III : please tell me

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—— JIMIN AINDA segurava o caderno com força quando uma das enfermeiras entrou no quarto, tendo a atenção tomada pela respiração claramente irregular do garoto. Todos ali haviam criado apego pelo garoto mesmo enquanto ele dormia. Parecia um bom menino pelo rostinho angelical e elogios que recebiam, havia chegado a receber presentes de alguns internos quando a notícia que havia acordado se espalhou, Park Jimin era assim, conquistava a todos sem muito esforço. E a enfermeira era uma dessas, tanto que se mostrou bem humorada ao entrar no quarto, mesmo que agora seu rosto exibisse duvida.

— Bom dia, anjinho, teve um sonho ruim?— Se aproximou do garoto com uma bandeija carregada, provavelmente com seu café da manhã.— Vamos respirar com calma, sim? Quando estiver melhor pode me dizer ou não o que houve. No seu tempo. Vamos lá?

A mulher falava com calma, estava acostumada a lidar com aquele tipo de situação, por isso somente repetiu o exercício já conhecido. Inspire por 7 segundos, prenda por 3 e expire por mais 7. Contava com calma, logo depois o instruindo a apertar os dedos das mãos com força e soltar com calma, sentindo o próprio corpo. Ela só voltou a sorrir quando Jimin já respirava regularmente, passando os dedos sobre seus fios de cabelo com gentileza.

— Agora que tal se alimentar enquanto me diz o que houve?— O sorriso da mulher o fez sorrir e logo concordou em um asceno, ainda que não soubesse o que lhe diria.

— Realmente não tive bons sonhos.— Respondeu simplesmente, recebendo um olhar preocupado.

— Dizem que os sonhos são uma das formas que nosso inconsciente encontra para lidar com situações, ou lhe enviar uma mensagem.— Ela parecia séria ao falar, estava especulando ou sabia de algo?— Adoro sonhos, então sei algumas coisinhas sobre. Quanto mais confusos melhor, sempre dizem algo. Você passou por uma situação traumática, sua mente ainda está se adaptando, pesadelos são comuns, mas não deixe que te consumam. Mas quer dividi-lo comigo? Sou boa ouvinte, por mais tagarela que eu possa ser.

— Eu estava correndo...— Começou, pensando por um momento se deveria comentar sobre o garoto. Mas não, aquilo lhe parecia íntimo demais. Um segredo precioso demais até para si mesmo. O que mais poderia dizer? A mulher lhe olhava com expectativa.— Era uma besta enorme de olhos vazios, mas eu não sabia o que ou quem ele era. Por um momento pensei ser um homem.

— Um monstro misterioso, pode ser algo mais simbólico não acha? Suas memórias também são assim, você não sabe quem estava nelas bem como o que se passa. Talvez isso seja como uma besta para você, uma besta que lhe persegue e você não sabe como revidar.— A enfermeira parecia tão concentrada e obstinada a descobrir a razão do pesadelo que Jimin sorriu com carinho, ela parecia dedicada.— Mas você tinha um propósito ou era só em busca da sobrevivência?

— Eu protegia um garoto...— Sussurrou, contrariando o próprio instinto. Se aquilo desse errado não teria nada para culpar além do quão fácil confiava nas pessoas. Sua mente martelava, era idiota?

— Conseguiu visualizar quem protegia? Dizem que somente três coisas movem as pessoas ao sacrifício.

Jimin mordeu os lábios volumosos, abrindo o caderno e lhe mostrando o nome com a pouca coragem que lhe restava. Por favor, diga algo. Quis gritar, mas se limitou a erguer os olhos, vendo a mulher com os lábios entreabertos, abrindo e fechando os mesmos antes de engolir em seco. Ela sabia de quem ele estava falando, ele percebeu que sim. Mas por que reagiu assim? Então ele havia ido visitá-lo?

— Jungkook.— Disse, agora em voz alta, mais confiante. Se fosse para ser assim, faria direito. A mulher pareceu arrepiar, a feição mostrava pânico, que ela logo disfarçou com um sorriso, dessa vez claramente falso.

— Eu tenho que ir, você sabe, pacientes para atender, aposto que estão com fome e... Eu realmente preciso do meu emprego. Eu sinto muito, sinto muito mesmo.— A enfermeira falava tudo tão rápido que soava uma grande bagunça, se Jimin não estivesse tão atento quanto estava provavelmente não teria entendido uma única palavra. Ela realmente fingiria não tê-lo escutado?

— Eu sei que você sabe de algo.— Disse o garoto, dessa vez mais obstinado.— Eu sei. E eu preciso saber, prometo não compartilhar essa informação, não confiarei em ninguém e você não correrá qualquer risco, mas...— A voz se tornava mais desesperada a medida que dizia, precisava de informações, qualquer que fossem.— Por favor, se você sabe de algo, qualquer coisa, me diga. É minha vida, meu passado, que estão me negando. Eu sei que ele era importante. Aparentemente eu daria minha vida por ele e eu preciso saber porque, não quero que ele seja um simples nome que nunca vou conhecer.

— Eu não sei muito, realmente não sei.— Jimin voltou a observá-la, os olhos implorando por algo, qualquer coisa.- Ele se chama Jeon Jungkook, foi quem te trouxe aqui. O pobrezinho parecia tão preocupado que passou três dias aqui, era como um fantasma vagando, chegamos a apostar qual dos internos conseguiria arrastá-lo para que pelo menos comesse, mas aí...— Ela desviou o olhar, não poderia lhe dizer isso, isso não, nada a salvaria se dissesse.- Bem, ele nunca mais apareceu. Coma direito, sim?

O sorriso nervoso que a mulher lhe exibiu mostrava que não conseguiria mais nada e ele ao menos teve tempo de tentar antes que ela saísse em quase desespero, os pés fazendo um barulho alto e ele conseguiu ouvi-la suspirando do lado de fora do quarto. O que havia acontecido? Jimin engoliu em seco, pegando novamente a caneta e anotando o sobrenome do garoto em seu caderno. Rabiscou um pouco, revisando o que era importante naquela conversa. Já estava mais calmo, sua caligrafia parecia quase bonita como normalmente era.

JEON
JUNGKOOK
me trouxe até o hospital
protetor?
m̷e̷ a̷m̷a̷v̷a̷?
se importava

- 🍨 -

Ei, anjinhos, resolvi postar agora. Um pouquinho tarde, mas enfim! Espero que gostem! Aninha ama vocês, por favor comentem, saudade de interagir com vocês.

p.s.: a foto do capítulo não têm nada a ver, mas achei fofa, aguentem.

while i slept ♡ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora