13 - Hora Da Verdade

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Tinha que voltar para a própria casa. Óbvio que se ela fosse a pé, demoraria muito, e morreria, era uns quilômetros e já não aguentava mais correr. Ir de carro seria mais rápido, porém só tinha viaturas ao redor nas quais ela não tinha a chave e nem autorização para dirigir aquilo.

Roubar uma viatura deve ser ilegal.

Os pensamentos dela estavam embaralhados. Ficou parada por alguns segundos pensando, até que um guarda a viu.

— Ei, — Disse correndo até ela. —Não pode ficar aqui fora, senhorita.

— Sim, eu sei. Mas tenho que passar na minha casa.

— Robert sabe disso? — Perguntou desconfiado.

— Com certeza! Ele falou que você poderia me levar até lá. — Mentiu.

— Claro, sem problemas. É muito longe daqui? — Perguntou entrando na viatura.

—Não muito. — Mentiu de novo.

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Fizeram o caminho mais longo. Lucy aproveitou a demora para pensar em um plano de se livrar daquele guarda. Queria falar com Tommy à sós, para evitar que mais pessoas soubessem sobre o caso. O guarda obviamente não sabia onde ela morava, muito menos onde eles estavam naquele momento. Ele necessitava dela para guia-lo.

Ela tinha que ir sozinha, precisava se livrar do guarda de alguma maneira. Lucy guiou-o à uma rua pouco movimentada. Vinha apenas um carro na outra rodovia.

Lucy pensou em uma loucura. Mas não tinha outro jeito.

Ela pegou o volante da mão dele, e virou com tudo na direção do carro que vinha.

O guarda gritou e tentou girar o volante com toda a força para o outro lado, em poucos segundos ele perdeu o controle, e a viatura capotou.

Olha só que maravilha.

Lucy estava bem, machucou apenas o braço esquerdo, mas não era tão grave. O guarda também estava sem ferimentos. Ele só estava com problemas para tirar os Air Bag do rosto, ficava resmungando mas o travesseiro abafava o som.

O motorista do outro carro veio correndo ajudar.

Lucy conseguiu sair da viatura com a ajuda do motorista que ficava pedindo desculpas a cada 3 segundos. Ele não tinha culpa. Muito menos o tal guarda. Lucy que tomou o volante da mão dele e quase matou todo mundo.

Ela pediu pro motorista, as chaves do carro dele. Inventou uma desculpa que iria procurar ajuda. Teve que usar um pouco do charme natural dela, mas o convenceu, dizendo que era policial. Sorte que o verdadeiro policial estava preso debaixo do carro.

Lucy não pensou duas vezes. Alguém viria ajudar aqueles dois. Aproveitou e dirigiu até a casa de Tommy.

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O motorista desconhecido, tinha um celular no carro. Lucy decidiu ligar para sua mãe, e quem sabe também pedir ajuda para aqueles pobres azarados.

— Alô, Mãe?

— Onde diabos você está? — Era a voz de Robert que falava na outra linha. — Não me importo. — Ele mesmo respondeu. — Volte agora para cá!

— Oi Robert. — Lucy falou com calma. Era difícil falar enquanto dirigia, colocou no viva voz que facilitava a ligação.

— Escuta, — Recomeçou Lucy ignorando várias broncas de Robert. — Houve um acidente com um de seus guardas, ele está bem, mas não tem como voltar para casa.

— Vou mandar um carro buscar vocês, onde você está?

Lucy falou o endereço de onde o carro tinha capotado. Ela já estava longe daquele local, faltava pouco minutos até chegar à sua casa.

— Olha, Lucy, boas notícias. — Robert se acalmou. — Peguei o Howard, ele está agora mesmo sendo interrogado sobre o homicídio de seu pai. E, vou força-lo a revelar quem é o STORM. Nem que eu tenha que bater nele um pouco.

— Faça isso! E não se preocupe com o STORM, tenho quase certeza de que sei quem é.

— Quem é? — Robert pareceu espantado, apesar de sua voz não mudar muito.

— Segredo.

Lucy desligou o celular.

Se arrependeu na mesma hora. Ela estava gostando de Robert, se sentia culpada por isso. Não podia ter o luxo de se apaixonar por outro, se Jacob ainda estivesse vivo, com certeza, estariam casados naquele momento. Se apaixonar por outro, era... Sei lá, uma traição?

Lucy chegou a seu destino. Ali estava a sua casa, do jeito que lembrava. E logo ao lado, estava a casa azul de Tommy. Ela estranhou pois a porta dele, estava entre-aberta, mas mesmo assim, por pura educação, bateu. Era melhor do que invadir.

Ouviu alguns barulhos de movimentos e logo Tommy apareceu com um sorriso alegre e desengonçado.

— Olá, Lucy!

— Oi, Tommy. Desculpe pelo incômodo, mas eu tenho que falar contigo. — Lucy não podia enrolar, o tempo passava. A qualquer momento, Robert viria atrás dela.

— Claro, claro. Entre! — Disse abrindo caminho. Lucy conseguiu ver a casa dele, mesmo estando na porta. A casa de Tommy estava toda bagunçada. Apesar de estar de dia, estava muito escuro ali dentro, janelas e cortinas fechadas, caixas reviradas, poeira nos cômodos e um escuro tenebroso. Lucy hesitou quando Tommy abriu caminho.

— Vamos entrar? — Disse ele sorrindo. — Desculpe pela bagunça, não estava esperando nenhuma visita.

Lucy entrou mesmo assim. Não gostava de reparar na bagunça dos outros, ela mesma tinha problemas para limpar a casa. Fazia só pela higiene mesmo...

— Minha porta esta com problemas para fechar, então tenho que trancar. — Disse trancando a porta.

— Olha, Tommy, vou direto ao assunto... — Começou Lucy.

— Parece importante. — Tommy Interrompeu. — Vamos lá embaixo, está mais arrumado.

Lucy achava a ideia de conversar em um ambiente mais organizado muito boa. Assentiu e seguiu-o, descendo as escadas. Entraram em um quarto branco, pelo menos tinha luz, mas estava quase vazio. Exceto duas cadeiras uma ao lado da outra. Ambas paradas no meio do aposento.

Mas o que mais chamou a atenção, era um mural enorme no outro canto, ocupando quase a parede inteira. Continha várias fotos de Lucy. Por volta de 500 fotografias diferentes, fotos de quando ela era criança, até mesmo fotos mais recentes.

— Ah Lucy, — Tommy trancou a porta atrás deles. — Fico feliz por descifrar minha carta.

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