A verdade dói.

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Cacete.. eu não conseguia achar algum argumento para me desculpar com Rose. Estava imóvel, olhando para o chão enquanto Rose se acaba às lágrimas. Estar encostada no seu carro, era como estar sendo julgada em um paredão. Eu tinha argumentos,  mas ele não saiam. Eu encostei em Rose, a envolvi em meu abraço e a beijei na testa. Ela chorava muito. Enquanto Rose chorava deitada em meu peito, ela disse:

- Karen, me explica tudo, por favor.

- Quero conseguir fazer isso de uma vez, mas ainda não estou preparada. A morte de mamãe mexeu muito comigo. - eu disse.

Rose levantou a cabeça, e me beijou a testa. Em seguida disse:

- Eu queria fazer de tudo para te tirar dessa.

- Apenas sorria Rose, isso vai me ajudar bastante. - retruquei.

Ela sorriu e me olhou nos olhos. Podíamos sentir uma a respiração da outra, nosso olhos e narizes estavam alinhados. Ela me olhou nos olhos, como se desse a permissão para que eu a beijasse. O mundo inteiro parecia congelado. O tempo havia parado. Eu senti uma sensação boa tomando conta de mim.. e não a beijei.

- Você está noiva, Rose! - eu disse.

- Ahn? - disse Rose enquanto recobrava os sentidos.

- Isso seria traição, fora o fato de que se eu te beijasse você iria querer bem mais. - indaguei.

- Caralho Karen.. Você tem razão. - disse Rose.

E eu sorri ironicamente.

"Sua vadiazinha de quinta categoria, que eu sou perdidamente apaixonada.." - pensei.

Peguei a garrafa de vinho e tomei no gargalo, e Rose fez o mesmo. Ficamos sentadas no carro olhando para o céu. Dava para ouvir as risadas altas da Beth daqui. Eu e Rose já estávamos sorrindo por conta do vinho. Eu queria dançar. Então peguei Rose pela mão e corri até metade do gramado verde de sua casa, arrastando-a. Joguei seu corpo para frente ainda de mão dada com ela, e a puxei de volta. Era uma especie de tango, inventado por mim. Ela me olhava assustada enquanto eu comandava a dança. Eu a  joguei e com uma mão, trouxe-a e a enrolei em meu braço. Estávamos nos olhando novamente, olho no olho, nariz no nariz. E eu tô me odiando por ter feito isso. Então eu soltei Rose e ela começou a rir muito alto naquela rua vazia. Beth veio até a porta para ver o que estávamos fazendo, enquanto Rose ria. Rose me olhou sorrindo, virou-se e entrou na casa. Eu sorri enquanto olhava para o chão. Poucos minutos depois, Rose voltou eufórica carregando sua bolsa vermelha. Veio até mim e disse:

- Vamos conhecer a minha TARDIS!

-TARDIS e o nome do seu carro? - perguntei.

- Sim! Ou você não lembra da série que víamos? - Rose disse.

Eu não gostava tanto dessa série quando Rose. Tudo o que Rose dizia tinha a ver com Doctor Who.

- Lembro sim - comentei.

- Então, vamos entrar nela e desbravar o universo! - Rose disse.

Então eu ri, e entramos no carro. Rose no banco do motorista e eu no do passageira. Ela jogou sua bolsa vermelha no banco de trás. Enquanto Rose procurava o controle do rádio, eu olhava para todos os lados, vendo como o carro dela era lindo. Bancos de couro bege, estampados com um símbolo referente a uma cabine azul. Rose ligou o rádio, fechou os vidros e o aumentou fazendo o carro balançar a cada batida. Ela me olhava rindo e pelo olhar tentava me passar a próxima música. Eu a olhei séria e disse:

- Pelo amor de Deus Rose, não coloque essa música.. pela sua cara já seu até que música que é.

E ela passou. Começou a tocar "Cindy Lauper - Girls Just Wanna Have Fun"

- Eu não acredito nisso! - gritei!

E ela começou a gingar e me olhar tentando me fazer dançar. Não resisti. Batiamos palmas como loucas e fazíamos a dublagem da musica. De tempos em tempos ela me olhava e eu olhava pra ela, só pra ter certeza de que não perdemos o gingado. Aquele momento parecia em câmera lenta. Eu amei e tentei guardar o máximo de detalhes possíveis daquele momento. Eu me sentia carente, e queria abraça- lá mais do que qualquer pessoa.

- Melhor abaixar o som, Rose! Os parafusos do seu carro vão pular. - Eu gritei enquanto ria.

- GIRLLS JUST WANNA HAVE FUUN! - ela respondeu.

E eu tomei a liberdade de abaixar o som. Entao Rose me olhou, tentando fazer cara de brava. Parecíamos crianças sorrindo. Então no banco de trás, sua bolsa parecia vibrar. Seu celular estava tocando dentro de sua bolsa, e ela parecia nem se importar. Eu peguei a sua bolsa e a coloquei no seu colo. Ela ainda parecia não se importar. Procurei na bolsa pelo seu celular. Alguém estava ligando. Olhei novamente para Rose, esperando que ela atendesse.

ROSE, ATENDE LOGO! - gritei.

Tá bom, sua chata. - Rose disse.

Enrao Rose pegou o celular e atendeu.

- ALÔ, KEVIN? PODE FALAR. - Rose disse.

Dava pra ouvir que o tal Kevin estava em uma festa. E ele gritava de um jeito que até eu que não queria ouvir a conversa estava ouvindo. Então Kevin disse:

- Miga, eu tenho um bafão! O Chris ta aqui na festa!

E daí? Deve ser aquela despedida de solteiro que os amiguinhos dele estavam aprontando. - Rose disse.

- É gata, porém ele ta agarrado com três mulheres, sendo que uma delas já quase "deu" aqui pra ele na frente de todos. - Kevin respondeu.

- Não é esse tipo de coisa que acontece nessas despedidas sem vergonha? - Rose indagou.

- Miga, vou te mandar um vídeo.- Kevin respondeu.

Enquanto eu ficava sem graça com aquele momento, Rose parecia estar calma. Seu celular vibrou e o vídeo já estava em suas mãos. Eu olhava para a frente, porem com o canto dos olhos eu conferia o celular. No vídeo, Chris estava sem camisa em um club de Striptease, sentado e agarrado com duas mulheres. As duas que estavam em seu colo, beijando - o violentamente. Havia uma terceira mulher no vídeo tentando tirar o cinto da calça dele. Então Kevin novamente ligou e disse:

- Me desculpa miga, mas eu não podia deixar você sem saber disso.

E Rose permaneceu em silêncio, sua expressão parecia triste. Eu estava totalmente sem chão ali, próxima dela..

As palavras pareciam não sair da minha boca. Eu queria fazer de tudo para confortá- la. Eu me senti uma inútil.




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