04 - Enigma Da Carta

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Mais um dia normal para a vida terrível de Lucy.

Quantas vezes eu já chorei desde o casamento?

Aquela foi a que doeu mais. Não acreditava que seu noivo estava desmembrado, e dentro dos presentes de casamento. Aquilo era muito macabro. Óbvio que alguém não é desmembrado de forma natural, outra pessoa era o responsável por fazer aquilo com Jacob.

Lucy estava ficando com o rosto roxo de tanto chorar. Ela continuava berrando, parecia que estava horas chorando e gritando desesperada. Marie pelo visto, havia saído de casa, pois se tivesse escutado aquela choradeira, provavelmente aparecia para ver o que estava acontecendo. Mas, para Robert isso tinha sido uma coisa boa, de acordo com ele, era mais fácil se "abrir" para um estranho, desabafar.
E Lucy precisava chorar, precisava de todo apoio o possível.

— Ele... Ele... ele foi... — Lucy não aceitava que Jacob estava morto, mesmo sabendo que era verdade, e vendo com seus olhos, tinha que acreditar que era mentira... Permaneceu gritando por aproximadamente uma hora, até que o cansaço chegou, e ela se pegou dormindo...

************************************

Quando Lucy acordou, estava sozinha em seu quarto. Ficou sentada em sua cama pensando na vida. Chamou por sua mãe que logo entrou no aposento. As duas conversaram por um tempo sobre ela ter dormido junto com um policial. E Lucy tinha que explicar que eles apenas dormiram, e não fizeram "coisas a mais" como sua mãe pensava. Seria insensível da parte dela se fizesse aquele tipo de coisa, principalmente naquela ocasião.

Marie chamou Robert novamente, que apareceu poucos segundos depois. Robert tinha mais coisas a dizer, coisas que não conseguiu falar na noite anterior por causa do surto de Lucy.

Dessa vez, Marie não queria deixar ambos a sós. Sentou na cama de Lucy se recusando a se retirar.

— Olha, — Começou Lucy após desistir de convencer sua mãe a ir embora — Obrigada pela... pela... — Lucy não sabia como terminar a frase, agora que a raiva passara e seu sofrimento tinha ido embora, sentia vergonha pela cena da noite anterior.

Dormir abraçada e chorando no colo de um estranho?
O que eu estava pensando?

— A sua disposição, senhorita — Sorriu discretamente, Robert não pareceu envergonhado, ou sabia esconder muito bem — Mas eu agradeceria se não contasse a minha esposa... Certo?

— Ainda por cima é casado. — Resmungou Marie, alto o suficiente para todos ouvirem — Pelo menos escolhia alguém solteiro Lucy!

Aquele momento não poderia estar mais constrangedor. Lucy se sentiu obrigada a mudar de assunto.

— Então... Queria me dizer mais alguma coisa? — A voz dela estava mais aguda que o normal.

— Certo, certo. — Robert pegou um pedaço de papel em seu bolso. Desdobrou com cuidado e entregou à Lucy.

— Uma carta? — Perguntou Lucy.

Era um envelope bonito, porém já havia sido aberto.

— Eu abri ela antes. Tinha que saber o que continha antes da senhorita ler, peço desculpas por ser intrometido...

Lucy encarou a carta com cuidado.

Quem em pleno século XXI escreve uma carta?

A carta continha o remetente escrito: STORM.

Lucy no começo pensou que era de Jacob, mas se fosse dele, porque não assinou o próprio nome? A curiosidade falou mais alto, ela tirou o papel de dentro do envelope e leu:

Poderia me amar?
Poderia me odiar?

O ódio e o amor
Juntos estão a caminhar.

Se todos os dias te parecem maçante
Agora, recebeste um amante.

Desafios estão a aparecer
Após o significado
Desse acrônimo saber

Poderia me amar?
Poderia me odiar?

Sentirá apenas a dor
Mas, entenda querida
Faço essas loucura
Em prol do amor

Não se coloque em cima do pódio
Quero apenas
Que sinta o maravilhoso ódio

Desafios estão a aparecer
Após o significado
Desse acrônimo saber

Sabendo o que fiz?
Responderia um breve quiz?

Sabe o dia de seu casamento?
Eu que fiz o desmembramento.

Terás sorte?
Ou encontrarás a morte?

Poderia me amar?
Poderia me odiar?

Ou mais um de sua vida
Eu terei que a vida tirar?

— Que droga é essa? — Perguntou Lucy — Quem escreveu essa bobagem?

Lucy leu novamente, um verso a chamou a atenção:

_Sabe o dia de seu casamento?
Eu que fiz o desmembramento._

— Não é bobagem. — Corrigiu Lucy, engoliu em seco e disse lentamente. — Esta carta... foi escrita pelo assassino do meu noivo, certo?

— Sim. — Confirmou Robert — E olha só o último verso. "Ou mais um de sua vida eu terei que tirar". Ele vai matar outra pessoa, senhorita.

Lucy deu a carta para sua mãe que leu rapidamente.

— Você não acha que pode ser mentira? — Perguntou Marie — Pode ter sido apenas um... um trote. Alguém que tenha descoberto o que aconteceu com meu genro... e quer apenas nos assustar.

— Pode ser... — Lucy pensou em voz alta. — Quem te entregou essa carta?

— Ela estava em uma das partes... em uma das caixas, então...

— Então ela é verdadeira. — Completou Lucy — Quem escreveu está carta foi quem fez isso com meu noivo.

Um silêncio percorreu pelo quarto. Lucy estava curiosa sobre a carta tinha muitas coisas que não tinha entendido no poema.

— Esse assassino não é um amador, ele sabe o que faz. A perícia afirma que seu noivo estava vivo quando era... cortado, este "STORM", manteve seu noivo vivo o máximo de tempo possível, ele queria tortura-lo até a morte. Este STORM, queria faze-lo sofrer, até não poder aguentar mais... Desculpe-me por ser insensível, mas acho melhor você saber de tudo. Assim poderá nos ajudar na investigação.

— Temos que desvendar está carta! — Disse Lucy. — Não quero que ninguém morra.

— Com certeza, só que eu preciso ir embora agora, já fiquei nessa casa por tempo o suficiente. Tenho que falar com minha esposa. — Robert se levantou. — Por favor, tentem decifrar essa carta, e não confie em ninguém, você me ouviu? Apenas em nós três neste quarto. Não conte a seu pai, nem a meu tio  Hunter, muito menos a seu melhor amigo, qualquer um pode ser o assassino. Não conte a absolutamente ninguém entendeu?

— Certo!

— Eu te acompanho. — Marie levou Robert até a saída.

Lucy leu novamente aquela carta.

Quem fez isso com Jacob?

Robert disse para não confiar em ninguém, mas poderia confiar nele?

Seu pai nunca faria isso com Jacob, muito menos sua mãe, ou qualquer um que conhecia. Mas não podia arriscar sair contando à todo mundo sobre a carta, não seria o certo a se fazer.

Lucy era obrigada a decifrar aquela mensagem, não queria ver outra pessoa que amava morrer, ainda mais de forma tão macabra quanto aquela.

E tinha que fazer isso sozinha. Não podia confiar em ninguém, além de si mesma.

STORMOnde histórias criam vida. Descubra agora