Brad
- Fica bem, meu amor. - minha mãe diz, sorrindo e passando a mão no meu rosto - Se comportem, viu Bruno!
Meu amigo me olha e sorri.
- Pode deixar ti. - Bruno diz em resposta.
Eu acho meio ridículo essa coisa de "ti", Bruno já aprendeu faz tempo a falar "tia". Afinal, ele chamava minha mãe de ti quando tínhamos quatro anos, ele simplesmente não sabia dizer "tia", como uma criança normal. A coisa pegou, e era legal ficar zoando ele... Até Hair começar a imitar o irmão.
- Vocês não vão se atrasar? - indago revirando os olhos.
Minha mãe coloca a mão na cintura.
- Está querendo se livrar de mim, Brad? - pergunta, fingindo-se de ofendida.
Dou de ombros, rindo de sua expressão.
Ela puxa minha cabeça e beija minha testa. Depois, ouvimos a voz de Jimmy de dentro do carro. Minha mãe sorri, acena, e vai de encontro com o meu padrasto.
Alguns segundos de silêncio se passam enquanto nós acabamos até que o carro se vá.
- Então... Quando que o povo vem? Precisamos ir logo para a praia antes que fique muito cheia de gente. - Bruno diz, arrastando sua pequena mala pelo capim saudável.
Olho para a rua de terra batida, de frente para a casa de meus avós. Um ônibus aparece no horizonte, provavelmente carregando nossos amigos - ou amigos do Bruno.
- Abre a porta aí, tio! - ouvimos uma voz quando o automóvel para na nossa frente.
Logo Cárter desse do ônibus, carregando a mochila de viagem sobre a cabeça de cabelos tingidos de ruivo.
- Valeu, tio! - grita, pulando e levantando um pouco de poeira.
- Para de gritar. - Hair sai depois dele, com uma mala roxa e verde.
Seus cabelos dourados estão presos em um rabo de cavalo no topo da cabeça, ela abre um sorriso para Bruno, e parece não me perceber atrás do irmão.
- Como foi a viajem, Bruna? - pergunta ele.
- Cansativa, as meninas ficaram tocando um funk alto. - suspira ela - E não me chame assim, é estranho.
Chamamos Bruna de Hair por que a mãe dos irmãos decidiu dar quase o mesmo nome para os gêmeos, apesar de não serem nada parecidos, principalmente na beleza. Achamos que "Hair" era o melhor apelido para ela, quando tínhamos 12 anos, Bruna era dona de uma cabeleira enorme e dourada, sempre com cachos vistosos e armados. Até que ela começou a cuidar direito e ficou normal. Mas o apelido ficou.
- Oi, Brad. - sua voz ressoa acima das outras que saem de dentro do ônibus.
Vejo o sorriso que ela manda para mim e fico tonto. Hair nunca sorri para mim desse jeito.
De repente, um som estrondoso ecoa por todos os cantos, trazendo a todos um arrepio na coluna.
- Merda! - grita Tiffany - Vai chover!
Um coro de "ahhhhh" se forma pelo grupo de adolescentes.
Com certeza sou o único que não quer sair hoje.- Brad! - escuto meu nome - Brad?
Uma mão se levanta, sem necessidade, pois a dona dela possui uma altura alarmante.
Shaira se infiltra no meio das pessoas, carregando a mala laranja e rosa, com um turbante roxo em formato de flor sobre os cabelos crespos vistosos.
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Coletando Contos #Wattys2016
Short StoryAs vezes, você pensa que as coisas estão difíceis, a ponto de você querer parar e chorar, ou suplicar com os olhos por um abraço. E, por incrível que pareça, aqueles que você não espera, se mostram solidários. Ou, você julga alguém por coisas que a...