10 - Três desejos

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Clarisse? Clarisse? - chamou Manu entrando na casa de Clarisse. Ela estava eufórica e ansiosa, queria logo contar a novidade para ela.

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Domingo - 14 horas da tarde

Manu foi a um almoço na casa de sua mãe. Estava toda a família reunida. Seus pais e suas amigas sabiam de seu namoro com Clarisse, no começo estranharam, mas depois aceitaram. Não tinha muito que fazer, aceitar foi a melhor opção. Seu pai foi o que mais a apoiou, foi uma surpresa para Manu.

Nesse almoço, Clarisse não pode ir, estava cansada, e decidiu ficar em casa com seus livros. Manu contou para o seu pai o porquê de sua namorada não ter ido junto, falou sobre a LMC, e que tinha apenas meses de vida. Ele ficou mal, pois perdera sua mãe com a mesma doença.

- Não tenho muito que fazer quanto a isso, mas se aceitar, poderei pagar algumas viagens que ela deseje ir... O que acha? Você pode acompanha-la. - disse ele, um tempo depois de pensar sobre a situação. - Vocês podem aproveitar o tempo que resta.

Manu se animou, adorou a ideia, pelo menos poderia fazer Clarisse feliz por uma última vez.

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- Estou no banheiro - gritou Clarisse ao ouvi-la.

Manu parou na porta, a observou por um momento. Estava escovando os dentes.

- Oi - disse Manu sorrindo.

Clarisse lavou a boca, e depois sorriu de volta. Elas se beijaram, rapidamente.

- Conversei com o meu pai ontem no almoço, sobre você... Nem vai acreditar no que ele disse!

- o que ele disse? - falou com um tom de voz sarcástico.

- Ele quer pagar algumas viagens para você! - respondeu abrindo um largo sorriso.

- Não acredito que envolveu seu pai nisso! - disse irritada

- Não fiz nada, ele que se ofereceu - falou ajoelhando-se a sua frente e passando a mão no cabelo dela. - Se não quiser, vou sozinha... Você que vai perder.

As duas sorriram e deram um selinho.

- Está bem, eu vou.

- Então você tem três desejos, o que deseja fazer?

- Sério isso, Emanuele? - respondeu ela. Clarisse estava achando que era brincadeira, mas decidiu entrar na gozação e disse sem pensar. - Quero aprender a dançar!

- Dançar é uma ótima escolha - sorriu. - E o que mais?

- Quero conhecer João Pessoa.

- Falta um...

Clarisse pensou, pensou, e não conseguia se decidir, havia muitas coisas para escolher, mas nada era de sua preferencia no momento.

- Escolhe!

- Não sei! - disse irritada. - Acho que vou deixar para decidir depois...

Manu sorriu e deu mais um beijo nela. Estava disposta a fazer de tudo para alegra-la. No dia seguinte, as duas passaram a tarde procurando um lugar para fazer a aula de dança, um que agradasse Clarisse e fosse adaptada para ela. Depois de passar por uns cinco sites diferentes, escolheram uma escola. Dois dias depois da Manu ter a matriculado, Clarisse estava lá, para conhecer sua turma. Havia onze alunos, todos deficientes físicos. Eram muito simpáticos, e a receberam com muito carinho. Seu professor era muito dedicado, tinha paciência, parecia gostar muito do seu trabalho.

Manu a levava todos os dias, no seu primeiro ensaio ela pode ficar, depois o professor disse que só poderia assisti-la na apresentação. Então começou a passar as primeiras tardes procurando hotéis, passagem, história e pontos turísticos de João Pessoa.

 Então começou a passar as primeiras tardes procurando hotéis, passagem, história e pontos turísticos de João Pessoa

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Em uma noite de sábado, estavam as duas deitadas na cama, uma de frente para outra. Manu alisava com carinho o cabelo de Clarisse, ela sorria, de olhos fechados.

- Sabe do que vou sentir mais saudade? - perguntou Clarisse. - Da sua linda boca...

Manu sorriu.

- E eu dos seus olhos...

Clarisse o abriu, observou o rosto de Manu. Seus olhos pintados de delineador preto, suas bochechas rosadas, sua boca vermelha. Ela se levantou um pouco, e pegou um caderninho atrás dela, em cima de uma mesa, ao seu lado, onde ficava o abajur e o rádio. Ele tinha uma capa preta e era de arame.

- Preciso que fique com isso - disse ela dando para Manu.

- Por quê? - perguntou o pegando e o folheando com curiosidade, achando que tivesse algo escrito, mas estava todo em branco.

- Esse caderno vai ser como um diário, quero que escreva nele quando sentir minha falta... Dizem que faz bem. Vai que um dia nossa história vire um livro... - disse sorrindo.

- E quem disse que alguém vai se interessar por ela? - sorriu de volta.

- Sei lá... Uma ou duas pessoas... Meu pai talvez. - respondeu rindo.

Manu guardou o caderninho na bolsa, e acabou o esquecendo lá. Na hora certa sentiria vontade de escrever, quem sabe...

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