Não me olhe...
Não me toque...
Vai se arrepender se isso fizer...
By: Leide EmillyCorri mais rápido que pude, sabia que a partir dali eu estava entrando em um mundo novo, em algo que eu não conhecia, viveria na rua, mas, pelo menos, não estava sozinha, tinha a Sofia comigo.
- voltem, vocês não sabem o erro que estão cometendo, voltem!
Gritava a diretora do orfanato, todos falavam que ela me protegia demais, que eu era mimada por ela e a qualquer momento a diretora me adoraria, mas eu ouvi uma conversa de que um casal de 60 anos queria me adotar, mas não levaria a Sofia, então decidimos fugir e viver por conta própria, cuidando uma da outra.
- É, agora não tem mais volta.
Ela disse parando atrás de um galpão, eu olhava para ver se alguém havia nos seguido, mas não vi ninguém, talvez tenham desistido.
- tá querendo desistir, Sofia? Se quiser te levo de volta, mas pra lá eu não quero mais ir.
Falei ofegante, não conseguia controlar minha respiração, meu coração estava acelerado e eu não conseguia falar uma frase sem perder o ar.
- começamos, agora vamos até o fim.
Ela disse com as mãos no joelho e respirando profundamente, seu rosto estava vermelho, parecia uma pimenta, até imagino o meu já que sou mais branca que ela, sentia meu corpo queimando por dentro, eu ia derreter.
- pra onde vamos?
Ela perguntou me olhando com aqueles olhos castanhos, seu cabelo estava molhado de suor, de super cacheado para super acabado, mas como ela ama seu cabelo nem vou comentar.
- lembra do dia que visitamos a escola próximo da linha do trem? Então, conheço um garoto chamado Carlos lá, ele pode nos ajudar e nos esconder.
Falei andando devagar, não tinha presa pra chegar lá, ainda era cedo, faltava horas pra escola fechar.
Andamos por muito tempo, eu tinha ido apena de carro, então achava que era mais perto, sabia exatamente o percurso, mas Sofia me perguntava toda hora se estávamos chegando.
- chegamos!
Falei me sentando na calçada, faltava alguns segundos para o sinal tocar e todos serem liberados.
- eu cansei, você disse que não era tão longe.
Falou passando a ponta da blusa no rosto e limpando o suor, não adiantou nada, meu cansaço não iria aliviar, muito menos seu suor.
- eu falei, mas só tinha vindo de carro, né? É meio diferente a pé.
Falei me levantando ao ouvir o sinal tocar, os portões foram abertos e todos saíram correndo, parecia que tinham aberto um zoológico e os animais, que ficaram presos a anos, foram soltos.
- Ellen? O que você tá fazendo aqui?
Carlos perguntou aparecendo com dois amigos, com uma farda branca com laranja, um casaco ao redor do pescoço também laranja e uma bolsa azul escura com cinza.
- eu fugi... Quer dizer, nós fugimos do orfanato.
Falei encarando seus olhos azuis, com várias sardas no nariz, eu amava seu jeito nerd, meio popular.
- fugiram? Mas o orfanato é incrível, vocês tem de tudo... O que ouve? Alguém maltratou vocês? Se foi isso eu dou um jeito, meu pai é advogado e...
Ele falou tentando bolar alguma ideia para ajudar, do jeito dele, achando que alguém seria capaz de me maltratar, eu sei me defender muito bem.
- calma, aconteceu sim, mas não foi nada grave.
Sofia falou rindo dele, mas eu não gostei do que ela falou.
- não foi nada grave? Eles queriam que um casal de 60 anos me adotasse, e sem você, não tô afim.
Cruzei os braços e encarei ela, que levantou as mãos em forma de rendição.
- tá bem Ellen, calma, não precisa surtar.
Eu lancei um olhar pra ela e percebi que a mesma estava querendo ser descolada por causa do amigo moreno de Carlos.
- bom... Não vai nos apresentar?
Perguntei sabendo que era exatamente isso que Sofia queria, mas estava tímida demais pra falar.
- ha claro. Pessoal essas são Ellen e Sofia. Meninas, esses são Bruno e Douglas.
Eu olhei pros dois, um loiro e outro moreno, os dois dos olhos castanhos escuro, com um olhar forte, Douglas olhava bem para Sofia e ela pra ele.
- bom... Suponho que não tenham lugar pra ficar, certo? Então podem ficar lá em casa por um tempo, até resolvermos isso.
Ele disse e ouvimos o apito de um carro, todos olhamos e era um homem velho chamando Carlos.
- eu vou aceitar.
Falei e Sofia fez que sim com a cabeça. Sua timidez era notório, estava meio avermelhada, seu olhar desviava do dele de um jeito delicado e fofo.
- venham! Depois marcamos de sair e vocês conhecem melhor os dois... Tchau galera.
Carlos falou andando na frente e nós duas fomos logo atrás.
- tchau Carlos, tchau gatinhas.
Douglas falou e saiu andando, junto de Bruno. Carlos abriu a porta e, como um cavalheiro, nos deixou entrar primeiro.
- obrigado!
Falei entrando, logo depois de Sofia ele entrou, fechando a porta. Carlos me olhava e sorria, Sofia olhava pra fora do carro sentindo o vento bater no rosto e bagunçar seus cabelos já secos. Agora sim ela estava um desastre e eu também.
- pode abrir o teto solar?
Carlos perguntou para o motorista e ele fez, sem dizer nada, o teto foi aberto quando ele apertou um botão preto, próximo do rádio desligado.
- vai lá.
Ele disse e Sofia foi sem pensar duas vezes, gritava animada com tudo aquilo, eu sentia o vento gostoso bater em mim.
Eu sabia que nossa aventura estava prestes a começar.
Sei que comecei agora e peço paciência, o próximo capítulo só será postado quando o livro Eu Sou Dele 2 - Ela É Minha terminar. Ele contará a história de Ellen, como perceberam, ela vai sofrer muito, ter momentos bons e raros, descobrir sua família e segredos obscuros do seu passado, que por algum motivo, não se lembra de nada.
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Demons
FantasyUm amor proibido, uma maldição e um garoto misterioso, cheio de problemas e confusões. Um romance de um demônio (calma aí, não é o que está pensando, não é Lúcifer ou coisa do tipo), é apenas um garoto, com uma maldição de queimar tudo que vê, dest...