Demons

#17 Minha Droga, Meu Vício

Na cozinha Trevon estava organizando uma bandeja e me olhou meio chateado, com certeza bravo por eu ter saído e deixado tudo em suas mãos.

- Já sei o que vai dizer... Foi mau, eu não tava me sentindo bem, então fui tomar um pouco de ar, mas já tô de volta.

Peguei a bandeja e sai rápido para servir os salgados da Charlotte, que são uma delícia, é muita tentação não poder roubar um.

Meu coração gelou, um arrepio me percorreu.
Quando olhei pra trás... Damon estava ali em pé, agora de roupa mais formal, com o capuz de sempre, querendo esconder aquele rosto lindo e aqueles olhos mágicos, que até hoje ainda não sei porque piscam ou brilham... Sei lá.

- Com licença!

Falei fazendo uma reverência e tentando sair, mas ele segurou meu braço como sempre faz e deixou nossos ombros bem juntos, senti o mesmo calor de sempre e aquilo já estava estranho, porque ele é tão quente?

- Me solta, Damon!

Falei tentando me soltar, que era inútil, ele tinha mais força e me puxou até a varanda, onde tinha um banco.

- Precisamos conversar!

Falou sério, seu tom de voz não me agradou nenhum pouco, dava medo, dava um arrepio quando ele falava assim.

- Eu preciso trabalhar!

Falei tentando sair dali, mas ele me puxou, dessa vez com força e brutalidade.

- Já falei que vamos conversar, então vamos conversar e acabou!

Ele parecia nervoso, segurava meu braço com força, bem próximo de seu corpo, deixando meu rosto próximo ao seu, mas vi que ele não tinha a intenção de me beijar, isso não passaria na sua cabeça numa hora como aquela, com o nervosismo que ele estava.

Ele vai me bater...

Pensei tentando soltar meu braço, ele não deixava eu me afastar, mesmo vendo o medo que eu estava dele naquele momento.

- Me solta Damon, por favor me deixa ir embora.

Falei e ele não falou nada, me puxou me fazendo sentar no banco de uma vez, ele se virou de costas pra mim, olhando o enorme oceano que se expandia ao lado de seu castelo, logo depois tinha um lago lindo, onde eu havia passado chorando.

- Você é minha noiva, não deveria ter fugido.

Sua voz saiu alterada, mas meu medo já tinha passado, senti que era idiota ter medo dele. Suas mãos apertavam a madeira que ficava ao redor da varanda, estava quase quebrando ao meio.

- Você estava beijando outra, o que queria que eu fizesse? Fosse lá dar os parabéns por ela ter roubado meu noivo? Ou ficar assistindo o beijo de vocês dois?

Perguntei me alterando e me levantei, ficando bem atrás dele, o mesmo não se mexeu, não moveu um músculo do lugar.

- Ela que me beijou, eu nunca quis sentir o gosto de sua boca, ela era minha prima, sempre foi minha amiga e se eu quisesse ela não teria noivado com você.

Falou se acalmando um pouco, mas ainda parecia nervoso, ele estava tentando se controlar, eu via isso em suas mãos que já estavam ficando leves e em sua voz grossa e bem masculina.

- Noivado? Agente não estava noivo de verdade, eu estava sendo obrigada a casar com você por causa da promessa idiota do meu pai e de suas dívidas. Por mim isso tudo nunca teria acontecido.

Falei tudo de uma vez, sem esperar ele raciocinar direito e entender tudo, ele se virou de uma vez me fazendo dar um passo para trás de susto, seus olhos estavam azuis, vi a luz saindo de seu capuz, parecia mais intensa do que antes, mais forte.

- Mas aconteceu e você agora é minha noiva, minha propriedade, igual a essas terras que estão no meu controle, todos pobres achando que eu vou ajudar a tornar suas porcarias de vida em algo melhor. Você é minha, entendeu? Nada vai mudar isso, se fugir eu te acho, se sair daqui você saberá quem é realmente Damon Evans.

Ele disse tão próximo de mim que eu tive que dar dois passos para trás ou nossos corpos se tornariam um.

- Eu não sou propriedade, eu não sou sua propriedade, eu sou livre, tenho liberdade para escolher quem eu quero.

Minha voz saiu mais alta do que imaginei, mais brava do que queria e ele segurou forte meus dois braços, sacudiu os dois de um jeito agressivo e grosso.

- Não me deixe irritado, você é minha e cale a boca, suba as escadas e coloque uma roupa digna de uma futura rainha.

Ele soltou meus braços e se virou de costas, vi ele segurar forte na madeira e ela se partiu ao meio, do mesmo jeito que eu imaginei que faria se ele continuasse a apertar aquilo.

Decidi obedecer por hoje, ele não mandava em mim, mas Charlotte e sua família é do reino dele, por vingança ele pode querer destruir todos eles e isso me mataria por dentro.

- idiota! Só eu mesma pra gostar de um idiota feito ele!

Falei baixo pra mim mesma no corredor onde ficava meu quarto de antes, ali estava a mesma moça que conversava com a rainha na festa no andar de baixo do castelo.

- O que faz aqui? A cozinha é lá embaixo garota, o meu noivo, o príncipe, vai odiar saber que você está andando sem permissão pelo castelo.

Ela disse cruzando os braços e se sentindo poderosa por dizer que é noiva do MEU noivo.

- Há, sinto muito, mas MEU noivo Damon Evans, príncipe e dono desse castelo me mandou ir pro MEU quarto, que fica NESSE andar.

Falei e cruzei meus braços também, a mesma ficou me encarando com nojo e achando que é mentira.

- Posso saber o que está acontecendo aqui?

Damon falou chegando perto de nós duas, ele estava indo falar comigo ou indo atrás dela?

- Meu príncipe.

Ela disse e o abraçou, vi que os braços de Damon ficaram retos, ele não abraçou ela, ficou parado feito uma estátua enquanto a mesma lhe dava um abraço e um beijo na bochecha.

- Essa garota que está no andar errado e ainda disse que...

Ele se soltou dos braços dela, fazendo a mesma se calar e veio em minha direção, fiquei com receio dele me bater na frente dela só para agradá-la, do jeito que ele está bravo hoje não duvido de nada.

- Sinto muito Jully, mas eu perguntei para a minha noiva.

Ele colocou a mão em meu rosto e seguiu até meu cabelo, desfazendo meu rabo de cavalo e deixando o mesmo solto e caído sobre meus ombros.

- Assim você fica mais linda, minha princesa.

Ele disse e Jully saiu bastante irritada, batendo o pé.

Sinceramente, eu não entendo ele, a poucos minutos atrás me tratou como sua empregada, agora como sua noiva e futura mulher.

- Você é um idiota!

Falei empurrando a mão dele e entrando no quarto, logo depois fechei a porta com força, não queria que ele entrasse, então rodei a chave duas vezes.

O que você tá fazendo comigo? Você virou minha droga, meu vício.