—— JIMIN ESTAVA CORRENDO. Não tinha um rumo, nem ao menos sabia onde estava para ser sincero. As árvores altas junto da humidade do próprio ar e a grama sob seus pés descalços só lhe davam uma dica: uma floresta. Mas como sairia dali? Não tinha muito tempo para pensar, galhos e pedras lhe feriam ou abriam ferimentos já existentes em si. Não tinha tempo, tinha que fugir. Mas para onde? Seria alcançado se tentasse, aquilo estava claro em sua mente. Tinha que fugir, o mais rápido que pudesse, não podia ser pego. Precisava conseguir tempo, tinha que conseguir salva-lo. Salvar? Nem ao menos conseguia se salvar, o que estava pensando? Mas precisava mais do que a si mesmo. Era alguém importante. Importante o bastante para que desse sua vida.
Merda, já estava pensando. Não havia tempo. Pensou em olhar para trás, mas sua mente e todo seu corpo imploravam para que não fizesse isso. Seus instintos gritavam por algo, mas o que? Nem sabia o que estava acontecendo. Estava sendo caçado como um maldito animal. A curiosidade lhe tomou, como sempre fazia, seu maior propulsor agora seria o motivo de sua morte se permitisse. Seu corpo congelou ao ceder aquela maldita curiosidade. O rosto virado para trás. Merda, merda, merda. Tropeçou ao tentar correr ainda olhando para criatura, mas não conseguia desviar o olhar. O vazio em seus olhos lhe fazia tremer ao mesmo tempo que parecia chamá-lo. A criatura gritou como se para lembrá-lo de que ele era a presa, a vítima de um joguinho sádico com apenas um final possível, sua insanidade ou se a criatura tivesse a mínima vontade, sua morte. Mantenha o jogo interessante e talvez saia vivo. Disse uma voz em sua cabeça, talvez sua própria ou a do monstro.
Tudo ardia como o inferno. Seus joelhos falharam, mas se obrigou a continuar a correr, tinha que se manter em movimento. Parecia tão inútil no momento, estava somente indo mais rápido em direção ao próprio destino sangrento. Mas pensou nele e aquilo lhe deu forças. Tinha que protegê-lo. Quem? Bem, a pessoa não possuía um rosto ou um nome, mas sua mente era clara em uma coisa: o sentimento. Seja lá quem lhe despertava aquilo, merecia. Nunca deixaria que fosse ele ali. Tinha um objetivo, alguém a proteger. Forçou mais. Tinha que aguentar.
Tinha pedras em seu caminho e o chão era irregular, claro que era, estava em uma maldita floresta. Seus pés já deviam estar em carne viva. O ardor que sentiu ao pensar confirmou, riu seco, precisava controlar seus próprios pensamentos. Olhou para trás novamente incapaz de controlar-se. A besta era grande, enorme, com uma pele cinza e seca como a própria morte, corria em uma velocidade quase sobrenatural. Como havia conseguido ficar em vantagem? Seria morto sem qualquer esforço, sabia disso.
Será que era tão lento assim? Se distraiu, por que havia olhado? Não seria o gato morto dessa vez. Será que o monstro seria piedoso? Uma morte rápida lhe parecia até mesmo atraente. Mas se fosse rápido seria perda de tempo. ele poderia não conseguir. Tropeçou. Os joelhos não aguentavam mais. O baque foi quase mudo e em instantes já era agarrado. Esperava um toque violento, mas a besta o segurava com quase carinho. As mãos secas e as unhas em formato de garras lhe acariciaram o rosto por um segundo. Mas que porra estava acontecendo? As mãos eram tão secas que sentia dor ao tê-las em contato com sua pele. Nojento. As garras agarraram sua pele, ardeu.
Não. Não podia ceder. Começou a se debater, mas a fera o prendia como quem segura uma pena. Fácil de conter. Era uma presa pequena afinal, nada muito difícil. Talvez a própria besta tenha lhe dado tempo de propósito. Um jogo. Como a própria voz em sua mente lhe disse. Brincando com a comida como uma criancinha. Estava se divertindo com seus sentidos, com seu medo. Por um momento, encarando aqueles olhos vazios, não era mais um monstro que o prendia. Era uma pessoa, como ele mesmo. Alguém de carne e osso. Alguém conhecido.
... 🕰 ...
Levantou o rosto, em um grito mudo, o ar não chegava em seus pulmões e o coração não conseguia encontrar um ritmo. Um, dois, três, quatro... Tentou contar e se acalmar, mas não conseguia. Não pensava. Precisava correr, sair, escapar. Tinha que protegê-lo. Suas mãos tremiam e o corpo parecia feito de papel. Gritou mais uma vez. Proteger, tinha que proteger. Tinha um nome, sabia quem deveria proteger. Mas qual era seu rosto? Quem era? Tinha um nome, um único nome. Tinha que servir. Olhou ao seu redor. Hospital. Disso se lembrava. Anotar, não podia esquecer, sabia que não. Aquilo era importante.
As mãos trêmulas alcançaram a escrivaninha, tinha um caderno ali. Sabia disso. Segurou com as duas mãos, firmando-o, sentia que do jeito que estava o deixaria cair e não conseguiria pegar. Alcançou a caneta em seguida, tentando firmar na própria mão. Respirou profundamente uma ou duas vezes, era assim que se acalmava, certo? Apertou os dedos contra a caneta até que as pontas estivessem amareladas, não podia arriscar deixá-la cair. Tinha que ser rápido, não queria esquecer.
Abriu o caderno, o rosto se contorcendo em dúvida ao ver as marcas de folhas arrancadas. O que antes as ocupavam? Merda, não tinha tempo para pensar. Desenhos tomavam os cantos das folhas, mas não os encarou. Sem tempo, sem tempo. Uma hora pensaria. Rasgou a ponta de uma ou outra página tamanha pressa com que as folheava em busca de uma página em branco. Escreveu o nome em letras de forma, totalmente em maiusculo. Riscou em baixo, marcando o nome como o que ele era: a informação mais valiosa que ele tinha.
JUNGKOOK
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oi, gatinhos, gostaram? revisei e melhorei um pouco o capítulo, espero que gostem.
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while i slept ♡ jikook
FanfictionEm que Jimin só tinha um nome para tentar desvendar todo seu passado. : 𝙨𝙚𝙢 𝙥𝙞𝙨𝙩𝙖𝙨, 𝙪𝙢 𝙣𝙤𝙢𝙚 𝙙𝙚𝙫𝙞𝙖 𝙗𝙖𝙨𝙩𝙖𝙧 ♡ fanfiction ♡ jikook