O que devo fazer por você?

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POV ROSE

...

O avô de Molly, senhor Patrick.. sofreu uma parada cardíaca e sua situação e muito critica. - disse a enfermeira.

Faltava pouco pra eu jogar tudo no chão, cair de joelhos e começar a chorar. Olhei para o meu relógio, respirei fundo e fui me dirigindo até a entrada sem olhar para a enfermeira.

Ao entrar no hospital e conferir cada um dos leitos, me bateu um verdadeiro arrependimento de estudar medicina. Vidas estavam em minhas mãos e nem a minha vida eu conseguia organizar. Entrei na minha sala, coloquei meu jaleco e fui até a sala aonde Molly estava. Cheguei sua aparelhagem e conferi sua temperatura. Queria tanto ver aquele sorrisinho dela novamente. Aos poucos tive que me recuperar para não começar a chorar no leito. Me virei tensa e fui em direção a minha sala. O corredor estava até calmo. Cheguei a minha sala, e me deparei com os ponteiros de relógio mais barulhentos do mundo. O tempo parecia não passar e a cada batida dos ponteiros eu parecia levar um tiro. Não havia nada tão torturante, e então comecei a suspeitar que eu estaria entrando em uma depressão.

"Sabe o que devo fazer? Fumar um cigarro é bom de vez enquanto."

"Talvez uma Jack Daniels alivie essa minha dor"

"Fumar unzinho também me ajudaria."

Todos esses pensamentos batiam na minha cabeça. Eu olhava a tela do celular e o bater dos ponteiros me deixava cada vez mais agitada, a ponto de fazer alguma besteira. Olhei em volta, e tudo estava uma paz. Então peguei minha chave e abri a minha gaveta na mesa. Ninguém tinha acesso aquela gaveta à não ser eu. Lá havia qualquer coisa que eu precisasse em um momento de desespero. Um cartela de redwood, meu canivete Snape que tenho desde os 15 anos, chocolates velhos e o meu estojo desgraçado. Engraçado pensar que eu chamo assim por ele parece uma agenda, ou Bíblia com zíper. Só que ao abrir o zíper havia um compartimento enorme aonde eu escondia as minhas coisas proibidas. Haviam uma gilete velha dentro dele que foi presente da Karen, algumas sedas e meu bloco de notas com várias folhas escritas "legalize weed".

Na adolescência eu adorava praticar rebeldia, porém vi o tão importante é o uso da tal "plantinha" na medicina.

E só agora repensei o fato de estudar medicina. Respirei fundo e olhei para a porta do meu escritório, que parecia um paredão me que separava dos problemas. Meu celular vibrou, e apareceu um sms dizendo:

- Oi, consegui seu numero com sua mãe :)

"Que estranho, quem seria?" - fiquei me perguntando. E recebi outro em seguida dizendo:

- desculpa, é a Karen aqui ;)

Ai que vontade de bater nessa garota. Eu comecei a sorrir dentro da minha sala enquando a enfermeira Gabriela me olhava pela veneziana na janela.
Sequei as lagrimas, e respondi o sms dizendo:

- Eu vou te bater só pelo fato de você ficar usando emojis, sua vaca.

E sai da sala sorrindo enquanto Gabriela ficava se perguntando mentalmente o por que daquele sorriso.

Eu fui, super motivada visitando sala por sala de cada paciente, verificando se precisavam de mim.

Até que novamente eu passei pelo quarto de molly. Sua mãe estava aos prantos. Eu fui até la, abracei a mãe dela e me sentei do lado da cama. Ao chegar perto de Molly eu sentia algo bem forte, uma especie de vibração que nos envolvia. Era estranhamente bom estar ali. E eu segurei a sua mão. Fiquei alguns minutos observando aquele rostinho lindo, e me lembrando da minha época inocente de criança. Das coisas que aprendi logo em seguida, e ai eu me senti um pouco incomodada por estar pensando nisso. Dei um beijo na testa de Molly e sai do lado da cama para novamente abraçar a mãe dela. Ao sair do seu leito, fui ate a veneziana para espia-lá. Vi sua testa ficar amarela por um segundo. Eu nunca vi uma coisa dessas, não e possível. Esfreguei meus olhos e não havia nada. Deve ser alguma loucura da minha cabeça. Aquilo me fez sorrir também, de alguma forma. E eu acabei sorrindo novamente, olhando para as horas em meu celular, e esperando o meu plantão acabar.

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