Seis

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Eleanor sentou ao lado de John, no sofá. Ele ainda estava assustado com tudo aquilo, mas não tanto como estava antes.
-Eu sou muito famoso em 2016? -Ele perguntou, Eleanor suspirou antes de responder.
-Você morre em 1980, um fã maluco atira em você. -Ela aguardou uma resposta, mas ele permaneceu calado. -Meus pêsames.
-Estou recebendo os pêsames pela minha própria morte, que interessante. -Disse John, Eleanor apoiou a cabeça em seu ombro.
-Não se preocupe, se eu estou aqui agora, é porque você foi lembrado de geração em geração, graças aos Beatles.
-Os Beatles?
-É o nome da banda que você forma com Paul, George e Ringo.
-Mas o nome é Quarrymen! E nem tem esse tal de Ringo. -John disse.
-É melhor deixar o tempo fazer o seu trabalho, já atrapalhei de mais.

A noite passou e logo amanheceu, John preparava o café na cozinha, enquanto Eleanor criava coragem para levantar, até que cedeu ao cheiro da comida.
Desceu as escadas tropeçando em seus próprios pés e quase caiu, se segurou nas paredes e no corrimão, acabou machucando o pé esquerdo.

Mancou até a cozinha onde estava John, ele colocava a comida nos pratos quando Eleanor apareceu.
-Bom dia, diferentona.-Disse John, Eleanor olhou para si e viu que estava com uma das calças de pijama de John e uma jaqueta de couro azul.
-Você não tem noção do quanto essa palavra é usada em 2016.-Disse Eleanor, sentando-se.

John terminou de servir a comida e sentou-se.
-O que houve com o pé?-Ele perguntou.
-Eu fui descer as escadas mais mole do que uma gelatina e acabei machucando.-Ela explicou.-Como eu acabei com essa roupa?
-Você não lembra? Você estava me ajudando a arrumar o meu quarto, achou essas roupas e vestiu, fingindo ser eu.-Ele respondeu.

Eleanor não lembrava daquilo, não lembrava de nada desde a conversa com John, na sala.
Talvez fosse aquilo, aquela conversa que teve com John envolvia o futuro. Agora John sabia quando ia morrer e se quisesse, simplesmente evitaria isso. Talvez aquilo a afetasse.

Maxwell não dissera nada sobre efeitos colaterais no viagante.

-Eleanor?-Chamou John, Eleanor retornou do profundo abismo de perguntas sem respostas, em sua mente.
-Sim?
-Você ficou com cara de pão, assim, do nada.-Ele disse imitando a cara de Eleanor.
-Normal, sempre acontece.

Eles conversaram até as oito da manhã e, por mais impossível que fosse, John mal tocou no assunto do futuro.

Falando em futuro...

No futuro.

Os carros de polícia circulavam por toda a cidade a procura de Eleanor, mas não havia nenhum sinal dela em lugar algum.
Os pais estavam desesperados.
Mas a visita de Lucy levaria a polícia a procurar mais alguém, além de Eleanor.

-O que você quer, Lucy?-Perguntou a mãe de Eleanor, entre lágrimas.
-Eu vi Eleanor conversando com um homem estranho, da última vez que a vi, ela disse que achava que ele era um fantasma.-Disse Lucy.
-Como era esse homem?!-A mãe de Eleanor chacoalhava Lucy como um brinquedo.-Diga!
-Eu não sei, não prestei atenção nos detalhes, mas ele era lindo.

Lucy tentou ao máximo ajudar a encontrar Eleanor, mas mal sabia ela que sua amiga estava sã e salva no passado. Mas segura do que eles no futuro.

Na delegacia, onde os pais de Eleanor passavam a maior parte do tempo, um grupo de jovens chegaram dizendo que a viram passar por uma porta e sumir.
-Que porta?-Perguntou o pai de Eleanor, esgotado, sem mais nenhuma lágrima para derramar.
-Era uma porta vermelha.-Disse um deles.
-Tinha algo aos pés da porta, eu vi ela se abaixar para pegar.-Disse outro.
-Ela estava quase cruzando a porta, mas começou a recuar, depois ela viu alguma coisa que chamou a sua atenção e entrou, depois simplesmente sumiu.

Até então os pais de Eleanor achavam que ela havia entrado em algum lugar do qual não pudesse sair, mas Eleanor entrara no passado do qual não queria sair.

Falando em passado...

No passado.

Alguém bateu na porta de John. E pelas vozes, eram dois alguém. Eleanor foi atender, mesmo mancando. John estava lavando a louça.
-Bom dia! Nossa..-Disse Paul ao ver Eleanor usando as roupas de John.-Johnor.
-Engraçadinho!-Disse Eleanor, dando-lhe um empurrão.

Paul entrou e arrastou consigo um tímido rapaz com sua guitarra, Eleanor o reconheceu na hora. Era George Harrison.

-Esse é o George.-Disse Paul, apresentando George para Eleanor.-George, essa é a Eleanor, nossa amiga.
-É um super hiper mega prazer te conhecer, George.-Disse Eleanor, ela o abraçou tão forte que ele ficou sem ar.
Quando o soltou, Paul a encarava sem entender, George menos ainda.-De onde venho é normal fazer isso.-Mentiu.-Não fiz com você e John porque nos conhecemos de um jeito bem estranho.

Paul e George sentaram-se e esperaram John aparecer para começarem a tocar alguma coisa.
Após alguns minutos ele apareceu e todos desceram para o porão.

Era um lugar meio úmido e pequeno, mas que acolhia todos os quatro sem sofrimento.
Eleanor viu um piano esquecido e coberto por poeira no canto e pôs se a tocar Rocky Raccoon, música que Paul cantaria no futuro.
-O que você tem nos dedos?-Perguntou John, Eleanor riu.
-Unhas.-Eleanor respondeu, Paul desatou a rir feito maluco, quase morreu sem ar.-Ué, o que foi?

George e John assistiram Paul ficar roxo de tanto rir, depois de um tempo ele se acalmou.
-Só você pra rir dessas coisas bestas.-Disse John, pegando sua guitarra e sentando-se em uma cadeira.
-Foi automático, perdão Eleanor.-Disse Paul, Eleanor sorriu para ele e voltou a tocar qualquer coisa.

Paul começou a tocar uma das guitarras e John olhou para Eleanor.
-Paul, o que você tocaria, no futuro?-John perguntou, Eleanor virou-se para ele.
-Não sei, o que vocês acham? Eu tenho cara de quem toca o quê?-Paul perguntou.
-Baixo.-Disse Eleanor, John lançou-lhe um sorriso.
-Puxa, mas eu...
-Um baixista incrível.-Eleanor o interrompeu.

Paul começou a tocar junto a John e George, Eleanor apenas observou o show que fizeram.
-Por que não tocam para os jovens, em algum clube ou bar?-Eleanor perguntou, Paul sorriu.
-Seria uma boa ideia.

A Door To The PastOnde histórias criam vida. Descubra agora