— Me liga!
May faz um gesto próximo ao ouvido com os dedos enquanto se afasta de mim para dar ênfase à sua frase dita. Quando ela se vira, avisto perfeitamente os contornos de seu bumbum se rebolando como se estivesse numa passarela, inspirada por uma música agitada em sua mente.
Eu havia ficado com ela na semana passada num hotel, algo que foi motivo de fofoca para o colégio no dia seguinte. May é das boas, mas não é a melhor, então já deixo claro para mim que não acontecerá nada novamente entre nós.
Passo a mão no queixo e me desencosto do armário metálico, indo para o grupo de amigos conversando num círculo animadamente.
— E aí, Nick? Como vai? — me cumprimenta Fill, meu melhor amigo.
— Tranquilo. Ficou sabendo da May?
Matt, um amigo de cabelo pintado de vermelho, se pronuncia:
— Puts, todo mundo sabe. Sem contar que é mais fácil você dizer quem não pegou ela do que dizer quem pegou.
Rio, assim como os demais.
— Nosso amigo ali é um dos que não fazem parte da lista — diz Jason, apontando para uma direção no final do corredor.
Ele estava apontando para o "Danificado", o apelido que dávamos para um menino loiro e tímido do colégio. Chamávamos ele dessa forma pelo fato de ele ser homossexual, algo que foi descoberto alguns meses atrás. Sinceramente, Arthur, o garoto, não transparecia ser isso desde que chegou aqui — há três anos. O que o entregou foi uma vez em que Matt pegou sua mochila no corredor e a jogou no chão para provocá-lo, o que acabou espalhando de dentro dela um livro de capa desgastada escrito "Amor Secreto". Claro que o nome não denunciava absolutamente nada, mas a história — escrita por ele mesmo — contava um romance entre dois homens. E assim se seguiu o "Danificado", espalhado por todos.
Nunca me aproximei dele; só o via de longe. Ele sempre anda com o pessoal das Exatas, uma galera sem graça que soluciona tudo ao redor com fórmulas e teorias que não fazem o mínimo de sentido para mim.
— Gays não contam — protesto.
Como se ele estivesse escutado, seu rosto se vira lentamente para nós, mas só por um único segundo antes de olhar para seu armário novamente, carregado pelas bochechas vermelhas.
— Viu só como ele fica atraído por meninos? — zomba Fill, rindo. — Mas confesso que até eu sentiria atração por mim mesmo.
— Sempre iludido — digo. — Espelhos estão aí para diminuir seu amor próprio, Fill.
— Cale a boca.
Gargalho. No mesmo instante, o Danificado passa bem longe de nós com os livros abraçados sobre o peito. Diferente da primeira vez, ele não nos observa ao caminhar pelo corredor onde estávamos.
— Amor... Secreto... — engasga propositadamente Matt perto dele, fazendo com seus passos sejam mais apressados.
Tornamos a rir, dessa vez bem mais alto, inclinando nossos corpos para frente com força.
— Aí, me ajudem numa coisa! — peço, correndo para o armário do Danificado. — Venham!
Eles começam a correr também, seus rostos adorando a ideia.
— Matt, pegue um balão. — Aponto para o canto superior à direita, próximo ao cartaz onde informava que no próximo mês ocorreria o baile fantasiado. — Alguém aí tem um clipe?
— Tenho um — diz Jason, remexendo na bolsa. — Pegue.
— Beleza!
Retiro da minha mochila um pote pequeno de tinta vermelha que usei na semana passada em Artes. Matt traz um balão e eu tiro o ar dentro dele com cuidado; o preencho colocando a tinta, e depois abro o armário de Arthur com o clipe — um movimento que se tornou rápido e fácil após praticar durante os anos.
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MINHA PRINCESA É UM PRÍNCIPE [DEGUSTAÇÃO]
RomanceNicholas VanCamp é o típico garoto de colegial no qual todas as garotas fazem o impossível para ter ao menos uma chance de tocar seus lábios. Bonito, popular e muito cobiçado, Nicholas se vê como um rapaz incontrolável e dono de si, sem medo de enca...