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A cada dia que passa mais eu me sinto desolada, sempre temendo o pior, a verdade é que tenho muito medo de perder Christopher, temo que ele não acorde desse maldito coma. A cada dia eu o odeio mais, o odeio por não ter ao menos dito adeus. Será que sou assim tão insignificante para ele? Sei que estou sendo dramática, que ele está apenas em coma. Não que isso me tranquilize. Mas pelo menos existe uma grande possibilidade dele acordar. Mas e se não tivesse? E se não tivéssemos chegado a tempo de socorre-lo? Ele estaria.. morto! E teria me deixado sem nem ao menos se despedir de mim, de todos que o amam. Como ele pôde ser tão egoísta? Mas apesar de toda essa confusão, eu não vejo a hora de o ver acordar, de o ver sorrir mais uma vez. Estou com saudades daquele imbecil.

A mãe e a avó de Chris vieram lhe visitar no hospital. Infelizmente não tive a oportunidade de estar presente - uma hora ou outra eu teria de sair daquele lugar- segundo Ray elas pareciam muito tristes mas ainda sim confiante de que tudo daria certo. Queria eu ter essa confiança. Mas não tenho eisso é ainda mais desesperador.

- Beatriz.- liv me desperta de meus pensamentos.-seu prato já deve estar frio.

Liv sempre foi meu porto-seguro, tenho isso em mente, mas nas últimas semanas ela tem sido bem mais que isso, ela se tornou meu tudo. Ela quem me ajuda a me manter de pé.

- Não estou com fome.- apoio meus cotovelos sobre a mesa.

- Você tem que comer, bea. - ela me analisa. analisa minha alma e toda a aflição que nela fincou. - sei que está triste e preocupada mas se você ficar doente não poderá ser de grande ajuda não acha ? - faz bico. Apelona de merda! - você não quer estar em puro osso e desnutrida quando Christopher acordar, não é?

- Fica quieta. - um riso miúdo sai de meus lábios. Só liv tem a capacidade de me fazer rir em circunstâncias tão ruins. - eu vou comer um pouco mas não para agradar Christopher e sim porque não quero ficar ainda mais magra do que sou.

- Já é estranha demais assim.-  olho para ela perplexa.-brincadeira, meu amor.

- se não estivesse tão mal encheria de tapas e socos essa sua carinha de boneca!

Para minha surpresa minha mãe me telefonou esta tarde, parece que mais uma vez Liv não soube guardar a língua dentro da boca, mas entendo que esse foi apenas um sinal de preocupação.

- Sinto muito pelo seu amigo.- diz com sinceridade - pelo visto você se importa muito com ele.

- é, eu acho que sim. - a verdade é que me importo muito. - vai fazer dois meses que ele está nessa situação.

- isso deve ser dilacerador - Ela tosse e então muda o rumo da conversa- creio que não irá ao casamento de sua irmã então.

O casamento de Sophia nem ao menos me passou pela cabeça, ela já havia adiado mês passado com certeza não irei pedir para que adie novamente. Mas também não posso estragar sua noite com minha tristeza, de fato seria bem melhor que eu não fosse. Sophia com certeza irá entender.

- Acho que não, mamãe. Quando tudo passar eu marco um jantar aqui em casa para os pombinhos.

- você esperar eu terminar de falar, alberto?- escuto uma voz ao fundo. Impossível não reconhecer a voz de meu pai. Cheia de alegria. Sinto falta de o ter por perto e de minha mãe também, ainda mais agora com toda esta turbulência. - filha teu pai quer falar contigo.

- tudo bem. - digo um pouco mais alegre - Oi papai.

- Oi minha filhinha como vão as coisas? - minha mãe lhe "cochicha": o garoto que ela gosta está em coma. O que você acha?. Meu riso sai automaticamente. A estupidez vem da família. - acho que não estou apar dos detalhes. E o Stuart?

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Onde histórias criam vida. Descubra agora