12 - Tudo Se Encaixa

186 23 4
                                    

A primeira coisa que fez quando chegou, foi abraçar sua mãe. Depois de uma série de choros, Lucy decidiu ligar para Robert. Era melhor contar aquela história uma única vez. Pediu para que ele viesse o mais rápido possível, a história era longa...

************************************

Quando ele chegou, Lucy não podia mais adiar a notícia. Se reuniram apenas os três no antigo quarto de Lucy.

Um silêncio percorria no aposento, até que ela o quebrou.

— Meu pai está morto! — Disse chorando. Sua mãe entrou em estado de choque. Marie abraçou Lucy, enquanto ela contava toda a situação.

Contou absolutamente todos os detalhes de que lembrava. Sua mãe, de vez em quando, fazia algumas perguntas, mas Robert estava em total silêncio desde que tinha chegado.

Quando chegou na parte do incêndio, não mencionou o fato de não ter ajudado Ângela. Aquela parte não era muito importante de se contar.

Lucy terminou seu relato, Marie saiu provavelmente para se acalmar ou algo do tipo. Robert levantou e se dirigiu até uma cadeira no outro canto do quarto.

Deu um tapa na cadeira que caiu com um baque surdo.

— Droga! — Gritou. — Droga! Droga! — Chutava a cadeira no chão.

— Robert? — Lucy perguntou com cautela. — Por... Por que está quebrando a minha cadeira?

— A culpa é minha! — Virou-se para Lucy. Ele também estava chorando, mas discreto. — Eu não... Eu não devia... — Andava de um lado ao outro do quarto.

Lucy não sabia o que fazer. Não estava entendendo a situação.

— Depois que seu pai deixou você na sua faculdade, — Começou Robert. — Ele foi na delegacia e conversou comigo. Ele... Ele estava com medo de deixar você sozinha. Seu pai descobriu sobre a carta, não sei como, sua mãe deve ter contado. Mas o que importa é que ele resolveu o tal "Enigma", ele não me disse o que era... Ele só iria dizer na sua presença. Então eu fui correndo te buscar. Quando eu cheguei, você já tinha saído. Bill também já tinha ido pra Deus sabe onde... Se eu soubesse que ele seria... Eu tinha que ter impedido.

— A culpa não é sua, Robert. — Disse Lucy. — A culpa é do Howard. E do STORM. Temos que pega-los, não importa o que aconteça.

— Tem razão! — Disse se recompondo. — Vou providenciar que esse Howard seja pego agora mesmo. — Se apressou, saindo do quarto.

— Espera um pouco! — Impediu Lucy — Temos que resolver a carta, primeiro.

Robert encarou Lucy.

— Está brincando comigo? — Robert aumentava o tom de voz a cada palavra. — Eu não conhecia muito bem o seu pai mas, o cara que o assassinou está lá fora, sabemos a identidade dele. E você está querendo esperar?

— Sim! — Falou mais alto que Robert. — Howard não vai a lugar nenhum. O mais importante agora, é a carta. Com ela, garantimos a segurança de minha mãe. E, podemos descobrir quem é o STORM.

— Você está louca? Você quer seguir as regras dele? Ele está tentando focar a sua atenção a algo inútil. O importante é o tal de Howard, como você não enxerga? A carta não importa.

— Eu falhei na droga do teste. Meu pai pagou o preço. AGORA, SE EU NÃO DESVENDAR ESSA MERDA DE CARTA, A MINHA MÃE TAMBÉM VAI MORRER! VOCÊ ACHA QUE A VIDA DELA NÃO IMPORTA?

Robert também se exaltou.

— ACHA MESMO QUE DEIXAR UM ASSASSINO SOLTO, É O MELHOR A SE FAZER? SÓ PRA PROTEGER A SUA MÃE? ELE PODE ESTAR MATANDO OUTRAS MÃES AGORA MESMO. — Robert se acalmou com o tempo. — Marie vai ficar bem, eu vou protege-la.

— Do mesmo jeito que protegeu meu pai? — Perguntou friamente.

Aquilo não foi algo legal de se dizer. Robert saiu do quarto batendo a porta. Lucy gritou de frustração. Havia muitas coisas acontecendo, mas uma coisa era clara. Tinha que se focar na carta, proteger sua mãe era mais importante do que tudo. Não podia perde-la também...

Marie entrou logo após Robert sair. Lucy aproveitou a companhia e pediu ajuda para resolver aquilo. E era bom manter-la por perto, podia ser perigoso ela ficar sozinha.

Uma parte da carta estava clara.

"Se todos os dias te parecem maçante
Agora, recebeste um amante."

STORM era o amante de Lucy. Esta parte estava clara depois que ele se declarou.

"Desafios estão a aparecer
Após o significado
Desse acrônimo saber"

Não sabia o significado do acrônimo, mas os desafios eram os testes macabros.

"Sentirá apenas a dor
Mas, entenda querida
Faço essas loucura
Em prol do amor"

STORM estava fazendo aquilo tudo por amor à ela? Matou Jacob por estar gostando dela? Era doentio, mas fazia um sentido absurdo.

"Não se coloque em cima do pódio
Quero apenas
Que sinta o maravilhoso ódio"

Essa parte não fazia sentido. Se ele realmente gostava dela, por que ela tinha que sentir ódio por ele?

Era essa estrofe que estava impedindo de decifrar a carta.

Lucy desistiu. Ficar se matando para descobrir uma coisa era inútil. Ela suspeitava de seu médico Hunter, então... Iria investigar a fundo esse palpite.

— Não saia daqui, mãe. — Disse. — Tenho que falar com Robert.

Tinha que ter certeza absoluta de que estava certa em relação a Hunter, antes de ir falar com Robert. Em um dia qualquer, Hunter havia feito uma piada sem graça sobre o que aconteceu com Jacob, mesmo Lucy não tendo contado aquilo a ele.

Era a única pista que tinha. Mesmo sendo algo quase improvável. Tinha que investigar, a vida de sua mãe estava em jogo.

Lucy saiu do quarto correndo. Encontrou Robert conversando com outros policiais.

— Lucy! — Disse quando a viu. — Esses homens irão proteger você e sua mãe. Enquanto isso, vou pegar o Howard. Desculpe ter gritado com você, estava furioso com...

— Não se preocupe. — Disse. — Eu não devia ter falado aquilo, também. Me desculpe...

Ficou um silêncio constrangedor.

— Escute... Lembra do dia em que te conheci? Eu tinha acabado de me divorciar. Ainda estava usando a aliança, mas não me importo mais. — Ele tirou e jogou o anel do outro lado da rua.

— O que eu estou tentando dizer é que... Não sou muito bom com as palavras e um gesto vale mais que mil palavras, então... — E a beijou.

Lucy retribuiu. E se sentiu culpada por isso... Seu noivo estava morto, e lá estava ela, beijando aquele policial que mal conhecia. Mas isso não a impediu.

Quando ele parou de beija-la, Lucy já não tinha coragem de contar sobre Hunter.

— Ache Howard! — Hunter era tio de Robert, e se Lucy contasse suas suspeitas, Robert nunca mais olharia para ela do mesmo jeito. Lucy estava começando a se importar com ele.

Tinha que fazer aquilo sozinha.

Esperou ele sair. De carro e sozinho. Mas ele sabia se cuidar.

Se Hunter fosse o STORM como ela pensava, seria imprudente ir até a casa dele sozinha. Lucy lembrou de quando caiu da escada, seu vizinho Tommy que a salvou e a levou para o hospital.

Tommy era um amigo de infância. Só agora ela lembrou que ele era um enfermeiro. Tommy já trabalhou no mesmo hospital em que Lucy tinha sido internada, quem sabe ele saberia alguma coisa em relação ao Hunter.

Ela não tinha mais nenhuma pista, nenhuma dica, então, decidiu ir até Tommy, em busca de algumas verdades...

STORMOnde histórias criam vida. Descubra agora