OBSERVANDO

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Após o almoço, Alana foi para o quarto e chamou Anastácia para acompanhá-la. As duas entram e Alana fecha a porta, pedindo para que Anastácia sentasse.

— Fiz algo errado, sinhazinha?

— Fez sim.

Anastácia fica de pé, olhando para Alana, temendo que seja mandada para o tronco outra vez.

— Sente-se, Anastácia.

— O que eu fiz, sinhá?

— Primeiro, vamos corrigir uma coisa, vosmecê vai parar de me chamar de sinhá.

— Tudo bem, sinhá, mas como vou chamá-la?

— Me chame de Alana. Segundo, vosmecê vai parar de mentir pra mim ou não vou poder ajudá-la, entendeu?

— Mas não menti para a sinhá...

— Alana, Anastácia, me chame de Alana.

— Desculpe, Alana, mas eu não menti para a senhora.

— Também não quero que me chame de senhora, devemos ter quase a mesma idade.

— Entendi.

— Vou lhe perguntar uma coisa e quero que não minta pra mim, posso ser sua melhor amiga ou ser um pesadelo para vosmecê como meu pai é, então tome cuidado com sua resposta.

— Sim.

— Vosmecê, ficou amedrontada e correu até mim hoje mais cedo por que viu o meu irmão na cachoeira, não foi?

Anastácia fica calada e volta a pensar na imagem de Henrique se banhando na cachoeira, ficando com as bochechas coradas.

— Não foi, Anastácia?

— Sim.

— Ele te disse alguma coisa para vosmecê correr e ficar daquele jeito?

— Não.

— Ele te fez alguma coisa contra ti, Anastácia?

— Não.

— Vai ficar me respondendo com uma única palavra?

Anastácia fica quieta e não se atreve a olhar nos olhos de Alana.

— Vou perguntar-lhe outra vez... Ele te disse ou fez alguma coisa para vosmecê chegar correndo e pálida daquela forma?

— Não sin... Alana, ele não fez nada. Ele não me viu lá.

— Então por que vosmecê correu e ficou daquele jeito?

Anastácia cora outra vez. Ela deve contar à irmã de Henrique o que ela fez? E se ela contasse para ele?

— Anastácia!

— Eu... Eu... Eu o vi tomando banho.

— Com as roupas de baixo?

— N-não.

— Nu?

— S-sim. Não foi porque eu quis, e-eu não sabia que ele estava lá e creio que ele não sabia que alguém iria lá.

— Tudo bem. Venha, me ajude com esse baú, tem algumas roupas para vosmecê usar até que as que encomendamos para vosmecê, fiquem prontas. São algumas peças mais simples, e neste outro baú, tem algumas peças que não uso faz algum tempo. Estão em bom estado, assim vosmecê pode se banhar e ficar um pouco mais... À vontade.

— Obrigada, Alana, mas não entendo o porquê.

— Como eu disse, quero ajudar-te e não quero que te olhem como escrava. Venha, veja este vestido... Acho que vosmecê deveria se banhar e usá-lo hoje no jantar.

Entre o amor e Os grilhões.Onde histórias criam vida. Descubra agora