6 - Para ver um sorriso

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Clarisse estava em mais um daqueles dias triste, que só tinha vontade de ficar na cama. Era comum para ela, os remédios fortes que tomava para amenizar dores e outros problemas não batia bem em certas manhas, e causava alterações de humor. Quando acordava assim, a frustração tomava conta, já que nunca tinha atividades divertidas, o bom era que só faltava dez minutos para Emanuele chegar, e mesmo chateada, combinou de assistir um filme com ela.

Manu estava atrasada, logo no dia do cinema, a aula que teve a ocupou demais. Só de pensar que teria três trabalhos para entregar, já a deixava com dores de cabeça. Quando chegou na casa de Clarisse, ela estava na sala, arrumada, e irritada, percebeu rapidamente, ao ver suas expressões e seus comentários sarcásticos, quando chegava perto dela.

- Chegou cedo hoje - disse Clarisse. - Provavelmente te atrapalhei em algo mais importante...

Manu a ignorou, de certa forma ela tinha razão, mas não queria admitir. Odiava se atrasar para os compromissos, porém, de vez em quando acontecia.

 Odiava se atrasar para os compromissos, porém, de vez em quando acontecia

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Meia hora depois chegaram ao cinema mais próximo. Todas as sessões estavam lotadas, menos uma que passava um filme infantil, sobre a vida de um labrador. Mesmo assim decidiram ver o filme.
Clarisse tinha o hábito de ficar falando durante o filme, e Manu gostava de prestar atenção, sem incômodo, mas logo se deram bem. Elas riam juntas, dividiam a pipoca e até o refrigerante. Fazia tempo que Clarisse não se sentia tão bem, logo passou aquela irritação de cedo.

Uma hora e meia depois, o filme havia acabado. Manu percebeu que Clarisse estava cabisbaixa. Será que tinha feito algo errado novamente? - pensou. Incomodou-se ao vê-la daquela forma e perguntou:

- Não gostou do filme?

- Gostei, é que bateu uma vontade de ter um cachorrinho também... – disse sorrindo.

- Por que não tem um?

- Meu pai nunca gostou. Disse que dá trabalho. E acho que deve ser difícil pra eu cuidar dele sozinha.

Manu ficou com aquilo na cabeça, mas não disse mais nada. Levou a menina para casa, e logo depois foi para a sua. A noite, na hora de dormir, não conseguia esquecer. Ficava virando-se na cama várias vezes pensando no cachorrinho, e no rostinho de Clarisse ao sair do cinema. Parecia algo bobo, porém, não queria vê-la triste por causa disso.

Na tarde seguinte, saiu mais cedo da faculdade e antes de ir ver Clarisse, ela passou em um canil e adotou um cachorrinho. Não era de raça, e era filhote. Sua pelagem era amarelada, tinha olhos pequenos e meigos como o dela, uma manchinha branca no final do rabo, orelhas caídas, e patas grandes. Ela não conseguia parar de pensar em como Clarisse ficaria animada ao vê lo. Em sua cabeça, ficou repetindo varias vezes que era só um simples presente, como um pedido de desculpa. Não podia ser nada além disso.

Quando abriu a porta do quarto, viu Clarisse lendo seu livro de capa preta, sentada em sua cadeira. Bateu na porta para mostrar que estava presente, e mostrou o lindo cachorrinho a ela, que quando a viu correu em sua direção, e pulou em seu colo. Era muito manhoso, queria carinho o tempo todo.

- Já que seu pai não gosta, posso cuidar dele, e trazê-lo quando quiser para poder ver. – disse Manu, sentada na cama olhando os brincar.

- E qual vai ser o nome? – falou abrindo um largo sorriso.

- Não sei. Você escolhe.

- Então, o nome dele vai ser Ed. Porque me lembra o Ed Sheeran, adoro esse cantor!

Manu se sentiu alegre por ver como Clarisse havia gostado do presente. Ela sorria de um jeito diferente, conseguia sorrir com os olhos, era a coisa mais encantadora que já vira.

Clarisse percebendo seu olhar sorriu novamente, dessa vez foi um sorriso grande. Estava gostando de verdade de Manu, só não sabia como dizer.

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