POV ROSEOs ponteiros do relógio batiam como estacas. Eu procurava um analgésico na bolsa enquanto sentia a nuca esquentar.
"Tem alguém me olhando" - pensei.
Essa sensação já estava me irritando. Eu procurei por todos os lados, até dirigir meu olhar para as persianas. Gabriela estava a me olhar. Ela me olhava de uma forma como se pudesse dizer "deixa eu te ajudar, não gosto de te ver assim".
Então comecei a observá-la pra ver se ela iria gostar dessa sensação de nuca queimando. Ela percebeu quando fui olhar, e resolveu abrir a porta:
- D... Doutora, a senhora precisa de.. de.. alguma coisa? - disse ela acanhada.
-Antes de tudo, eu me ofendi com o "senhora". Você parece um homem tentando ser educado. Preciso que sente aqui e converse comigo, por favor. - respondi fazendo uma cara de séria.
E então ela veio cheia de medo, como se eu acabasse de ter dado uma bronca nela. Puxou a cadeira da mesa e sentou bem devagar, porém deu pra notar que ao vir sentar , ela olhou para mim e mordeu seu lábio inferior.
"Como pode ela vir desse jeito? Isso mexe comigo, caramba." - pensei
Gabriela se sentou, juntou suas mãos e cruzou seus dedos. Fiquei observando o tão nervosa ela estava próxima de mim. Era tão hipnotizante observar a forma e a curvatura de seus seios perfeitamente cheios. Enquanto os observava, lentamente ia me aproximando de Gabriela. Ela parecia um pimentão de tão vermelha. Parecia que estava tentando dizer algo.
- Doutora! - indagou, nervosa.
- Diga - respondi.
- A senh...
E então comecei a lhe encarar de uma maneira para deixa-la tímida, e ela, sem graça, começou a rir. Parecia rir de nervoso, mas começou a entrar no meu joguinho de olhares. Eu mordi meu labio inferior, e então - eu não sei fazer uma cara sensual - caímos na risada. Rimos por segundos ate que novamente aquele silencio tomou conta da sala. Nos olhávamos, ela aflita, eu super afim de dar um beijo naquela boca semi-aberta, com expressão de desentendimento. Tudo havia congelado em volta de nós, e aquele espírito adolescente tomou conta de mim. Estava prestes a fazer algo errado, mas que seria muito gostoso - eu sempre gostei de aprontar-, e nao havia nada que pudesse me impedir. Enquanto Gabriela abaixava sua cabeça, já desacreditada do que iria acontecer, coloquei minha mão direita por entre sua nuca, tocando seus cabelos - tomei as rédias - e a trouxe para proximos de meus lábios. Enquanto sua boca ainda estava semi-aberta, passei minha lingua por seus lábios. Ela ja nao tinha reação, e eu comecei a beija- la, usando minha lingua repitidas vezes. Ela não parecia beijar bem, mas era ótimo sua falta de experiência, assim eu podia morder e chupar seu lábios e sua lingua. O beijo ficava cada vez mais envolvente e minha mão cada vez mais atiçada em sua nuca. Pensa em um beijo adolescente foda: era o nosso. Até o momento em que Gabriela pareceu querer respirar, e se desprendeu de mim. Ela me olhava aflita, ofegante, e sem acreditar no que havia acontecido. E eu só querendo mais.
-Doutora, por favor.. pare! - disse Gabriela, deveras constrangida.
- Sempre sonhei com isso Doutora.. mas não aqui e agora - continuou enquanto se levantava e ajeitava sua roupa.
Eu só sentia uma mistura de tesão e arrependimento. Nossa que situação constrangedora. Mas um lado de mim queria continuar aquilo. Desconsertada, Gabriela deu um sorriso torto e ali eu percebi que ela queria mais.
-Após o plantão podiamos tomar um café, doutora? - disse ela,envergonhada.
Durante cinco segundos eu me mantive em silêncio. Repaginando tudo o que me aconteceu ontem. Acho que eu mereço um momento mais do que ninguém. Minha racionalidade havia desligado a chave e eu só queria que aquele plantão acabasse logo.
- Pode ser fofa, pode ser - respondi com um sorriso safado no rosto.
Gabriela se virou as pressas e saiu da sala. Um lado meu já havia se arrependido, mas como boa louca que sou, liguei o foda-se pra ele. E ajeitei minhas coisas devolta no estojo e devolvi a gaveta. Por alguns minutos respirei bem fundo enquanto meus pensamentos diziam:
"Você merece... viu o que seu ex noivo fez ?"
"Amor? Ainda acredita nessa baboseira?"
"Ninguém sorri de amor depois de uma boa foda, sorri por que fodeu."
Me surpreendi comigo mesma por aqueles pensamentos revoltados. Me levantei, me arrumei e fui atender alguns pacientes. Antes de sair da sala, olhei as cadeiras onde estávamos sentadas e dei um sorriso bobo. Quando peguei meu celular no bolso do jaleco, vi uma mensagem da Karen que dizia:
"Espero que não se chateie pelo que fiz, mas peguei o endereço da casa do seu pai. E estou indo lá. Não conte pra sua mãe nem para o meu pai. Não me ligue, não vou atender."
Eu.. não acredito...
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Esqueça- Me
RomanceKaren e Rose sempre foram melhores amigas desde crianças. Karen tinha um sentimento forte não assumido por Rose. Rose sempre via Karen como seu objeto sádico por causa de suas experiências juntas. Porém, com algumas situações repentinas, elas se sep...