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Os dias foram se passando rapidamente e Bela já estava no castelo da fera há dois meses. Os amantes passavam o tempo inteiro juntos: faziam as refeições; passeavam de mãos dadas pelo jardim; conversavam sobre a hipocrisia e o falso moralismo da sociedade; riam compartilhando piadas; se possuíam debaixo dos lençóis ou em outros cômodos do castelo... Até que decidiram se resguardar no quarto após serem flagrados nas escadas principais por Elliot, que correu pensando que um crime estava sendo cometido diante de tantos gritos.

O mordomo estava muito esperançoso e o comportamento da fera só mudava para melhor, pois ele fazia de tudo para agradar Bela e se mostrava encantado pela moça. Até os prisioneiros se beneficiaram com as mudanças na relação entre a Bela e a fera, pois a Bela era uma espécie de voz para eles e possibilitou pela sua influência sobre o amante que os prisioneiros e empregados tivessem direito a visitarem suas famílias há muitos anos não vistas e terem um tratamento melhor. Todos gostavam de Bela. Ela era a melhor coisa que havia acontecido na vida das pobres almas condenadas.

A jovem ensinou a fera a gostar de ler e cozinhava para ele com frequência. Também o convocou na cozinha uma vez e ensinou à fera uma receita familiar, mas quando a criatura tentou fazer quase pôs fogo na cozinha. Suas formas eram desproporcionais para utensílios domésticos. Em contrapartida, a fera ensinou Bela a jogar jogos de cartas, a desferir golpes e contar piadas sujas. Os dois tinham alguns desentendimentos, mas se resolviam na base da negociação.

Apesar dos enormes avanços e de a fera estar fazendo de tudo para fazer a Bela feliz – e ela estava realmente feliz –, a moça decidiu que precisava conhecer mais a criatura, pois ela já sabia quase tudo sobre sua vida, enquanto Bela só conhecia o animal que a fera era, além de ser um amante dedicado, um piadista boca suja, um lutador de vale-tudo e um excelente ouvinte. Fera quase não falava durante as conversas que tinham e sempre afastava seu passado do alcance de Bela.

— Hoje eu vou dormir aqui. – disse a moça entrando no quarto da fera sem bater na porta.

— Não. – ele rosnou – Pode usar a minha cama para se divertir comigo se quiser, mas não vai dormir aqui.

Essa era uma das regras que Bela não entendia. Por que eles se davam tão bem, passavam o dia e a noite inteira juntos, mas tinham que se desgrudar para dormir? Às vezes a Bela dormia na cama da fera, exausta pelas atividades que faziam, e a fera a carregava até sua alcova só para que ela não dormisse em sua cama.

— Por que não? O senhor é muito estranho. Permite que eu venha aqui durante a noite ou a madrugada para nos satisfazermos, mas não quer dormir de verdade comigo. Se eu dormisse aqui, não precisaria nem sair da cama e andar pelos corredores.

— Eu gosto de dormir sozinho. É uma preferência.

— Mas hoje não vai. Se o senhor quer que eu me apaixone...

— Não! Saia daqui.

— Não vou sair. Quero ver tentar me retirar.

— Srta. Bela, eu já disse para sair.

Bela revirou os olhos e tirou o vestido, ficando nua na frente da fera.

— Você não existe. – a fera grunhiu baixinho, mas estava satisfeita com o que via. Adorava ver o corpo de Bela sem roupas e admirava cada curva. Era como se o corpo de Bela tivesse sido desenhado à mão. A fera sentia-se sortuda por ter Bela tão entregue ao seu ser monstruoso.

— Eu vou ficar. Vou logo avisando que gosto de dormir sem roupa.

— Desde quando?

— Desde agora.

A Bela e A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora