7 | Descontrole

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Splash.

Meu corpo afunda num estrondo na piscina do colégio após meu professor ter apitado. Eu estou completamente feliz pela decisão de Arthur em aceitar meu convite para me ver nadar, o que exigiu que ele faltasse à aula de Sociologia. Por essa razão nado com vontade até o fim, voltando no sentido contrário em segundos rápidos — surpreendo a mim mesmo.

Gabriel, o desprezível garoto que infelizmente representaria nosso colégio comigo, seria o próximo a pular. Pelo menos ele não se rebaixou a ponto de querer uma briga a murros como pensei que fosse fazer depois de enfrentá-lo na semana passada, embora olhasse torto para mim todas as vezes em que nos cruzávamos no corredor.

Subo quando termino a corrida na água e ouço o time de encerramento no relógio do professor.

— E aí? Fui bem? — arfo, buscando a toalha abaixo do meus pés. Limpo meu rosto para enxergar melhor.

— Dezesseis segundos — ele diz, a voz orgulhosa. — Quase iguala ao seu recorde, mas temos que dar um desconto. Afinal, é sua primeira corrida hoje.

Sorrio e lanço meu olhar para a arquibancada, erguendo um gesto de vitória para o menino que tanto está me fazendo saudável esses dias. Arthur ri, acenando de volta com uma alegria igual à minha.

— Gabriel, é sua vez — chama Dennis.

Gabriel se levanta de seu ciclo de amigos sem graça e se encaminha até a borda da piscina, enquanto eu vou onde Arthur está. Seu look é tão impecável quanto ele: calça jeans justa e rasgada acima dos joelhos, camisa branca sob outra em xadrez e um gorro azul escuro na cabeça — que agora já não tinha mais aquela faixa cobrindo sua testa.

— Licença, é aqui que fica a Beleza Tour? — pergunto educavelmente para ele com ambas as mãos para trás.

— Aqui mesmo, por quê? — Ele segura um riso.

— Nada, eu só queria saber se ainda posso comprar meu ingresso para entrar.

Arthur revira os olhos, dessa vez gargalhando.

— Você sabe que já é de casa, Nick — diz ele.

Dou um sorriso e me sento ao seu lado, enxugando meu rosto com a toalha.

— Preparado para o campeonato? — pergunta. — Sei que está bem perto...

— Pois é — suspiro. — A gente nunca está, mas eu me garanto na vencida.

— Eu torço por você. — Ele me observa atentamente por um tempo. — Hum... Nick... Minha prova de Genética é sexta-feira agora.

Levanto as sobrancelhas. Faz sentido, pois o conteúdo que estávamos estudando praticamente chegou no fim, coincidindo exatamente com a data da prova de Arthur. Eu só não fico feliz por uma coisa: não poderei mais ir na sua casa, e não sei se ele vai querer falar comigo com a mesma frequência depois. Isso me deixa triste e solitário.

Me deixa sem vida.

— Agora é minha vez de perguntar: você está pronto?

— Com um professor como você pegando no meu pé o tempo inteiro — ele diz sorrindo —, é impossível não estar.

Abro a boca para falar mais alguma coisa — que eu iria sentir falta da sua companhia quando fosse acabar os estudos —, mas Dennis me chama pelo apito, me desnorteando completamente.

— Vai lá, eu espero você.

Assinto um pouco relutante e retorno à piscina, infeliz ao saber que a pequena parte da minha vida onde Arthur se encaixou está mais próximo do fim do que eu imaginava.

MINHA PRINCESA É UM PRÍNCIPE [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora