas se aceitar, poderei pagar algumas viagens que ela deseje ir... O que acha? Você pode acompanha-la. - disse ele, um tempo depois de pensar sobre a situação. - Vocês podem aproveitar o tempo que resta.
Manu se animou, adorou a ideia, pelo menos poderia fazer Clarisse feliz por uma última vez.
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- Estou no banheiro - gritou Clarisse ao ouvi-la.
Manu parou na porta, a observou por um momento. Estava escovando os dentes.
- Oi - disse Manu sorrindo.
Clarisse lavou a boca, e depois sorriu de volta. Elas se beijaram, rapidamente.
- Conversei com o meu pai ontem no almoço, sobre você... Nem vai acreditar no que ele disse!
- o que ele disse? - falou com um tom de voz sarcástico.
- Ele quer pagar algumas viagens para você! - respondeu abrindo um largo sorriso.
- Não acredito que envolveu seu pai nisso! - disse irritada
- Não fiz nada, ele que se ofereceu - falou ajoelhando-se a sua frente e passando a mão no cabelo dela. - Se não quiser, vou sozinha... Você que vai perder.
As duas sorriram e deram um selinho.
- Está bem, eu vou.
- Então você tem três desejos, o que deseja fazer?
- Sério isso, Emanuele? - respondeu ela. Clarisse estava achando que era brincadeira, mas decidiu entrar na gozação e disse sem pensar. - Quero aprender a dançar!
- Dançar é uma ótima escolha - sorriu. - E o que mais?
- Quero conhecer João Pessoa.
- Falta um...
Clarisse pensou, pensou, e não conseguia se decidir, havia muitas coisas para escolher, mas nada era de sua preferencia no momento.
- Escolhe!
- Não sei! - disse irritada. - Acho que vou deixar para decidir depois...
Manu sorriu e deu mais um beijo nela. Estava disposta a fazer de tudo para alegra-la. No dia seguinte, as duas passaram a tarde procurando um lugar para fazer a aula de dança, um que agradasse Clarisse e fosse adaptada para ela. Depois de passar por uns cinco sites diferentes, escolheram uma escola. Dois dias depois da Manu ter a matriculado, Clarisse estava lá, para conhecer sua turma. Havia onze alunos, todos deficientes físicos. Eram muito simpáticos, e a receberam com muito carinho. Seu professor era muito dedicado, tinha paciência, parecia gostar muito do seu trabalho.
Manu a levava todos os dias, no seu primeiro ensaio ela pode ficar, depois o professor disse que só poderia assisti-la na apresentação. Então começou a passar as primeiras tardes procurando hotéis, passagem, história e pontos turísticos de João Pessoa.
Em uma noite de sábado, estavam as duas deitadas na cama, uma de frente para outra. Manu alisava com carinho o cabelo de Clarisse, ela sorria, de olhos fechados.
- Sabe do que vou sentir mais saudade? - perguntou Clarisse. - Da sua linda boca...
Manu sorriu.
- E eu dos seus olhos...
Clarisse o abriu, observou o rosto de Manu. Seus olhos pintados de delineador preto, suas bochechas rosadas, sua boca vermelha. Ela se levantou um pouco, e pegou um caderninho atrás dela, em cima de uma mesa, ao seu lado, onde ficava o abajur e o rádio. Ele tinha uma capa preta e era de arame.
- Preciso que fique com isso - disse ela dando para Manu.
- Por quê? - perguntou o pegando e o folheando com curiosidade, achando que tivesse algo escrito, mas estava todo em branco.
- Esse caderno vai ser como um diário, quero que escreva nele quando sentir minha falta... Dizem que faz bem. Vai que um dia nossa história vire um livro... - disse sorrindo.
- E quem disse que alguém vai se interessar por ela? - sorriu de volta.
- Sei lá... Uma ou duas pessoas... Meu pai talvez. - respondeu rindo.
Manu guardou o caderninho na bolsa, e acabou o esquecendo lá. Na hora certa sentiria vontade de escrever, quem sabe...
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A Última Vez
RomanceEmanuele finalmente consegue sair de casa, e passar para uma faculdade de medicina. Em busca também de sua independência financeira, aceita um trabalho como cuidadora, que mudará sua vida, e seu jeito de amar. A última vez é um romance lésbico, com...