Mais uma perda

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Gente, demorei de novo, né? Pois é. Mas agora um capítulo curtinho pra vocês não cansarem, porque na próxima, provavelmente, vai ter mais. Obrigado por lerem, beijooos e amem

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- Pai, por favor... Não faz isso. Olha o que a tristeza fez com o senhor, olha o que a perda dela fez com a gente. - digo, com lágrimas caindo.

- Com a gente? A gente? Você nem parece demonstrar a perda dela, não liga, não parece estar triste. Olha com quem você anda. - ele também pode estar chorando, mas não abaixa a arma e não esquece a dose de agressividade.

- O quê? Eu sinto sim a falta dela. Todas os dias, tardes, noites. Sinto a falta do beijo, o gosto do pão quentinho dela, o som da sua voz. Não ter a presença dela nessa casa, é como se a casa tivesse crescido quilômetros. Não ache que tem o direito de julgar a dor dos outros, só porque não sabe lidar com a sua. - sim, a discussão acontecendo e o Harry ainda lá. Mas a dor das palavras que saiam da minha boca e entravam nos meus ouvidos tapavam a vergonha que eu deveria sentir - Não se ache especial porque perdeu uma esposa naquele dia. Eu perdi uma mãe.

O silêncio, depois daquela frase, toma o local rapidamente. Nós três em silêncio, até que meu pai não aguenta mais se manter de pé, e cai de joelhos no chão, chorando, largando a arma ao seu lado.

- Eu sei. Desculpa, filho. Mas... Eu não consigo... - vendo aquela cena eu não resisto em ir me jogar no chão pra ir abraçar ele. Ver o meu pai chorando foi uma coisa que eu nunca iria imaginar, e presenciar aquilo foi terrível.

- Shh, pai. Não chora, por favor, não faz isso. Nós dois vamos passar por isso juntos. Não, nós três, porque a Lily vai voltar, afinal o senhor vai parar de beber, não é? - pergunto, e ele fica em silêncio - Não é, senhor John?

- Sim... - responde super choroso

- Promete?

- Prometo. - de cabeça abaixa, responde.

Naquele momento eu percebo que cometi o pior da minha vida. Eu deveria, antes de me levantar, ter tirado a arma dali...

- Desculpe filho, mas não posso... - ela pega a arma de volta, mas dessa vez não aponta pra mim... Ele aponta pra ele mesmo.

- PAI, NÃ- - Antes de eu poder simplesmente ter gritado e implorado pra ele não fazer aquilo, eu ouço o barulho estridente da arma e assim a casa cresce mais alguns quilômetros.

Depois daquilo, eu não fazia mais nada direito. Mesmo ele não sendo um pai exemplar após a perda da minha mãe, antes ele era e mesmo que não tivesse sido, eu o amava demais. As meninas iam me visitar todos os dias, mas o Harry só falava comigo por telefone. Eu entendo ele, presenciar aquilo não foi fácil pra nenhum de nós dois. Até que um dia, ele resolveu bater na porta lá de casa.

- Oi, Louis. - ele diz.

- Oi, Harry. Entra vai. - eu não tenho nem coragem de chamar ele de qualquer apelido que seja.

- Cara, agora eu realmente não tenho ideia do que você ta passando. Então, eu sinto muito. - ele diz e eu sinto toda sua sinceridade.

- Harry, você diz isso todas os dias nas ligações e todas as vezes eu respondo "obrigado". Mas como eu sei que você saiu da sua casa pra vir aqui me dizer isso, eu vou agradecer mais uma vez: O-bri-ga-do.

- Sair de casa pra dizer uma coisa a alguém? Você sabe disso melhor do que eu, não acha? - eu sorriu, meu Deus. Que capacidade incrível essa dele. Ele assim me puxa e me abraça forte. Eu não sei porque, mas tenho uma sensação tão boa de segurança. Como se nada no mundo fosse capaz de me ferir ali. Assim quando eu saio do abraço dele, ele diz:

- Eu estou aqui pra você, okay? Qualquer problema, dúvida, se a questão do seu dever de escola tá difícil é só falar comigo... - Puta que pariu, eu sorriu de novo. - Ei, olha pra mim. Promete?

- Prometo. - eu não sei como, mas o rosto dele vai se aproximando cada vez mais. Eu não quero e não consigo me mexer dali. Então, o beijo acontece...

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