4 | Ao som doce de um olhar verde

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— Então, como foi o seu primeiro dia com o gay? — pergunta Fill quando estávamos procurando um lugar para sentarmos no refeitório. Optamos por uma mesa posicionada bem no centro.

— Ele tem nome — digo o mais normal que consigo.

Nem preciso virar meu rosto na direção de Fill para confirmar que há um ponto de interrogação enorme em sua cabeça, sem entender por que eu estava agindo assim.

— Cara, você está estranho, sério. Não foi você mesmo quem se referia a ele assim?

— É, mas não mais. Jones foi muito clara em me alertar o que aconteceria se eu continuasse por maltratá-lo, e é por isso que tenho que agir naturalmente com ele.

Óbvio que a minha mudança em relação a Arthur não tinha nada conectado à diretora — e, se tinha, então era insignificante —, mas me serviu como desculpa para Fill. Se ele fosse acreditar em mim ou não, isso não me interessaria.

— Você pega nosso lanche para nós? — Aponto para a fila curta formada pelos alunos no refeitório.

— Claro. — Ele se levanta. — Mas nem pense em fugir do assunto. Quero descobrir o que esse garoto fez com você.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Fill já se encontra caminhando até a fila. Na mesma direção, avisto Matt e Jason conversando animadamente entre si, e depois me notam, vindo até mim com sorrisos que poderiam encontrar a parte detrás de suas cabeças.

— Hey, Nick. Vai ter verdade ou desafio na casa do Jason à noite — comenta Matt, apontando para o amigo ao lado. — Você vai, não é?

Sorrio para eles como um pedido de desculpas, indicando que minha diversão estaria por água abaixo por conta de Arthur.

— Foi mal, galera, mas não vou. Esqueceu do que houve comigo? Não é por isso que vocês estão me zoando?

— Ah, qual é, Nick! — exclama Matt, sentando desajeitadamente no banco. — O Nicholas que eu conheço cancelaria qualquer coisa para beijar uma garota.

Vejo por um breve instante que Jason assente.

— O antigo Nicholas faria isso — corrijo. — O novo tem compromissos mais... importantes.

— E desde quando o gay está à nossa frente em sua lista? — Matt levanta uma sobrancelha em provocação.

Estou prestes a responder quando Fill chega com nosso almoço, infiltrando-se na conversa:

— Esqueçam, garanhões. Temos é que parabenizar ao Nick, senão nenhum de vocês iriam se divertir hoje.

Agradeço a seu comentário com um olhar, e ele entende que eu estava precisando de uma força com os dois. Mas eu não sou bobo a ponto de não imaginar que ele quer uma satisfação pela sua pergunta mais cedo em relação a Arthur, então não me sinto em completa salvação.

Jason levanta suas mãos em rendição.

— Okay, então. Mas, caso mudem de ideia, nos liguem para chamar mais garotas. — Ele pisca um olho e sai, Matt o acompanhando logo atrás.

Fill balança a cabeça rindo e me entrega um dos pratos com strogonoff, o que me faz comer rapidamente para manter minha boca ocupada, apesar de ser em vão.

— Onde estávamos? Ah, lembrei... — diz ele. — Arthur. Desde que você aprontou aquilo, você tem agido... como eu posso dizer... diferente. Ele não ameaçou você, ameaçou?

Eu rio alto, quase me engasgando pela comida. Aceno um "Não" para ele.

— Longe disso — garanto, me recompondo em seguida. — Ele só é... misterioso, acho. Misterioso de um jeito bom. Na primeira vez em que falei com ele, eu vi em seus olhos uma versão que eu gostaria de ver em mim. Ele é... o que eu gostaria de ser, entende?

MINHA PRINCESA É UM PRÍNCIPE [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora