( Christopher. 2 anos atrás..)
- Amor você está bem? - pergunto discretamente a Ana que parece estar no mundo da lua - o que houve?
- Nada, meu bem. - coloca a mão sobre meu rosto. Ela esta muito estranha nos últimos dias, chora o tempo todo, não sei mais o que fazer para tentar anima-lá. Raymond até nós convidou para jantar em sua casa na tentativa de entreter-la, mas ainda sim ela continua estranha.. - Só preciso usar o banheiro.
- Então vá antes que Raymond peça para servirem a sobremesa. - ela sorri de lado. Como eu queria adivinhar o que se passa em sua mente e absorver todos seus problemas para que assim
ela possa curtir a gravidez. Estou cansado de a ver chorar pelos cantos, sinto o medo em seu corpo, o receio.. tudo nela parece uma grande confusão.- cara, o que deu na Ana?- olho para Raymond ainda distraído. - ela parece triste.
- A gravidez sempre deixa as mulheres sentimentais meu amor. - Rosane sorri mas sei que no fundo ela também esta preocupada, Rosane sempre foi uma grande amiga tanto para mim quanto para Ana. - não vamos pertuba-lá com nossos receios.
- Tem razão. - digo em seguida. - mas temo por ela e temo por nosso filho. - olho em direção as escadas me certificando de que a mesma não esta vindo.- estou com um mal pressentimento à dias.
- Não se preocupe.. - Raymond afirma mais para ele do que para mim. - Talvez seja apenas fruto da sua mente.
- Espero que sim ..
- vamos falar de coisas boas agora - Rosane sorri - qual vai ser o sexo do bebê?
- É um menino- foi praticamente impossível conter a emoção.
- te conhecendo como eu conheço. - Raymond ri. - vai ser o tipo do pai babão!
- sei que é cedo mas não vejo a hora de ver sua reação quando ele aparecer com a namoradinha- Rosane ri puxando um trio de risos.
-meu filho será do mundo.- respondo entre risos.
Nossas risadas foram interrompidas bruscamente por um estrondo, meu corpo inteiro fica tenso. Assim que me viro em direção às escadaso o pavor me domina.
- ANA! - corro em direção ao seu corpo agora caído no chão. - aí meu Deus. você está bem?- seus olhos semi fechados me olham. - me responda por favor. - suplico em seu ouvido.
- Me desculpe.. - as falas saem de sua boca com tamanha dificuldade.
- vou chamar a ambulância. - Rosane corre em direção ao telefone.
- Não vai dar tempo. - Raymond anda de um lado para o outro procurando alguma solução.- ela caiu de barriga.. - Ele então me olha assustado.
- Meu filho! - Pego Ana no colo. Ela me olha aturdida mas não reage. - Ligue o carro!
Desajeitadamente carrego o corpo de ana até o carro e Raymond o liga apressado. Nós quase nunca damos valor ao tempo mas em siatuações como está o tempo é crucial, elê pode salvar ou matar uma vida, mas por sorte hoje é domingo o que resulta em ruas sem trânsito, assim que chegamos no hospital uma enfermeira a coloca em uma das marcas e a leva para ala de emergência. Queria entrar com ela. Ver como Ana e meu bebê estavam, mas a enfermeira não deixou. Disse que apenas os pacientes entravam na sala de exames. Então eu fiquei ali paralisado em frente à porta branca. Esperando o médico me dizer que estava tudo bem, que minha esposa e meu filho estavam bem.
Duas horas se passaram e nada. Ninguém passava por aquela maldita porta! Neste exato momento eu desabei no chão, não contendo mais as lágrimas, me entregando de bandeja ao medo.
- Ei cara.. - Raymond e Rosane se sentam ao meu lado. Naquele piso gelado.- vai dar tudo certo.
- mas e se não der? - ele me olha inseguro mas não se arrisca a dizer nada. O doutor passa pela porta, meu coração dispara. Em um pulo me levanto e vou em sua direção. - como ela está doutor?
- achei melhor deixar sua esposa em observação apesar dela aparentar estar bem, mas o bebê..- ele então abaixa o olhar. E eu instintivamente sei o que ele vai dizer, dizem que somente as mães carregam uma ligação inexplicável com seus filhos, mas naquele momento eu senti algo se apagar dentro de mim. Levando junto a minha felicidade.- Ele não resistiu.
E então olhando para trás, há poucas horas atrás.. o choque foi grande, tudo parece não fazer sentindo. Isso só pode ser um pesadelo. Logo, logo eu acordo e lá vai estar Ana, ainda grávida, ainda carregando minha pequena vida em seu ventre. Tudo isso não passa de um pesadelo!
- Eu sinto muito.
- Eu.. Posso ver minha esposa? - minha voz quase não sai.
- Claro. Ela esta na primeira sala a direita. - ele me olha triste. Não deve ser fácil dizer a alguém que seu filho morreu antes mesmo de ver a luz do dia. Deve ser horrível notificar a morte de um filho e ver qual será a relação do pai ou da mãe, mas a dor dele nunca será tão grande quanto a dor de ser o pai desta criança.- ela deve estar sonolenta pois foi medicada a pouco tempo.
- Obrigado.- vou em direção a porta. A cada passo ela parece mais distante, mas quando enfim chego percebo que no fundo eu não queria entrar, entrar ali contretizaria tudo o que houve, contretizaria a morte do meu filho. Tento imaginar em minha mente como ele seria, o sorriso do pai, os olhos da mãe, uma junção de nós dois, a obra prima do nosso amor. Ele seria perfeito, ele seria amado. É tremendamente horrível pensar que tudo não vai passar do "seria".
Quando em fim criei coragem para abrir a porta. vi Ana, o amor da minha vida. Mas algo nela estava diferente, a luz que tanto me guiou agora esta apagada, seus olhos repletos de vida agora estão opacos, ali esta uma nova Ana, e mesmo estando ali por cinco segundos eu já sentia falta da minha antiga Ana. A mulher a quem pedi a mão em noivado. E dentro de mim tudo dizia que ela nunca mais iria voltar.
- Como você está? - Sento-me na poltrona ao seu lado.
- Nosso filho.. - As lágrimas brotam em seus olhos. Ali estava, aquela era a prova de que nada disto é apenas um pesadelo. Tudo é assustadoramente real. - me desculpe.
- A culpa não foi sua, meu amor.- tento sorrir mas dentro de mim nada se esforça para isto. A dor é grande demais - foi um acidente.
- Você não entende - ela vira o rosto me impedindo de a ver. - não foi um acidente.
- você está sobre os efeitos dos remédios. - viro seu rosto com minha mão, preciso olhar em seus olhos - não sabe o que diz.
- eu estou mais do que lúcida. - seu rosto se deita suavemente sobre minha mão. - a dor nos deixa lúcidos Christopher.- olho para ela ainda confuso. não sei o que está acontecendo. - não foi um acidente..
- O que?..
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O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)
Romance"mesmas histórias mesmos finais" Beatriz, uma garota repleta de mágoas vê sua vida virar de cabeça pra baixo assim que conhece Christopher, um garoto repleto de enigmas, com uma armadura impenetrável, mas que em seu coração carrega uma história da q...