Capítulo 1 - Um Puro Sangue

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Quando nasci minha mãe Aurora faleceu, meu pai sofreu por muito tempo mas continuou firme para cuidar de mim, meus avós maternos voltaram para o mundo deles e enterraram minha mãe lá, já meus avós paternos estão morando comigo e meu pai. Completei dezesseis anos à dois meses e o nome que minha mãe me deu foi pela razão de minha aparência, Branca de neve, meu pai fala que meus olhos negros e meus lábios vermelhos vieram do sangue das espadas, eu não me importo muito para essa historia, sempre pareceu histórias para crianças dormirem, mesmo que eu já tenha ido para o mundo de minha mãe, mas meu pai sim.

-Pronto filha? - meu pai pergunta quando pego minha mochila.

-Vai me levar hoje? - falo me aproximando dele que estava na porta do apartamento.

-Sim e não se esqueça de procurar por um puro sangue... - aquele olhar novamente, ele tem medo de que me torne a Dama neste mundo.

No caminho para a escola fui pensando quais seriam as características de um puro sangue. Eles são bons em física e biologia, gênios na tecnologia e muito ariscos, seria difícil me aproximar de um, por ser a última eu teria que me apaixonar por um puro sangue para que a maldição acabe de vez, mas cá entre nós, o coração geralmente não obedece o cérebro certo?

-Te busco na saída. - meu pai quase grita quando saio do carro, acabo sorrindo e assenti, ele é o cavaleiro negro e quem conhece a historia de meus pais, sabem que sofreram por causa da maldição da qual e carrego.

Entrei pelo grande corredor, muitos me observavam, pela razão do conto A Branca de Neve sofro, fazem piadas e joguinhos comigo, minha avó sempre fala "se soubessem do que é capaz, nem ousariam olhar para você". Quero um dia me tornar como ela, forte e inabalável. 

Andei até minha sala, que por sinal estava vazia e escolhi a última carteira, já estamos no final de novembro, as ferias estão chegando e vou poder passa-las com meus avos maternos, naquele castelo gigante. Meu pai não gosta muito quando vou, pois tem medo de meus poderes por ser a última e não possuir a espada.

O sinal toca e a turma entra como sempre em correria pois hoje nossa professora de química dava a primeira aula do dia.

-E ai Branca? A neve vai cair hoje, ou vai ficar ensolarado? - um dos que adoravam me irritar já começa. Meu sangue sempre ferve quando zombam do meu nome e dessa vez eu estava diferente, acabei fechando o punho e cima da mesa.

-Não ligue para ele! - ouço uma voz ao meu lado direito. Olho e vejo um rapaz loiro, olhos claros, rosto bonito e usava óculos, o nerd e o que mais se afasta de todos. -Uma Dama como você com poderes e qualidades tão fortes não precisa se rebaixar a tanto, deixe que depois alguém vai se vingar dele, fique tranquila. - levantei uma sobrancelha.

-Mas bem que merecia um soco no nariz... - Ele riu e olhou para o traste que havia zombado de mim.

-Sim, mas não daria muito certo na frente de pessoas do mundo real... - Ele pisca e volta para seu lugar me deixando encabulada. Como assim pessoas do mundo real? Será que ele sabe quem sou? 

Fitei-o por um tempo, sobre a história de minha família muitos sabiam, na verdade a parte de meus avós, pois foi transformado em teatro e livro também, mas nunca sequer brincaram com isso comigo, nenhum tipo de piadinha.

-Meninos! - minha professora fala me trazendo de volta e todos se viram para ela. -Ultima prova, mesmo que eu ache que vocês deveriam fazer teste todos os dias, mas não sou eu que mando... - há suspiros de alivio pela sala inteira por ela não poder aplicar provas em todas as suas aulas. -Cadernos para baixo, caneta, lápis e borracha em cima da mesa, não devem rabiscar minha folha se não tiro ponto, hoje entregarei uma folha onde responderão as questões e me entregarão junto com a minha.

Ela me entrega sua folha e a folha de resposta, fiz a prova rapidamente, sempre fui boa nessa matéria, reações químicas sempre me encantaram. Entreguei a folha e fui dispensada, fui para o pátio escutar música, é a única coisa que consigo fazer e me sinto bem.

Senti alguém me tocar nas costas e me viro, encarando o rapaz da sala que falou agorinha a pouco comigo.

-Achou a prova difícil Branca? - ele fala ajeitando seus óculos, sua altura me fazia olhar para cima para responder, sempre achei que ele era mais velho que eu, mas os professores sempre disseram que sua idade era a mesma que a maioria da sala, então nunca contestei.

-Na verdade não, sempre fui boa nessa matéria. - ele sorriu e ajeitou os óculos que teimavam a sair do lugar.

-Uma Dama sempre é boa nessa matéria. - ele me chamou de Dama novamente, tenho que saber a razão. Meu celular toca e era meu pai.

-Oi pai...

-Você conhece algum rapaz chamado David?

-Não, porquê? - O rapaz prestava atenção no que eu falava.

-Ele é puro sangue e estuda na sua sala, os pais dele virão em casa hoje, para vocês se conhecerem...

-Pai! Você sabe o que penso disso...

-Mas você tem que pelo menos conhece-lo filha...

-Ta pai, nos vemos daqui a pouco.

-Beijo

-Outro pai. - Deligo o telefone e o menino somente me observa.

-Tudo bem? - ele pergunta com um olhar preocupado.

-Sim. - sorrio e ele continua sério.

* * * * * * * *

Eu estava no sofá do nosso apartamento, Bule e Relógio estavam terminando de ajeitarem a mesa e estávamos esperando os pais do puro sangue.

-O que houve Branca? - minha avó Bela se senta ao meu lado, seus olhos negros atenciosos me olhavam com preocupação, mesmo depois de anos, ela não parecia ter envelhecido.

-Eu não gosto disso vó. - ela sorriu e segurou minhas mãos.

-Eu te entendo, eu também não gostaria que me apresentassem alguém com quem querem que eu me apaixone... - ela deu uma pausa, e sorriu de lado. -Eu mexi meus pauzinhos minha linda... - pelo o que eu a conhecia, ela devia ter feito algo, pois seu sorriso era de orelha a orelha. -Você escolherá o homem que seu coração se apaixonar... - ela se aproxima. -E não pelo o que seu pai escolheu.

-Amo quando mexe seus pauzinhos... - falei involuntária, ela sorriu e me puxou em um abraço.

-Pelo jeito ela já te contou sobre suas arrumações. - meu avô aparece atras do sofá e se curva me dando um beijo.

-Eles chegaram senhor Felipe. - Relógio fala a meu pai que estava saindo da cozinha em direção a sala.

-Obrigado Relógio.

Finalmente eu saberia como é um puro sangue de verdade.

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Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas.

bjs

Me Apaixonei pelo Puro Sangue - Voltando a publicar por pedidos!Onde histórias criam vida. Descubra agora