Parts of me

Rain in New York

Pov Alycia.

-Alycia você está bêbada? -Diz Eliza, aperto os olhos para tentar vê-la melhor.

-Não... Quer dizer eu bebi, mas estou bem... -Respondo.

-Não, você está bêbada Alycia. -Diz Eliza, parecia meio brava comigo. Dou um passo minhas pernas estavam moles, eu cai em cima dela. Que me segurou.

-Eu bebi pra vim falar que eu... Pra ter coragem Eliza. Me beija. -Digo olhando em seus olhos.

-Bêbada não. Não quero arrependimentos no dia seguinte. -Eliza falava brava.

-Mas...

-Nada de "mas" Alycia não vou fazer nada com você nesse estado... Entra vou te dar um café bem forte.

•Duas horas antes•

Alycia você deveria ter ficado, deveria ter dito para Eliza. Mas dizer o que? O quanto estou confusa? Pela indecisão que me atormenta desde o dia daquela boate. Beijar Eliza era tentador. E reviver tudo o que aconteceu... Mas onde isso daria? O que aconteceria depois? Um arreio percorre o meu couro cabeludo. Ouço meu celular tocando. Marcus. Deslizo o dedo na tela para recusar. O que eu menos queria hoje era mais confusão. Eu sentia falta dele. E tenho certeza que só causaria mais estragos. Ele ligou novamente, desta vez atendi.

-Alycia... -Disse sua voz estava diferente.

-Marcus está tudo bem? -Digo. Ouço chorar do outro lado da linha. Nesse momento senti meu coração doer. -Marcus me diz, o que está acontecendo?

-Eu sinto sua falta, todos os dias, principalmente quando acordo pela manhã, e não tenho mais deus olhos verdes sobre mim, quando eu chego e você não está aqui... -Diz Marcus entre alguns soluços.

-Eu também sinto sua falta... -Meu coração estava disparado. No fundo eu não queria prosseguir essa conversa, eu sabia onde isso iria dar.

-Volta comigo Alycia.

-Não dá Marcus, não dá. Você sabe, que não dá faz algum tempo, eu não quero sofrer de novo, por favor não me obrigue a ser rude com você.

-Eu te amo... E sei que você ainda me ama... Por que estamos longe um do outro? -Disse Marcus.

-Marcus eu tenho que desligar. Tchau. -Desligo o celular, eu estava tremendo, era essa conversa que no fundo eu queria evitar.

Ligo para recepção peço dois vinhos. Logo chegou. Encho uma taça. As palavras de Marcus ainda estavam na minha cabeça. "Eu sei que você ainda me ama" uma pontada forte em meu coração. Amo? Será que amo mesmo? Será que estou tentando esconder isso mesmo de mim? Viro a taça de uma vez e encho novamente.

Marcus sempre foi uma pessoa incrível, sempre foi a melhor pessoa comigo, na fase da adolescência, a primeira vez, ele sempre foi o tipo de cara "para casar", mas no fundo eu sentia que faltava algo, faltava alguma coisa. Eu era feliz, mas não completamente feliz. O brilho nos olhos, as borboletas no estômago, tinham deixado de existir algum tempo, talvez havia ficado a comodidade, o costume de conviver com alguém. Eu não queria isso para mim, nem para Marcus. Estava tudo monótono. Por isso o motivo dos nossos términos, mas no fundo eu sempre acabava cedendo, talvez por que eu ainda o amasse, talvez por um simples costume de conviver com uma pessoa, ou talvez até mesmo por carência. Não era todas as pessoas que me conheciam como eu realmente era, Marcus me conhecia como ninguém, sabe de todas as minhas manias, hábitos, sabe até minha rotina diária, acredito que seja um dos motivos de eu sempre voltar.

Olho para taça está vazia. Minha intenção era mesmo me embebedar. Para talvez não lembrar da conversa terrível. Para não fazer nenhuma besteira. Ou fazer alguma besteira. Encho a taça e viro. Encho novamente. Agora me lembro de Eliza me perguntando se eu tinha alguma chance com ela. Automaticamente sorrio. Era óbvio que ela tinha todas as chances do mundo sobre ficar comigo novamente, demorei para admitir para mim mesma, mas toda vez que lembro da boate, a sensação que tenho é de querer mais sobre ela, encho mais uma taça de vinho. Os lábios de Eliza eram macios, passo a mão em meus lábios e lembro sobre seu beijo. Era fato que eu queria novamente, meu corpo todo queria, mas e depois, eu não podia machucar Eliza com a minha indecisão. Eu não podia machucar Marcus. Eu não queria machucar mais ninguém. Passo as mãos na cabeça olho para uma garrafa o vinho havia acabado. Abro a outra e contínuo bebendo. Encho uma taça e viro novamente. Essa era uma noite que eu queria esquecer. Olho para o celular está meio embaçado. Marcus tinha ligado mais umas três vezes e desistido. Retorno à ligação.