A Door To The Past

Dez

Eleanor sentiu o ar da tecnologia e do seu ar condicionado assim que cruzou a porta com Lucy.
-Sentirei muita falta deles.-Disse Eleanor, Lucy abraçou a amiga.
-Eles também sentirão sua falta, mas se lembrarão de você.

Eleanor não sabia como descer as escadas e aparecer diante de seus pais, assim do nada, depois de anos.
-Você tem que ir embora pela janela, Lucy, se meus pais verem você, vão achar que foi você que me escondeu.-Disse Eleanor, Lucy abriu a janela e saiu devagar, descendo pelos galhos da grande árvore no quintal de Eleanor.

Eleanor desceu as escadas devagar, viu seus pais na sala, assistindo um vídeo com as fotos dela.
O controle da TV estava em cima da mesa, ela o pegou e desligou a TV, seus pais viraram.
-Nunca gostei dessas fotos, eu pareço uma rolha de poço.-Disse ela, as lágrimas desceram instantaneamente dos olhos de seus pais.-Ah, agora eu sei por que eu sou chorona.

Eles deram um longo abraço e Eleanor teve se inventar uma história na qual acreditassem, o que não foi fácil.

Meses se passaram depois de sua volta ao futuro, Eleanor continuava viciada nos Beatles e ficava imaginando se eles ainda lembravam de você e em algum lugar de suas músicas, certas palavras eram dirigidas a ela.

Era uma terça feira, Eleanor estava na praça onde conheceu Maxwell, relembrando os momentos com John, Paul, George e Ringo.
Sentia falta da companhia deles, da ironia de John, dos ciúmes de Paul, da timidez de George, do jeito engraçado de Ringo.

Eleanor ouviu as folhas secas quebrando sob os pés de alguém que se aproximava, ela olhou para ver, mas não havia ninguém.
Quando voltou a olhar para frente, Maxwell estava sentado ao seu lado.
-Você quer me matar?-Eleanor perguntou, assustada, Maxwell riu.
-Eu não teria motivos.-Ele respondeu.-Aproveitou o seu tempo com os Beatles?
-Sim, mas eu queria ter ficado lá.-Disse Eleanor, Maxwell suspirou.
-Olha, minha jovem, se você tivesse ficado lá, as coisas poderiam ter acabado piores do que acabaram.
-Como assim?-Eleanor se assustou.
-Ah, eu esqueci que essa geração não assiste TV, a não ser que esteja passando uma série teen.-Disse Maxwell, tirando um jornal de uma mochila.-Não trouxe uma TV comigo, mas creio que isso ajude.-Ele mostrou o jornal para ela.
-Paul McCartney revela que os Beatles teriam cinco membros, e o quinto membro seria uma garota.
"Ela era incrível, diferente de qualquer outra garota daquela época, seu nome era Eleanor e nunca mais vi seu rosto." Diz ele.-Eleanor leu em voz alta para Maxwell.-Mas eu... John..
-John não contou nada a Paul sobre você, mas como você percebeu lá no passado, Paul era apaixonado por você, ele não esqueceu de você e agora trouxe isso para a mídia.
-E o que você quer que eu faça? Não posso impedir que ele fale publicamente sobre o passado dele.-Eleanor disse, Maxwell abriu um sorriso.
-Não, mas você pode voltar no tempo e impedir que você esbarre em John.-Explico Maxwell.-Seria o fim de nossos problemas.
-Se eu fizer isso, nada do que houve vai ter sido real, vai ser só uma lembrança minha..
-Sim, vai ser só uma lembrança sua, mas eu posso levá-la a um show deles, o que acha?-Maxwell perguntou, Eleanor concordou e os dois seguiram para a casa de Eleanor.

Maxwell parou na porta.
-Não vai entrar?-Eleanor perguntou.
-Não, isso é com você.-Ele tirou uma chave do bolso e entregou a Eleanor.-Coloque a chave na fechadura e gire-a, você sairá na frente do local onde esbarrou com John, alguns minutos antes.-Explicou, Eleanor pegou a chave a apertou na mão.-Boa sorte.-Maxwell lhe deu um beijo no rosto e sumiu durante isso, Eleanor continuava sem entender isso, mas ignorou e colocou a chave na fechadura.

Lá foi ela outra vez, se aventurar num passado distante, para impedir que o futuro se torne uma bagunça.
Eleanor esperou e viu se aproximar o garoto que esbarrou com o outro eu dela.
Era John, ele estava sorridente e caminhava alegre. Eleanor estava encantada, tanto que não percebeu a aproximação de seu outro eu.
Ela só percebeu quando ela esbarrou em John, só então a ajudou a levantar e a empurrou para o lado.
-Diga a Paul que eu o amo.-Disse, correndo e puxando ela mesma.
John ficou sem entender nada e seguiu seu caminho para casa.

Depois de correr para longe, ela parou e segurou a outra Eleanor pelos ombros.
-Você... sou eu?-Perguntou a outra Eleanor, a Eleanor original respirou fundo.
-Sim e temos de voltar para o futuro, pois vai acabar dando merda.-Disse de uma vez.-Entendeu, Eleanor?-A outra Eleanor não sabia o que dizer, tudo estava confuso.-Eu sei que não, agora vamos.

As duas Eleanor procuraram um lugar vazio que tivesse portas, mas apenas encontraram uma casa abandonada.
-Eu espero que funcione.-Disse a Eleanor original, e as duas voltaram para o futuro, mas a Eleanor original não estava no quarto que Maxwell dissera.

-Onde está a outra Eleanor?-Ela perguntou, Maxwell riu, os dois estavam na praça novamente.
-Está na casa dela.-Ele respondeu.
-Você quer dizer na minha casa.
-Sim, mas não se esqueça que você é ela, então...
-Isso travou meu cérebro.-Disse Eleanor.
-Assim como o cérebro de quem está lendo isto, mas não faz diferença, o que realmente faz diferença é que o futuro voltou ao normal.
-Mas você disse que as memórias seriam colocadas por cima das outras.-Disse Eleanor.
-De fato, mas agora Paul McCartney voltou a mídia e explicou que aquilo era uma brincadeira.

Os dois ficaram calados por muito tempo, até que Eleanor resolveu quebrar o silêncio.
-O tempo é uma coisa interessante, te aproxima de pessoas incríveis, mas também te afasta delas.-Disse, Maxwell riu.
-Muito profundo, mas eu preciso voltar para a minha rotina.-Disse Maxwell.
-Rotina de abrir portas no tempo?-Eleanor riu.
-Claro, as coisas só acontecem se alguém deixar as portas abertas para que aconteçam.-Ele se levantou e deu as costas para Eleanor.
Eleanor fez o mesmo.

-Eleanor.-Ele chamou, Eleanor se virou.-Para onde está indo?
-Para qualquer lugar.-Ela respondeu.
-Não gostaria de vir comigo?-Ele perguntou.
-Ir para onde?
-Abrir portas no tempo.

Hello, hello, I don't know why you say goodbye, I say hello.
Tá, parei.
Bem curta essa história, né? Também acho.
Mas ela é o início de todas as outras.
Isso não é um adeus, mas sim um até logo.