- Manu? – Clarisse a chamou.
- Manu? Acorda! – exclamou ela.
Estavam no quarto, Manu arrumando o guarda roupa de Clarisse, e ela lendo um livro científico.
- Ham? – falou Manu distraída.
- Por que você está parada me olhando? – perguntou Clarisse rindo.
Manu pegava uma roupa no cesto em cima da cama, dobrava e arrumava no armário, mas no meio dessa arrumação, parou e ficou olhando fixamente Clarisse.
- O quê? Não estou não – respondeu, pondo a roupa dobrada que estava em sua mão no armário. Depois virou e a olhou novamente. – Já gostou tanto de alguém que até pensou que a conhecia a um bom tempo?
- Acho que sim. Por quê?
- Sinto isso quando estou com você... – disse, voltando a atenção para a roupa. – Ahh, você deve me achar uma idiota por falar isso!
- Não acho.
Manu sorriu.
- Vou pegar o seu chá, deve estar frio. - disse ela.
Clarisse assentiu com a cabeça.
Naquela quinta-feira, Manu lembrou se que fazia quatro semanas que estava ali. Ela estava encantada com Clarisse. Adorava passar as tardes com ela, sair, dar gargalhada, cuidar de suas coisas, cozinhar para ela. Estavam muito juntas. Na cabeça de Manu, eram melhores amigas, e na de Clarisse, que estavam quase namorando.
Manu foi pegar o chá verde em cima da mesa redonda, na cozinha, pôs uma colher de açúcar, pegou alguns biscoitos salgados no pote dentro do armário e levou para o quarto. Deu a caneca, de cor azul royal, na mão de Clarisse, e seus biscoitos. Depois pegou a ração de Ed, e colocou em sua vasilha no canto do quarto.
- Por que tem tantas borboletas no seu quarto? – perguntou Manu, enquanto limpava a mesinha ao lado da cama.
- Borboletas são especiais. Sabia que para as borboletas voarem elas dependem da energia solar? E que suas cores são como uma espécie de carteira de identidade? É por meio delas que outros insetos sabem o sexo das borboletas e a que família pertence...
- Não sabia...
- Elas são insetos incríveis! Uma vez, quando era criança, minha mãe me levou a um zoológico, fiquei ansiosa para chegar logo, achando que poderia ver muitas borboletas juntas, assim como vi as cobras, mas não tinha. Cheguei em casa arrasada, então no dia seguinte, quando acordei, a parede do meu quarto estava cheia de borboletas coloridas. Passei o dia inteiro as olhando. Mesmo sabendo que era só adesivo de parede, parecia o dia mais feliz da minha vida. – olhou para baixo, com uma expressão triste. – A única coisa que odeio nas borboletas, é que elas vivem muito pouco. Duram no máximo um ano. Às vezes me sinto como uma... – voltou o olhar para Manu. – O chá está ótimo. – sorriu.
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A Última Vez
RomanceEmanuele finalmente consegue sair de casa, e passar para uma faculdade de medicina. Em busca também de sua independência financeira, aceita um trabalho como cuidadora, que mudará sua vida, e seu jeito de amar. A última vez é um romance lésbico, com...