Amanda.
Eu ainda posso me lembrar de sua doce voz.
- AMANDA! - gritava quando entrei na sala.
- Bom dia. - disse, tinha que aprender a ser menos educada.
Harper revirou os olhos, batendo na própria mesa quando um garoto deixou um pacote de balas cair.
- Bom dia só se for para você! Onde está a redação? Aposto que não fez, né, inútil?
Ela nunca havia gostado de mim, sempre me usava para limpar a mesa, até que sua mãe, a professora de português viu uma redação minha e disse-lhe que eu deveria ter um cargo maior no jornal da escola.
- Fiz. - respondo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Tiro meu fichário de cima dos ombros e pego as folhas com a matéria.
Harper tira tudo da minha mão, amassando a maior parte, depois, arruma seu terninho no corpo seco e se joga na poltrona que sua mãe lhe deu. Ela corre os olhos pelas linhas e eu começo a mastigar as bochechas, que cedo ou tarde iriam começar a sangrar, tudo por nervosismo.
Demorei três dias para terminar aquilo, pesquisar sobre o assassinato da garota da minha rua. A questão é que ninguém queria falar sobre aquilo, e os pais não se davam ao trabalho de chorar enquanto eu tentava perguntar, eles apenas fechavam as portas e respondiam algumas coisas, vagas o suficiente para eu ter que procurar os avós da mulher de 23 anos.
Descobri a história toda depois de quatorze horas sem dormir. Foi no IML que me disseram que a menina na verdade tinha se jogado do prédio da faculdade, os pais tiveram um choque, mas realmente não se importavam com a menina. Depois de outra entrevista disseram que ela se matou por causa do namorado, e que era adotada.
Acima de tudo, isso me perturbou muito.
Acho que foi uma ótima matéria.
- Muito bem, ruiva. - Harper disse, depois de reler os papeis duas vezes - Odeio admitir isso, mas, gostei do que escreveu! Realmente.
Minhas pernas tremiam, meu coração estava quase saindo do peito e minhas mãos suavam. Um grito escapou de minha garganta, tapei a boca para segurar o som que estava por vir. Infelizmente, meus esforços não foram o suficiente para aguentar, o grito que emiti deve ter sido ouvido por meus pais no Brooklin.
- Fique quieta menina! Vá gritar com suas amigas.
Que amigas? Tinha vontade de perguntar, mas a minha alegria não permitiu.
Harper ajeitou os óculos na frente dos olhinhos puxados e depois abriu um sorriso que pareceu forçado.
- Muito bem, agora saia da minha frente. - disse ríspida - Deixa que agora os profissionais vão colocar sua matéria na primeira folha.
Não! Primeira folha? Mas... mas... e se não gostarem do que escrevi? Ai ai ai! - era só o que conseguia pensar.
Mesmo assim, saí da sala do jornal, caminhando pelos corredores escuros da escola. Eu estava sozinha. Logicamente, pois o nós "trabalhamos" depois do horário de aula.
...
- Sério? - meu pai pergunta incrédulo.
Olho para ele, a forma que ele perguntou era meio arrebatadora, como se não acreditasse que eu era capaz de fazer algo direito.
Minha mãe, por outro lado, estava com um sorriso no rosto que ia de orelha a orelha.
- Ah, minha menina... - disse, levantando de sua cadeira e puxando minha cabeça para seu peito - Que orgulho que tenho de você...
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Coletando Contos #Wattys2016
Historia CortaAs vezes, você pensa que as coisas estão difíceis, a ponto de você querer parar e chorar, ou suplicar com os olhos por um abraço. E, por incrível que pareça, aqueles que você não espera, se mostram solidários. Ou, você julga alguém por coisas que a...