Touchdown ✼ Camren

2. you don't meet people by accident

POV Camila

Eu odiava aquilo mais do que eu podia descrever. Eu nunca tive amigos de infância, nunca podia me apegar a nada, sem falar de que eu acabei me tornando uma criança problemática, o que refletiu na minha adolescência. Tudo isso porque meu pai era sempre promovido a trabalho para um lugar diferente. E ele arrastava a família toda junto.

A última vez foi quando eu tinha 16 anos e nos mudamos para Los Angeles. Foi terrível de me adaptar porque eu já era adolescente e não era mais tão simples fazer amizades. E eu cheguei a pensar que fôssemos ficar lá por um bom tempo. Agora eu tinha 17, estava no último ano do colégio, e, claro, em um lugar completamente diferente. Miami.

- Vai ficar tudo bem. Você vai se enturmar rápido, tenho certeza. - meu pai insistia.

Eu nem me dava o trabalho de responder, era sempre o mesmo discurso. Preferia morrer a ter que passar por todo aquele processo de novo, mas, infelizmente, não era escolha minha.

E lá estava eu, atrasada para o primeiro dia de aula.

- Abra um sorriso, ou vai acabar intimidando as pessoas. - meu pai aconselhou, brincando.

- Não tem graça. - falei, séria, saindo do carro e batendo a porta.

A escola era gigante. Provavelmente, maior do que todas as que eu já havia estudado juntas. Consegui identificar até um estádio de futebol do lado. As pessoas tinham que ser ricas pra estudar ali, o que não era nada bom. Gente rica geralmente é metida, e eu não tenho paciência pra isso. Aquilo seria um inferno.

- Quer ajuda? - um garoto mais ou menos da minha altura perguntou, me pegando de surpresa. - Você é nova, não é? Geralmente os novatos se perdem aqui. Prazer, Austin Mahone.

- Hã... Sim. - falei, tímida. - Obrigada. Meu nome é Camila. Camila Cabello.

- Vamos por aqui. - O garoto puxou minha mão delicadamente, me guiando pelo local. - Qual é a sua primeira aula?

Revirei meu bolso da calça procurando pelo papel que continha meu horário escolar, o qual parecia ter sumido do universo, até finalmente achá-lo no meu moletom.

- Biologia. - respondi.

- Ah, que sorte. É bem aqui. - Austin me levou apenas mais alguns passos à frente, parando perto de uma porta impecavelmente pintada de branco. - A gente se vê por aí, Camila. Se precisar de ajuda, é só chamar.

O garoto deu uma piscadinha descarada, me deixando sem graça. E lá eu fiquei, sozinha, prestes a interromper a aula que com certeza já tinha começado. Respirei fundo e contei até três antes de bater na porta delicadamente, entrando em seguida.

Sentei logo no final da sala, tentando ignorar os olhares curiosos. Eu detestava chamar atenção. Olhei ao redor por um instante e notei que tudo ali era impecavelmente organizado. As paredes bem pintadas, as carteiras perfeitamente enfileiradas, o chão inexplicavelmente limpo. Tudo em ordem. Estava me dando nervoso.

- Ei, meu amigo quer saber se você tem namorado. - Um garoto de boné me chamou a atenção. - Ele te achou bonita.

- Não tenho. - respondi, impaciente. - Mas isso também não significa que eu estou disponível pra ele.

O rapaz não esperava por aquilo. Ficou sem reação e deu um sorriso sem graça, indo cochichar alguma coisa no ouvido do menino ao seu lado.

- Eu sinto muito por isso. Os garotos aqui são tão bizarros. - falou, amigavelmente, o garoto que estava sentado à minha esquerda.