Capítulo 57

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(Nicholas)

Cheguei no Brasil na sexta à noite, a sensação de estar em outro país foi, ao mesmo tempo boa e assustadora. Aquelas pessoas todas falando "grego" estavam me tirando do sério, eu não entendia NADA. E ainda tinha que pegar um táxi, e não fazia idéia do que falar.

Depois de muito custo, achei um senhor muito prestativo por sinal, que falava em inglês. Ele disse que me levava até minha casa, fiquei meio apreensivo mas ocorreu tudo bem, dei até uma gorjeta por ele ter feito esse favor.

O apartamento era ótimo, os cômodos eram super aconchegantes e luxuosos. E ficava perto do meu curso e perto da empresa que eu trabalharia também. Logo liguei para meus pais, agradecendo pelo ótimo apartamento e dizendo que tinha chegado bem, eles me encheram de várias perguntas, mas eu estava extremamente exausto entao logo desliguei e fui me deitar. Me peguei imaginando em como o apartamento era a cara da Ely, ela amaria esse lugar... E era grande o bastante para caber duas pessoas (ou até mais).

Durante o fim de semana, fiquei em casa organizando minhas roupas e só no domingo à tarde fui ao shopping fazer uma compra para abastecer meus armários e começar comer coisas saudáveis.

Na segunda-feira, fui para o meu novo trabalho. Tive sorte, pois eles estavam precisando de alguém que falasse um inglês fluente, ninguém melhor que eu para isso (não estou me gabando), e pagavam um ótimo salário.

À noite fui para o curso de Português, pois realmente estava precisando falar (e entender) melhor essa língua. Toda segunda, quarta e quinta-feira eu faria o curso, não é possível que até no final do próximo ano eu não esteja falando um português fluente.

Encontrar com Annie lá, era uma coisa que eu não estava esperando. Estava acostumado ver Annie e Ely sempre juntas, então quando vi ela, imaginei que Ely logo apareceria atrás. Acho que fiquei até sem cor... E que boca grande é essa minha?! Por quê eu fui perguntar da Ely? Na verdade, acho que estava preocupado de mais com ela, eu precisava saber se ela estava bem!

O resto do mês passou rápido, posso dizer que estava gostando muito dessa nova rotina, do trabalho, do curso, dos novos amigos, do Brasil...
Continuei falando com Annie, e ela já estava até arrumando um novo emprego pra mim, pois minha mãe deu a idéia de eu começar trabalhar em algum consultório de psicologia.

- Fica numa cidade vizinha daqui, e minha amiga disse que está precisando de um psicólogo lá três vezes por semana, se você aperfeiçoar seu inglês um pouquinho mais... - Annie disse quando saímos do curso.

Então fui falar com o chefe do consultório e ele animou com meu currículo, disse que em Fevereiro já estaria me esperando lá. Agradeci à Annie umas mil vezes...

Na última semana de Dezembro, meu novos amigos estavam todos me chamando para irmos pro Rio de Janeiro passar a virada do ano. Eu já estava quase topando, mas Annie fez um convite que me deixou meio indeciso -> passar o réveillon na nova chácara dos pais de Ely.

- Eu não contei para ela que você está aqui, sério mesmo! - Annie disse. - Apenas contei para a vó dela, que prometeu manter segredo e disse que é pra você ir mesmo. E acredite, a vó dela é a pessoa mais louca que eu já conheci.

- Até mais louca do que a Ely? - perguntei rindo.

- Na verdade. - Annie pareceu pensar no que ia falar. - A Ely não é mais aquela menina, é muito difícil ver ela sorrir, e olha que ela ria até do vento. Ela não é mais aquela pessoa louca, que alegrava todo mundo e tal... Sinto falta daquela Ely, aliás, todo mundo sente. O Abner sempre reclama que não aguenta mais ver a irmã dele chorando e emburrada. Ela mudou Nicholas, especialmente depois que você se foi, quero dizer... depois que ela veio embora. Para você ter uma ideia, ela está umas três vezes mais magra do que já era.

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