Vizinha

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    Quem não tem aquela vizinha insuportável, daquelas que você torce pra não encontrar na rua e as crianças morrem de medo? Bem, não é por nada não mas eu sou uma delas... Nem faço nada, nos meus 80 anos de vida nunca fiz mal à uma mosca, só que coisas ruins acontecem a quem entra nos meus domínios.
    Por exemplo, se eu digo pra não entrar no meu quintal colher limões não entre, vai por mim, vai dar ruim real, como os jovens dizem hoje em dia. Se entrar comigo ou com minha expressa autorização nada vai lhe acontecer, se insistir no contrário aguente as consequências!
    E que consequências seriam essas? Bom, pra você poder entender melhor tenho que contar a história da minha família, tudo começa numa tarde fria e chuvosa:
    Minha bisavó cometera o erro básico de todas as mulheres antes dela, confiar num homem! Erro esse que lhe rendeu uma ameaça a sua vida, depois de saber que o homem em questão não a desposaria ela bem que desejou a própria morte, só não poderia se dar a esse luxo pois trazia no ventre a consequência desse erro, aquela criança inocente tinha que nascer!
    Como ela poderia saber que o grande amor de sua vida, o dono de seus sonhos, o que lhe jurava amor eterno só a estava usando? Como entender que se ela passasse uma noite sequer em sua cama fazendo aquelas coisas que ele pedira estaria selando a própria sorte? Ninguém nunca lhe ensinara sobre tais coisas, eram assuntos que só os homens conheciam.
    Então ela subornou o menino que cuidava dos estábulos pra poder levar o cavalo que ganhara de presente no Natal passado, o tempo de sua inocência, quando ela acreditava na bondade humana... Tinha quinze anos e mesmo tão jovem já entendia o amor que se tem por um filho, ele ou ela haveriam de ser muito felizes.
    Beijando sua medalha de São Jorge, santo do qual era devota desde sempre, ela partiu numa fuga desesperada, seus irmãos nem suspeitavam do seu estado e eram por assim dizer, inflexíveis no tocante ao comportamento feminino...
    Durante a oração ela pediu proteção para ela e os seus, que sua capa e espada sempre estivessem consigo. Sua devoção era pura e verdadeira e ele nunca a deixara na mão, nos momentos mais sombrios de sua vida ele mostrou sua força!
    Quando durante o trajeto ela sentiu as forças lhe deixando ele veio ao seu socorro, um homem com capa de chuva vermelha e espada na cintura a conduziu à uma cabana aconchegante, o fogo crepitava na lareira e a sopa fervia na panela.
    No dia seguinte ao acordar e se ver sozinha ela seguiu seu caminho, parando numa pousada onde fora acolhida e recebeu toda a atenção necessária sua jornada chegara ao fim. Algum tempo depois ela procurou aquele homem de capa sem nunca encontrar, mesmo a cabana em questão parecia ter sumido do mapa.
    "Hei, epera aí, o que tudo isso tem a ver com coisas que acontecem no seu quintal?" Muitos devem estar se perguntando, bem, pessoas que entram aqui sem autorização sempre saem tomados de um terror tão grande que muitas ou enlouquecem ou perdem a voz pra sempre. Deve mesmo ser assustador ver um homem com trajes da Idade média, tipo, capa e espada rondando o local.

   

Oi gente, voltando das férias agora, só que não, kkk. Desculpem a demora. ❤

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