Capítulo 3 - O Inconsciente

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Minha cabeça começou a latejar, eu ouvia vozes e mais vozes, vi homens e mulheres se posicionando a minha volta, todos tinham lanças, espadas e estavam vestidos como guerreiro. Eles estavam ali para se precisassem me conter, o sino tocou novamente e me agachei com as mãos na cabeça.

O sino parecia um martelo na minha mente eu não conseguia me manter em pé quando ele tocava. A cada vez que eu tentava me levantar, uma dor forte me atingia e eu voltava a me agachar. Então um silêncio surge no local e meu corpo e minha cabeça se acalmam.

-Se levante! - ouvi a voz de alguém, olho para cima e vejo uma mulher alta, cabelos loiros e muito branca, usava um vestido prata que cobria seus pés e seus olhos chamavam atenção pois eram negros como a noite.

-Quem é você? - me levantei um pouco melhor e todos me olhavam.

Sua presença fazia todo o local ficar silencioso, parecia que somente nós duas estávamos ali.

-Meu nome é Nimbus, sou a serva de sua avó Bela, mas como nunca precisaram de mim, então minha lealdade passa para as gerações, vejo que vai necessitar de minha serviços e conhecimento. - ela sorri pegando meu colar que havia caído no chão. -Nunca retire isso e poderá aprender a controlar seus poderes até poder nunca mais usa-lo. - ela coloca a corrente em meu pescoço e uma luz forte a cobre, fazendo sua imagem sumir.

Sinto meu corpo relaxar, um cansaço toma conta de mim, meus olhos começam a se fechar até que tudo fica escuro.

* * * * * * *

Acordo devagar e ouvindo burburinhos, abro meus olhos e vejo o senhor que estava com a adaga ao meu lado esquerdo, olho para o outro lado e vejo David me fitando enquanto escuto pessoas falando, Lucio a minha frente fitando a rosa de meu colar.

-O que aquela mulher fez com o seu colar? Essa rosa não era negra? Ela esta branca! - Lucio fala com as sobrancelhas levantadas e fazendo careta tentando decifrar o que havia acontecido.

Naquele momento me lembrei de Nimbus e sua historia contada por minha avó, ela era um peixe que virou sua serva depois de Bela ter contado sua historia e recebido a concha branca por ela.

Peguei o colar e vi o pingente branco, olhei para o senhor.

-Saiam! Me deixe sozinha com a menina! - o senhor fala com autoridade, todos abaixaram a cabeça e saíram.

Me sentei apertando o pingente nas minhas mãos, o lugar parecia uma tenda, havia estacas segurando tudo.

-Tudo bem Branca? - sua voz era calma e me lembrava meu avô.

-Já estive melhor! - falei involuntária.

Ele tinha uma barba branca e cabelos brancos, seu olhar passava segurança e autoritarismo ao mesmo tempo, suas vestes eram de um guerreiro, ele carregava duas espadas com ele.

-Tome isso! - sua mão se abre mostrando o punhal que eu havia visto mais cedo.

Ele coloca em minhas mãos e sinto como se aquilo fosse parte de mim, eu sentia o que o punhal sentia, a temperatura, meus dedos segurando o objeto e uma vibração me era perceptível.

Ele era feito de prata e havia uma frase escrita da qual eu não sabia, virei e vi meu nome, Branca - A última.

-A corrente... - me lembrei da cena em que a corrente trás o punhal para mim.

-Sim, a dama queria isso. - ele se senta na minha frente e me olha por inteira.

-Então não posso ficar com ele. - tento devolver mas ele se afasta.

-Agora é seu e ele já te conheceu e obedecerá somente a ti. - seu olhar me mostrava sinceridade.

-O pingente ficou... - tento falar novamente.

-Fazia tempo que eu não via um servo do tempo. - ele sorriu olhando para o nada e me fitou logo em seguida. -Fique tranquila, ela congelou o seu coração para que sua mente ficasse livre para o controle de seu corpo.

-Mas qual a razão de congelar o coração? - ele sorriu.

-As vezes o coração precisa ser afastado para que o cérebro funcione minha menina. - me lembrei de meu avô naquela última frase. -Se levante, temos que fazê-la reconhecer seu punhal. - ele sai da tenda.

Me levantei devagar e toquei meu colar, alisei a lâmina do punhal e senti uma vibração de resposta, era como se eu o escutasse, mas ainda não conseguia distinguir as palavras com clareza.

Caminhei para fora da tenda e vi que já estava de noite, Lúcio, David e o senhor estavam conversando, o sino estava coberto por um pano que tocava o chão, havia tochas espalhadas pelo local para podermos ver com mais clareza.

-Venha Branca. - o senhor faz um gesto e me aproximo.

-Olá! - Lúcio faz um sinal com a cabeça.

Correspondi e olhei David, ele estava sério e olhando fixo para o senhor. Parecia estar querendo se afastar de mim.

-Primeiro você precisa trocar de roupa! - o senhor fala e vejo Lúcio trazendo roupas de um guerreiro.

-Onde...

-Você se trocará aqui! - David me olha sério dando um passo para frente.

-Na frente de vocês? - O senhor e Lúcio caem na risada, fito David que tranca o maxilar.

-Parem de rir! - David foi autoritário e ríspido. Os dois se olham e respiram fundo tentando parar as risadas.

-Sua primeira lição: Aprender a se trocar. - Lúcio pendura as roupas em um tipo de varal enquanto o senhor falava comigo. -Decore bem os detalhes da roupa e se imagine nela...

-Fácil assim? - David me olhou bravo.

-Se acha tão fácil, então faça agora! - seu tom de voz me deu calafrios, ele parecia não querer ser gentil.

Olhei a roupa pendurada, respirei fundo e fechei os olhos, mas um pensamento surge de quando eu era pequena e minha avó me falava do dia em que se casou com meu avô, me lembrei do vestido de noiva perfeito que eu havia gostado tanto.

-Planeta terra chamando! - sinto um cutucão no braço direito e abro os olhos, vejo o senhor com a sobrancelha esquerda levantada.

-O que foi? - olho David e ele me olhava sorrindo, achei esquisito, agora pouco ele estava bravo.

Olhei para o Lúcio e ele também sorria, sinto-me mais leve e uma brisa passa por mim me fazendo sentir um tecido balançar, olho para baixo e vejo que estou vestida com um vestido branco longo, corte que mostrava minha perna direita inteira até minha coxa, decote pequeno e senti minhas costas nuas, provavelmente tinha decote atrás que mostrava minhas costas inteira, era colado ao meu corpo definindo minha tronco.

-Uau! - Lúcio fala levantando as sobrancelhas. -Enxuga a baba David! - Fito-o vendo que fica vermelho.

-O que? - David olha Lúcio e caímos na risada. Ele fica mais vermelho a cada vez que me fita.

-Mas não era para eu colocar aquilo? - apontei para a roupa pendurada.

-Sim, mas algo é mais importante para você do que isso que está havendo aqui e agora, não é? - o senhor fala olhando minha roupa.

-Minha família... - ele nega.

-Não é disso Branca que estou falando! - o senhor retira a roupa do varal e joga longe.

-Então do que... - ele me corta novamente.

-Ainda está no seu inconsciente, mas agora você precisa reconhecer o punhal. - ele toca minha costas e indica um caminho de tochas que levava para dentro da floresta. -Vamos? - respirei fundo procurando pelo olhar de David que me fita e assente, me passando segurança.

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Talvez somente segunda eu poste novamente.

Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas.

Bjs

Me Apaixonei pelo Puro Sangue - Voltando a publicar por pedidos!Onde histórias criam vida. Descubra agora