Capítulo 43 (Parte II)

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Sua cabeça estava doendo e seu corpo parecia que tinha sido vitimado por um caminhão de lixo porque era exatamente assim que a mulher que se mexia a cama, se sentia: como um pedaço de papel velho que foi amassado de todas as formas e jogado ao lixo, como que sem importância alguma.

Os olhos de Ashley demoravam para abrir por mais esforço que fizesse. Sua cabeça, por Deus, sua cabeça estava tão dolorida que ela não conseguia repassar ou relembrar o momento que a chocara contra algum objeto duro porque essa era a única explicação plausível para tamanha dor; E um som. Um som surgia de algum lugar porque se infiltrava pelos labirintos de seus tímpanos e ganhava caminhos que chegavam a seu cérebro e a faziam ficar tão irritada, mas tão irritada que tatear seu braço pelo criado-mudo era o único movimento que conseguira fazer, até ouvir o barulho de algo quebrando, algo como uma caneca, talvez, e murmuro rouco de alguém que se incomodara com aquilo mas não o suficiente para acordar e repreendê-la.

Dane-se, pensou, só queria fazer aquele estúpido som parar e ele só parou quando pegou seu iPhone em mãos e o atendeu, sem educação alguma, prestes a xingar a pessoa que ousava acordá-la àquela hora da manhã. Aquela bendita e péssima hora da manhã porque, vamos lá, ninguém dormia naquela cidade? Aliás, ninguém parecia saber o valor precioso de um sono quando se está com dor e a única coisa que se sente vontade de fazer, é dormir.

Mas acontece que, Ashley não tem noção de que não há ninguém, além dela, que ela conheça, que esteja com tamanha ressaca para estar dormindo as quatorze horas da tarde. Quatorze horas da tarde!

E foi com essa bela informação que Izak Rappaport disparou a falar, fazendo com que a loira afastasse o aparelho telefônico de seus ouvidos e se escondesse debaixo do edredom que dividia com um Tyler tão desacordado quanto ela própria gostaria e desejaria tanto, estar.

- Você esqueceu completamente que tínhamos um encontro, não é? Ashley, juro, juro que quando te encontrar, eu vou querer pegar esse seu lindo pescoço e apertá-lo, apertá-lo tanto que você vai implorar por misericórdia, implorar por socorro, vai implorar para...

- Tudo pelo que imploro agora é por um Advil! Estou prestes a morrer, Izak.

- Ah, querida, você vai, você vai quando eu te encontrar.

- Por favor, fala mais baixo.

- Como você está falando? Por acaso está em momento de coito?

- Coito? Quê? O que é isso?

- Não se faça de santa, eu sei muito bem que você sabe o que é isso!

- Não estou entendendo, juro.

- Pode falar mais alto, porra? Não estou te ouvindo.

Sim, ela estava falando baixo porque não desejava acordar o rapaz ao lado, tampouco gostaria de se levantar porque além de estar frio, estava sem condição alguma se de por em pé.

- Não posso.

- Não pode o quê? Ashley, onde você está?

- Em casa?

- Em casa? Não me diga que você está em Los Angeles!

Riu pela má interpretação do amigo e tratou de uma vez por todas criar algum tipo de coragem para se reerguer.

Pena que isso lhe obrigou a fazer um esforço exagerado que só resultou em mais dor, mais tontura, mais dor outra vez e fome, hum, uma fome inacreditável.

- Estou em Nova Iorque, seu idiota.

- Ah. Que susto.

- O que você quer me ligando uma hora dessas?

Nobody Compares - Find a way. (2º Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora