05 - Desconfiança Extrema

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Só depois que Robert saiu, Lucy percebeu que tinha recuperado o movimento de sua perna direita. Naquela hora estava com a atenção focada em outra coisa, nem lembrava da sua dor física.

Conseguir se mexer era bom, mas seu médico Hunter tinha dito a ela para não se esforçar, levantou o joelho apenas algumas vezes, para testar a perna. Voltar ao normal era apenas um de seus problemas que fora resolvido, ainda tinha muitos outros a resolver. Aquela carta, por exemplo, e pegar o assassino de Jacob eram o seu principal objetivo.

Lucy estava com um pensamento estranho na cabeça. Não sabia se chamava Jacob de noivo ou ex-noivo. Ou de marido ou de ex-marido.

Chamava de ex-noivo porquê não tinha chegado a se casar. Estava com uma inquietação em relação a isso.

O que diabos eu estou pensando?
Em como devo chamar Jacob?
Pense em algo útil, sua jumenta!
Tenho que resolver essa merda de carta!

Marie entrou no quarto, Lucy estava relendo outra vez.

— Filha. — Sussurrou Maria — Guarde isso!

— Eu tenho que descobrir, mãe!

— Descobrir o quê? — Disse Hunter entrando no quarto. Lucy guardou a carta em baixo do cobertor. Por sorte, conseguiu esconder antes de Hunter ver, ou pelo menos ela achava que ele não tinha visto.

— Descobrir... — Começou Lucy, tinha que inventar alguma coisa. — Descobrir como eu faço pra passar na minha faculdade, eu estou perdendo muitas aulas. Posso... Posso repetir por excesso de faltas...

— Não se preocupe, depois eu te entrego um atestado médico.

— Obrigada. — Agradeceu meio sem jeito.

— Meu sobrinho esteve aqui? — Perguntou Hunter.

— Robert? Sim.

— Ele disse alguma coisa sobre o caso?

— Não... Por que pergunta? — Respondeu Lucy, ela estava desconfiando de seu médico por causa de tantas perguntas.

"Não pode confiar em ninguém", essas palavras ficavam marcadas em sua cabeça.

— Curiosidade. — Hunter sorriu sarcasticamente, sentou na cadeira do quarto. Lucy olhou para sua mãe, as duas estavam tendo o mesmo raciocínio.

Lucy mudou de assunto, não poderia deixar que Hunter soubesse o que estava acontecendo. Se ele fosse o assassino, Lucy teria que enganá-lo muito bem.

Lembrava de um dito popular. "A melhor mentira é a verdade", e não entendia como seria aquilo.

Se é mentira como pode ser a melhor verdade?

— Minha perna voltou! — Disse.

— Sua perna saiu de seu corpo, para voltar?

Um silêncio percorreu o quarto.

— Era uma piada, nossa, não entenderam? Deixa pra lá.

Outro silêncio. Lucy estava processando a situação. Hunter fez uma piada sobre sua perna "sair" de seu corpo... Jacob tinha sido desmembrado, ou seja, todas as suas partes "saíram" de seu corpo.

Era apenas uma coincidência ou terá sido algo a mais?

Hunter fez uma piada sobre desmembramento, e Jacob tinha sido desmembrado. E ainda ficava fazendo perguntas sobre a investigação de Robert...

Coincidência? Acho que não.

— Foi você! — Lucy não resistiu, saber que ele era o assassino, a deixou furiosa. Sua indução era horrível, mas quando ela estava nervosa, não conseguia pensar direito.

— Eu? Eu o quê? — Perguntou Hunter confuso.

— FOI VOCÊ, QUE FEZ ISSO...

— LUCY! — Marie gritou o mais alto possível — Não foi ele que mexeu nas suas bonecas. — Marie sorriu. — Eu as coloquei para lavar. — Marie interrompeu Lucy várias vezes.

— Do que você está falando? — Perguntava Hunter.

Lucy estava muito o nervosa, não conseguia pensar com clareza, sorte que tinha sua mãe para ajudá-la​.

— Lucy perdeu sua boneca favorita, ela pensou que estava no hospital. — Marie riu forçadamente. — Lucy! Você está acusando Hunter sem provas? — Indiretamente, Marie estava tentando comunicar com sua filha.

Lucy tinha entendido a mensagem de sua mãe. Não poderia acusar Hunter de ser um assassino ou algo do tipo, sem ter alguma prova física ou sem ele confessar... Tinha que ter algo mais concreto do que uma dedução e uma piada de mau gosto.

— Você ainda brinca de boneca?

— Eu coleciono. — Disse simplesmente.

Hunter deu de ombros e mudou de assunto. — Você disse que sua perna voltou? Isso é ótimo!

Lucy tinha que se controlar. Tinha que pensar sabiamente. Não podia se exaltar. Se Hunter realmente fosse o assassino, Lucy teria que ser esperta.

— Sim. Já posso sair da cama?

— Evite exercícios físicos e certifique-se de tomar seus remédios. — Hunter se levantou. —  Bom, eu já vou indo. Marie, poderia me acompanhar até a porta?

— Não! — Disseram as duas em uníssono.

Hunter olhou as duas.

— Quer dizer... — Começou Marie — Eu preciso ajuda minha filha agora, você sabe onde é a porta.

A verdade era que Marie não queria ficar sozinha com possivelmente um assassino.

— Muito bem, que seja. — Hunter assentiu — Obrigado pela atenção. — Saiu do quarto com um sorriso forçado no rosto.

Marie trancou a porta do quarto e correu até Lucy.

— Você está louca? — Sussurrava — Acusando seu médico? Sem nenhuma prova?

— É ele! Eu tenho quase certeza! Você também suspeita dele, certo?

Marie não respondeu de primeira. — Não importa o que eu acho. Temos que ter certeza absoluta! Não podemos prender alguém inocente.

"Prender". Lucy ficou incomodada com aquela palavra. Não queria "prender" o assassino. Queria faze-lo sofrer de todas as formas possíveis.

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