Voltando as Origens

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POV Karen

Havia acabado meus estudos, feito minha quarta tatuagem e enfim, voltaria a Londres. Dentro do ônibus eu tentava olhar o pôr do sol e quase sempre meu cabelo cobria meus olhos. Eu adoro andar de boné, mas eu não pude enfiar um closet de bonés na bolsa. Eu me via na janela, com todos esses defeitos, sardas e cabelos mal cuidados e duvidava que minha família iria me reconhecer depois de tanto tempo. Eu realmente toquei o foda-se e parei de usar maquiagem e andar se cabelo preso. Não quero agradar ninguém. O ônibus está fazendo seu tour pela cidade e dá pra reconhecer Londres de longe. Bate um certo arrependimento de ter ido embora tão cedo. Queria chegar na casa dos meus pais logo e ficar olhando minhas tatuagens, deitar na minha cama e olhar pro telhado cheio daqueles colantes que brilham. Saudades de quando mamãe me ajudava a decorar meu quarto. O ônibus encostou na rodoviária, peguei um táxi e contava nos dedos o tempo até chegar em casa. A vontade era de enforcar o taxista e dirigir eu mesma até lá. A rua continuava a mesma, com suas casinhas pintadas de uma cor só e todas com seus jardins e cercas brancas. Chegando na frente de casa, uma música melódica tocava em minha mente, junto com a saudade e uma porrada de explosão sentimental. Eu ia chegar de surpresa. Aquele jardim, cercas brancas que papai fazia questão de pintar de mês em mês, o corredor de pedrinhas até os dois degraus que me separavam do casarão amarelo e a rede pendurada na esquerda próxima a janela. Continua a mesma. Eu queria muito abraçar meus pais. Corri até a porta e bati com um sequência, como sempre fazíamos. A porta estava encostada e logo abriu. Entrei e enchi os olhos de lágrimas por ver o ambiente em que passei vinte anos da minha vida não havia mudado em nada. Fui até a cozinha, que sempre achava horrível por ter uma coloração de amarelo velho e seus azulejos terem galinhas de avental. Encima da mesa havia um pires segurando um papel. Nesse estava escrito:

"Beth, fique aqui até eu voltar, aconteceu o que eu não queria."

Que saudades da Beth, a vizinha do outro lado da rua, com quem eu gostava de passar a tarde. Sinto saudades da filha dela, por quem eu ainda sinto uma quedinha. Parece que estou pensando em voce, Rose.

Adorava admirar aquele cabelo loiro dela até os ombros e seu sorriso que fazia sorrir qualquer um que o visse.

Enquanto eu imaginava eu e Rose agarradas, Beth entrou pela pela porta . Sua expressão de medo me assustava. Ela não acreditou ter me visto ali. Veio e me abraçou forte. Seus cabelos cacheados e cheio de bobs encostavam sobre meus ombros. Ela chorava. Eu fiquei sem entender o que acontecera e estava assustada. Ela pos suas mãos geladas em meu rosto, me encarou e sorriu enquanto seus olhos estavam cheio de lágrimas. Pegou o bilhete da mesa, tossiu e tentou me encarar enquanto as palavras não saiam.

Eu queria acalma lá, e ela olhou fundo nos meus olhos e sem a menor coragem e voz me disse o que eu não queria ouvir:

Sua mãe partiu, Karen.

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