No More Dreams

O Adeus A Uma Antiga Vida

31/12/2015, às vésperas de ano novo e vida nova, você começa a pensar em tudo que fez ao longo (longo mesmo) de todo esse ano que em algumas poucas horas iria acabar. Pensa "será que tudo que eu fiz valeu a pena?" ou "será que nesse novo ano que está pra começar eu vou conseguir ter tudo que eu quero?". Eram as únicas coisas que eu conseguia pensar naquele momento, tudo que eu fiz nesse ano foi me dedicar ao meus estudos, a minha carreira. Tudo que eu queria a partir daquele momento era começar uma nova vida, em outro lugar, cidade e principalmente um novo país. Conhecer coisas novas, culturas e diferentes pessoas, não as que eu já estava acostumada a ver sempre. Eu amo os meus pais, sempre vou amar, mas eu não aguentava mais ficar nesse lugar...
—Aconteceu alguma coisa? - Perguntou minha mãe.
— Não, está tudo bem. - Dei de ombros
— Você parece muito quieta, você nunca é assim... Você sabe que pode me contar!  - Minha vontade era de pular pra fora daquele carro, eu só queria ficar quieta em meio ao meus pensamentos, mas quando se trata da minhas mãe ou eu conto ou ela vai ficar me enchendo a noite toda.
— Eu só estava pensando em como o ano passou rápido e o que vou fazer daqui pra frente, você sabe, faculdade, emprego, essas coisas... - Por favor não me faz mais nenhuma pergunta.
— Vai da tudo certo, você sempre consegue o que quer... A propósito, porque seu namorado não resolveu vir com a gente? - Sério mãe? Porque ela sempre faz isso?
— Ele tem que passar o ano novo com a família dele também, mas provavelmente ele passe na casa da tia depois da meia noite ou até mesmo antes.
— Tem certeza que é só isso e que vocês não brigaram?
—O quê? Mãe!? Arg... Pai fala alguma coisa!?  - Meu pai, era um único que nunca falava ou opinava sobre nada, ele sempre era quieto, nunca se importou com o que eu fazia, as vezes dava a impressão de que ele já tinha cansado da nossa vida como família.
—Eu? Hahaha, deixa ela em paz S/M, provavelmente se ela tivesse brigado com o namorado eu acho que ela não esconderia isso de você. - Obrigada pai!
—S/N! Espero mesmo que você não tenha brigado com o Lucas, ele é um ótimo rapaz, não merece isso!
—Desculpa, mas o relacionamento é meu e se a gente tivesse brigado, você como mãe deveria esta do meu lado e não do lado dele. - Que tipo de mãe louca é essa que eu tenho?
Depois de mais alguns minutos nós finalmente chegamos na casa da minha tia, onde nós íamos passar a virada de ano. Eu sinceramente não estava nem um pouco empolgada com aquilo, eu só queria que toda aquela ceninha de família feliz terminasse e eu finalmente pudesse voltar pra minha casa, meu quarto, minha vida. Eu odiava reuniões de família, nada daquilo fazia sentido pra mim, eu falava com algumas das minha primas, mas eu sempre era a esquisita, eu não costumava me misturar e eu sei que todos falavam de mim e de como eu não era uma pessoa sociável. Todos até ficaram surpresos quando souberam que eu estava namorando, fiquei sabendo que muitos deles falaram  "nossa como a s/n conseguiu um namorado? Logo ela que é sempre estranha" soube também do que a minha prima encalhada falou  "como ela conseguiu um namorado e eu não?" E eu pensei "será que é pelo fato de você ser uma puta?". Eu não suportava ela, de cada dez palavras que ela falava onze era sobre garotos ou como ela era "gostosa", eu sinceramente não tenho paciência pra essa garota e falando no diabo...
—S/n quanto tempo!? Você está linda! - como ela consegue ser tão falsa
—Oi Alicia, você também está linda. - TA PARECENDO UMA PUTA COM ESSE VESTIDO QUASE MOSTRANDO A BUNDA
—Obrigada... Cadê seu namorado? Não vai vim pra nossa reunião de família?  - Pra quê esse interesse? 
—Sim, ele vem... À propósito ele já deve ta chegando a essa hora.
—Que bom, nunca mais o vi, senti saudades. - Okay, mas que porra é essa?
—Enfim, eu tenho que ir, vou esperar ele na porta, beijos.
—Vai lá e cuidado. - Não entendi esse aviso, mas tudo bem.
Dez minutos depois daquela terrível conversa meu namorado chegou, lindo como sempre. As vezes me pergunto o que ele viu em mim, sim eu o achava muito bonito pra mim, mas isso era besteira eu o amava e ele também me amava e era isso que importava.
—Até que enfim você chegou, não aguentava mais ficar aqui.  - Sorrir e o beijei
—Desculpa a demora, tinha que falar com meus familiares também, já fazia um tempo que não nos víamos.
—Eu entendo amor... Enfim, vamos entrar?  - Dei pulinhos de alegria, eu realmente o amava.
—Vamos minha linda.
Faltavam menos de uma hora pra virada de ano e como meu namorado estava comigo nada me incomodava, a gente até se divertiu bastante, eu nunca pensei que um cara como ele pudesse me deixar tão feliz desse jeito. Ele era ótimo pra mim, sempre me tratou como uma princesa e era por isso que a cada dia eu me apaixonava mais ainda por aquele homem.
—Amor?  - ele disse
—O que foi amor?
— Vou ao banheiro, não demoro.
— Não demore mesmo, faltam apenas 10 minutos para os fogos.
— Okay
E assim ele me deu um beijo e saiu em direção para dentro da casa. Como eu já havia dito, ele me faz feliz e se os meus planos de viajar para outro país dessem certo, eu queria que ele fosse comigo.
Por um longo momento eu fiquei tão distraída em meio aos meus pensamentos que só voltei a realidade quando ouvi meu tio gritando:
— FALTA UM MINUTO PRA MEIA NOITE.
Confesso que levei um baita susto e comecei a rir de mim mesma, mas eu pensei "um minuto? Ue, ainda pouco eram dez... Espera, cadê o meu namorado?". Sai correndo feito louca pra dentro da casa da minha tia, procurando por ele, onde será que ele tava, "os fogos já iriam começar" pensei.
Procurei no banheiro, e ele não estava mais lá "será que ele já foi embora? Mas ele nem me avisou" pensei nessa hipótese, mas ele não faria isso.
Lá fora já dava pra ouvir as pessoas gritando:
—DEZ!
"Minha nossa senhora cadê esse menino?"
—NOVE!
Fui olhar na cozinha e nem sinal dele por lá também.
—OITO!
Resolvi ir procurar na sala, "talvez ele esteja ocupado falando no telefone."
—SETE!
Ele também não estava na sala, resolvi subir a escada e procurar no banheiro de cima.
—SEIS!
Entrei no outro banheiro e nem sinal dele
—CINCO!
"Não sei mais onde procurar... O que aconteceu?"
—QUATRO!
Ouvi um barulho estranho vindo de um dos quartos, "será que é ele?"
—TRÊS!
Era do quarto de minha prima, "o que será que tá acontecendo?"
—DOIS!
Comecei a escutar gemidos, "como essa garota é nojenta, não podia esperar todo mundo ir embora!? Vou da um susto nela e no namoradinho dela!"
—UM!
E essa foi a última coisa que eu ouvi antes de abrir aquela porta:
— FELIZ ANO NOVO!
Eu não acreditava no que eu acabara de ver. "Como ele pode? Como ela pode?" foi o que eu pensei naquele momento. Eu não sabia o que pensar, eu fiquei parada, olhando pros dois e naquele momento as palavras que ela tinham me falado voltaram a ecoar na minha cabeça "Senti saudades" "Cuidado", eram isso que significavam, eles sempre me enganaram, mas porque? Eu não sabia o que fazer e antes que eu pudesse sair despercebida eles me viram:
—S/n eu posso explicar!  - Disse ele vindo da minha direção.
—NÃO, NÃO CHEGA PERTO DE MIM!  - gritei.
—Eu te avisei priminha. - aquela nojenta, minha vontade era de voar em cima dela.
—PARA ALICIA! S/n por favor, vamos conversar?
—EU NÃO TENHO MAIS NADA PRA FALAR COM VOCÊ! ME DEIXA EM PAZ!
O desespero tomou conta de mim, eu só queria esquecer aquela noite, aquele dia. Em nenhum momento da minha vida eu fui tão humilhada daquela forma. As pessoas sempre falavam mal de mim, me julgavam, mas eu nunca me importei, eu sempre soube que eu era melhor que tudo que falavam de mim, mas naquele momento eu comecei a me sentir o lixo que todos pensaram que eu era.
Eu sai desesperada de dentro da casa, peguei as chaves do carro dos meus pais e sai em disparada, pelo retrovisor eu consegui ver ele correndo atrás do carro como se conseguisse me alcançar, mas já era tarde demais, a essa altura eu já teria sumido da vista dele.
Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto, chorar claro ou melhor perder mais líquido do que eu já avisa perdido, acho que essa era a primeira vez que eu sofri tanto na minha vida, eu sei que é exagero falar, mas eu realmente pensava que ele era o homem da minha vida, pensei também "e se essa não foi a primeira vez que ele me traiu?". Chorei mais ainda e acabei adormecendo sem perceber.