#24 Memórias E Lembranças

101 11 1
                                    

Damon Evans narrando.

Desci do carro e comecei a andar rumo a casa do feiticeiro mais conhecido da região, o bruxo Kazan.

Essa minha maldição nem sempre foi um problema pra mim, só depois dos meus 15 anos que descobri que tinha. Minha amiga de infância, Tatiana, tinha 18 anos e começou a me provocar, chamando minha atenção com olhares provocantes e sorrisos enormes, comecei a notar ela, não como amiga, mas como mulher, de um jeito mais atraente e gostoso. Pedi ela em namoro e seus pais deixaram, mas os meus foram um pouco contra por eles serem camponeses e eu um príncipe, futuro rei, mas eu gostava muito dela, era perfeita e eu queria torná-la minha esposa.

Quando crianças temos sonhos tão idiotas, não é?

Pensei com a lembrança de tudo que vivi ao lado de Tatiana, seus sorrisos, seus beijos e abraços, mas ela queria mais, não se contentava com isso e meus pais havia me proibido de fazer o que ela queria.

Meus desejos por ela aumentava, meu corpo queimava ao seu lado, mas meus olhos não mudavam de cor ainda. A maldição não havia tomado meu corpo por completo, mas tinha caído sobre mim.
Eu não entendia o porquê de eu não poder amá-la de verdade como ela deseja e merece, mas então ouvi uma conversa dos meus pais no escritório.

- Fale baixo, Damon não pode ouvir.

Meu pai disse e eu estava atrás da porta escutando, não tinha ouvido nada ainda e queria saber porque eles falavam de mim, e com tanta frequência se prendiam no escritório sozinhos.

- Temos que dizer a ele sobre aquilo e se não pegar nele? Quer dizer... Se não fizer efeito algum? Em você não fez, talvez nele também não faça.

Minha mãe disse com certo desespero na voz, eu encostei mais o ouvido na porta tentando escutar melhor o que falavam.

- Fará efeito, sempre foi assim, pegou no meu bisavô, mas não pegou no meu avô, pegou no meu pai, mas não pegou em mim, agora é a vez dele.

Meu pai falou e escutei seus passos pelo escritório.

- Mas eu quero ter netos!

Minha mãe disse com voz de choro, meu pai não parava de andar de um lado pro outro, eu ouvia seus passos altos e barulhentos.

- Você terá, como acha que meu pai me teve? Em laboratórios.

Eu sai dali, não queria ouvir mais nada.

As lembranças me machucava por dentro, meus pais deviam ter me falado, eu não podia ter destruído a vida de Tatiana como destruí. Ela era tão jovem, tão linda, cheia de vida e de homens lhe querendo, mas ela quis um moleque, um idiota, menor de idade inexperiente.

- Tati? Cadê você?

Chamei entrando na casa dela, estava tudo escuro, eu já era acostumado a chegar de noite com todos dormindo e entrar sem fazer barulho. Subir as escadas, invadir seu quarto sem permissão e ficarmos abraçados nos beijando por horas, depois eu ia embora deixando ela brava por não concluir meu "trabalho".

Abri a porta e ela já estava me esperando, me agarrou de uma vez sem dizer nada, fechou a porta com o pé descalço e me prendeu contra a parede, senti que seria naquele momento e o medo cresceu, mas algo me dominou, algo me tomou e eu não consegui me controlar, senti um fogo me queimar por dentro. Ela me jogou na cama e subiu em mim, retirou minha cueca que ainda era dos "bananas de pijamas", ela riu um pouco e eu fiquei com vergonha, mas ela tirou tudo e sentou. Pra minha idade ele era grande, mas pra ela nem tanto, por causa da diferença de idade. Ela quicou três vezes e eu senti meu fogo passando pra ela, então coloquei minhas mãos na cintura dela e puxei, ouvi ela dizer "aí", mas continuei, não me controlava mais de jeito nenhum.
Então olhei pro seu rosto, ela tentando se soltar e eu queria soltá-la, parecia que estava sentindo muita dor, mas minhas mãos não me obedeciam, puxava mais forte e ela me empurrava e eu não consegui soltá-la, então vi seu rosto branco como a neve ficar preto, estava se queimando de dentro pra fora. Seu rosto derretia feito cinzas caindo de uma fogueira, senti o fogo de seu corpo e consegui me afastar por medo dela se queimar mais ainda por minha culpa, ela caiu encima da cama e gritava de dor. Eu me encostei na parede sentindo meus olhos queimando e coloquei as mãos na cabeça e comecei a gritar. Meus gritos se misturavam aos dela e eu via ela derretendo, seus cabelos pretos agora queimavam, seus olhos onde deveria ser branco estava preto, vi o fogo saindo de dentro dela e lhe torrando.

- Socorro!

Consegui gritar pedindo ajuda e logo depois os pais dela chegaram, invadindo o quarto, o pai dela olhou pra mim com desespero, querendo entender o que tinha acontecido ali.

- Foi minha culpa.

Gritei e ele me abraçou olhando pra sua filha já queimada e morta encima da cama.

Quando cheguei em casa minha mãe estava desesperada, me levou pro quarto me explicou tudo e me mostrou um espelho, onde vi que meus olhos estavam azuis, brilhando como farol de carro muito forte, quase me deixando cego, ela me entregou um capuz que eu não queria nunca mais tirá-lo.

Aquele dia tinha sido o pior da minha vida, passei meses pensando naquilo, quase entrei em depressão, mas com ajuda do meu ex melhor amigo e irmão dela, Trevon, eu consegui sair. Ele não sabia de tudo, por isso me ajudou e me apoiou, mas quando descobriu, ouvindo uma conversa dos pais dele, o mesmo me xingou, me deixou pior do que eu já estava, então perdi meu amigo por causa de um desejo proibido.

Agora eu sei porque Tatiana não era pra mim, porque meu verdadeiro amor ainda estava por vir, a minha Evelyn, princesa linda, que nasceu pra me amar e eu nasci para amá-la, mas não vou correr o mesmo risco, não vou cometer o mesmo erro.

Essa foi a primeira versão que Damon narra, pra vocês saberem o que ele sente a respeito de tudo. Digam que amam o Damon, digam... 😻😻😻

DemonsOnde histórias criam vida. Descubra agora